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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Relator da CPI da Petrobras recebeu quase R$ 1 milhão de empresas investigadas na Lava-Jato

Luiz Sérgio, do PT, teve 40% de sua campanha bancada por empreiteiras


Escolha de Luiz Sérgio foi fruto de acordo entre PT e PMDB - Gustavo Lima/Agência Câmara/26-2-2014

BRASÍLIA - Escolhido para ser o relator da CPI da Petrobras, o deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) teve 40% das despesas de sua campanha do ano passado bancada com recursos de quatro construtoras envolvidas no escândalo de corrupção investigado na Operação Lava-Jato. Ele recebeu R$ 962,5 mil das construtoras Queiroz Galvão, OAS, Toyo Setal e UTC. Em depoimento de delação premiada, o executivo Augusto Mendonça Neto, da Toyo Setal, disse que parte da propina do esquema era depositado na conta do PT, como doação legal.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Relator da CPI da Petrobras isenta Lula, Dilma, Graça e Gabrielli

O relatório final da CPI da Petrobras afirma que a estatal foi vítima de um cartel de empreiteiras, “com a cumplicidade de alguns maus funcionários”, e que houve “motivações de natureza pessoal” nos crimes cometidos. O texto do deputado Luiz Sérgio (PT-RJ) faz críticas à Operação Lava Jato, não cita pedidos de indiciamento e afirma que “não há menção sobre o envolvimento dos ex-presidentes da Petrobras José Sérgio Gabrielli e Graça Foster ou de ex-conselheiros da estatal, como a presidente Dilma Rousseff”, nem do ex-presidente Lula.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Na CPI da Petrobras, Youssef acusa aliado de Cunha de tentar intimidá-lo

Petrolão Pedro Ladeira/Folhapress
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa (esq.) e o doleiro Alberto Youssef (dir.) na CPI
O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa (esq.) e o doleiro Alberto Youssef (dir.) na CPI

Durante acareação na CPI da Petrobras nesta terça-feira (25), o doleiro Alberto Youssef acusou diretamente o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), aliado do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de o estar intimidando e pressionando sua família. 

Youssef e deputado aliado de Cunha que o estaria ameaçando batem boca na CPI 37

  O doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da operação Lava Jato, acusou nesta terça-feira (25) o deputado federal Celso Pansera (PMDB-RJ) de usar a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras na Câmara dos Deputados para o intimidar. "Vossa excelência insiste em me intimidar, em desvirtuar a situação", disse.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

O que o dono da UTC sabe é dinamite pura

SISMO - Preso há três meses, o engenheiro Ricardo Pessoa tenta conseguir um acordo de delação premiada com a Justiça para revelar o que sabe sobre o escândalo da Petrobras
SISMO - Preso há três meses, o engenheiro Ricardo Pessoa tenta conseguir um acordo de delação premiada com a Justiça para revelar o que sabe sobre o escândalo da Petrobras (Marcos Bezerra/Estadão Conteúdo)

Muito se discute sobre as motivações que um empreiteiro há três meses preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba teria para contar o que sabe — não por ter ouvido falar, mas por ter participado dos eventos que está pronto a levar ao conhecimento da Justiça. O engenheiro baiano Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, tem várias. A primeira, evidente, é não ser sentenciado pela acusação de montar um cartel de empreiteiras destinado a fraudar licitações na Petrobras, quando a festa pagã de que ele tomou parte na estatal foi organizada pelo PT, o partido do governo. A segunda, também óbvia, é atrair para o seu martírio o maior grupo de notáveis da política que ele sabe ter se beneficiado das propinas na Petrobras e, assim, juntos, ficarem maiores do que o abismo — salvando-se todos. A terceira, mais subjetiva, é, atormentado pela ideia de que tudo o que ele sabe venha a ficar escondido, deixar registrado para a posteridade o funcionamento do esquema de corrupção na Petrobras feito com fins eleitorais. Antes dono de um porte imponente e até ameaçador, Pessoa está magro e abatido. As acusações de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa que pesam sobre ele poderiam ser atenuadas caso pudesse contar, em delação premiada, quem na hierarquia política do país foi ora sócio, ora mentor dos avanços sobre os cofres da Petrobras.

“Vou pegar de noventa a 180 anos de prisão”, vem dizendo Ricardo Pessoa a quem consegue visitá-lo na carceragem. Foi com esse espírito que fez chegar a VEJA um resumo do que está pronto a revelar à Justiça caso seu pedido de delação premiada seja aceito. A negociação com os procuradores federais sobre isso não caminha. Pessoa reclama que os procuradores querem que ele fale de corrupção em outras estatais cuja realidade ele diz desconhecer por não ter negócios com elas. Já os procuradores desconfiam que Pessoa está sonegando informações úteis para a investigação. O impasse só favorece o governo, pois o que Pessoa tem a dizer coloca o Palácio do Planalto de pé na areia do mar de escândalos.     

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Desvio da Repar pode chegar a R$ 89,5 milhões

Marcelo Andrade / Gazeta do Povo / A Repar, em Araucária: obras na refinaria teriam servido para engordar o caixa do PT 
 A Repar, em Araucária: obras na refinaria teriam servido para engordar o caixa do PT  

Escândalos na Petrobras

Metade desse valor teria engordado os cofres do PT. Detalhes estão na planilha com cerca de 87 contratos que o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco entregou à Justiça

Pelo menos R$ 85,9 milhões teriam sido desviados de obras da refinaria Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, para pagamento de propina. Metade desse total, ou cerca de R$ 43 milhões, teria servido para engordar os cofres do Partido dos Trabalhadores (PT).

Os detalhes constam da planilha com cerca de 87 contratos que foram alvo de corrupção que o ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco entregou à Justiça quando fechou acordo de delação premiada. O documento, que estava sob sigilo, foi divulgado na quinta-feira (5).
PT nega acusações e fala em entrar na Justiça
A Gazeta do Povo não conseguiu entrar em contato com as empresas citadas na matéria até o fechamento desta edição. Em ocasiões anteriores, as empreiteiras negam irregularidades e afirmam que estão colaborando com as investigações.

Em nota, o PT afirmou que o “partido recebe apenas doações legais e que são declaradas à Justiça Eleitoral”. Ainda segundo o partido, as alegações de propina divulgadas esta semana “têm como principal característica a tentativa de envolver o partido em acusações, mas não apresentam provas nem sequer indícios de irregularidades e, portanto, não merecem crédito”. 

O texto termina dizendo que “os acusadores serão obrigados a responder na Justiça pelas mentiras proferidas contra o PT”. Também em nota, a defesa de João Vaccari Neto voltou a negar irregularidades e disse que “somente recebe contribuições legais ao partido, em absoluta conformidade com a Lei, sempre prestando as respectivas contas às autoridades competentes.”

A Petrobras foi procurada pela reportagem para comentar o assunto, mas também não respondeu até o fechamento desta edição. (AA)
Um dos operadores está foragido
Apontado como suposto operador do esquema da Lava Jato na BR Distribuidora e na Diretoria de Serviços da Petrobras, Mário Goes é considerado foragido da Justiça. Ele teve a prisão preventiva decretada na quinta-feira e até ontem não havia sido preso pela Polícia Federal. 

Outro operador do esquema, que tem contra si um mandado de condução coercitiva – quando precisa ir até a delegacia para depor –, também não foi localizado pela polícia até ontem.

Os mandados foram expedidos para a deflagração da nona fase da Operação Lava Jato. Durante as diligências, a polícia apreendeu 35 obras de arte, 518 relógios de luxo, cinco veículos, além de documentos e notas fiscais. A PF também apreendeu uma grande quantidade de dinheiro na sede da empresa Arxo, em Santa Catarina, mas até ontem o valor não havia sido divulgado. (Kelli Kadanus)
 
Os três contratos da Repar que aparecem na planilha foram fechados entre 2009 e 2010, com os consórcios Skanska/Engevix (formado pelas empresas de mesmo nome), Conpar (Odebrecht, UTC e OAS) e Interpar (Setal, Mendes Júnior e MPE). Eles somam, em valores globais, R$ 5 bilhões.

Organizado, o ex-gerente alimentava periodicamente a tabela relacionando os contratos fechados com a estatal, o porcentual que seria desviado, como o dinheiro seria dividido e o nome dos executivos tratados como “contato” nas empresas.

No caso da Repar, os três contratos teriam tido o mesmo tipo de divisão. Do total, 1% dos recursos iria para o ex-diretor da área de Abastecimento, Paulo Roberto Costa – que em seguida dividia o dinheiro entre ele, o doleiro Alberto Youssef e políticos do Partido Progressista (PP), segundo as investigações.

O outro 1% seria dividido entre o PT. Metade iria para João Vaccari Neto, tesoureiro do partido, e o restante para a “Casa”, em uma referência à diretoria de Serviços da Petrobras, comandada por Renato Duque, que foi indicado ao posto pelo PT, e pelo braço-direito Barusco.

O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou indícios de superfaturamento nos três contratos citados da refinaria paranaense. No caso do consórcio Skanska/Engevix, o sobrepreço foi rejeitado após as empresas apresentarem novos comprovantes. Nos outros dois, o processo ainda está em trâmite.

O documento de Barusco mostra contratos fechados entre 2003 e 2011, compreendendo os dois governos do ex-presidente Lula e o primeiro ano de mandato de Dilma Rousseff. Os acordos, no total, representam R$ 47,1 bilhões e US$ 12,92 bilhões.

Além da Repar, são elencadas outras 23 obras da Petrobras. Entram na lista as refinarias de Abreu e Lima, Paulínia (Replan), o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), além de gasodutos, plataformas e construções ligadas à exploração de pré-sal.

Os relatos de Barusco na delação premiada motivaram a última fase da Operação Lava Jato, batizada de “My way”, deflagrada na quinta-feira. Ele citou nomes e revelou que o PT teria recebido entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões em propina pelos contratos relacionados por ele. O dinheiro seria repassado inclusive em doações eleitorais.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Aldemir Bendine, do Banco do Brasil, é o novo presidente da Petrobras

Simon Plestenjak - 31.ago.12/Folhapress
Aldemir Bendine, que assume a presidência da Petrobras no lugar de Graça Foster
Aldemir Bendine, que assume a presidência da Petrobras no lugar de Graça Foster
O presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, foi escolhido pela presidente Dilma Rousseff para substituir Graça Foster na presidência da Petrobras. Bendine, Ele terá liberdade para formar equipe. 


Bendine esteve à frente do BB desde 8 de abril de 2009, em substituição ao então chefe do banco Antonio Francisco de Lima Neto. Ele foi escolhido para o cargo na gestão do ex-presidente Lula para reduzir os juros banco e o aumentar do volume de crédito. 


Na ocasião o mercado não gostou da mudança, e as ações do BB caíram 8,15% num dia em que a Bovespa subiu 0,82%. Investidores viram a troca como uma interferência do governo, que estaria insatisfeito com a demora do BB em reduzir suas taxas para estimular a economia e amenizar a crise de então. 


Nesta sexta-feira (6), a indicação de Bendine também não agradou; as ações da Petrobras desabaram mais de 6% após a indicação de Bendine. Ligado ao ex-presidente do PT Ricardo Berzoini, Bendine é funcionário de carreira do BB. 


FINANÇAS
 

Ivan Monteiro, atual vice-presidente de Finanças do Banco do Brasil, será o novo diretor financeiro da Petrobras, apurou a Folha. O cargo é chave para enfrentar a atual crise pela qual a petroleira passa. 


Na quarta (4), Graça Foster e outros cinco conselheiros pediram demissão do cargo. O Conselho de Administração da companhia está reunida na manhã desta sexta-feira (6) para escolher os novos nomes da diretoria. 


O conselho é composto por dez pessoas e é presidido por Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda. Ele está no conselho por indicação do acionista controlador, ou seja, o Tesouro Nacional –portanto, o governo. Os demais membros são conselheiros.

Graça Foster também participa. Confira os membros e quem elegeu cada um para ocupar o cargo:

  • Guido Mantega, eleito pelo acionista controlador

  • Maria das Graças Silva Foster, eleita pelo acionista controlador

  • Luciano Galvão Coutinho, presidente do BNDES, eleito pelo acionista controlador

  • Francisco Roberto de Albuquerque, eleito pelo acionista controlador

  • Márcio Pereira Zimmermann, secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, eleito pelo acionista controlador

  • Sérgio Franklin Quintella, eleito pelo acionista controlador

  • Miriam Aparecida Belchior, ex-ministra do Planejamento, eleita pelo acionista controlador

  • José Guimarães Monforte, eleito pelos acionistas preferencialistas

  • Mauro Gentile Rodrigues da Cunha, eleito pelos acionistas minoritários

  • Sílvio Sinedino Pinheiro, eleito pelos empregados

Dentre todos os problemas da Petrobras, o mais urgente nó a ser desfeito pela nova diretoria da Petrobras é publicação do balanço auditado com o lançamento das perdas decorrentes da corrupção. 


É crucial para a Petrobras ter o balanço auditado por dois motivos: sem o aval da auditora independente PwC (PricewaterhouseCoopers), a estatal fica em risco iminente de perder o grau de investimento para a sua nota de crédito e pode ter parte de sua dívida cobrada imediatamente, antes do vencimento. 


No dia 3 deste mês, a agência de risco Moody's deu 30 dias para a estatal publicar os dados, sob o risco de perder a nota de investimento. 


A Fitch também rebaixou a classificação de risco da Petrobras para o último passo antes de risco especulativo -muitos fundos não aplicam seus recursos em ações e títulos de empresas com essa avaliação. 


RENÚNCIA
 

A renúncia coletiva ocorreu após os diretores não aceitarem o cronograma definido por Dilma Rousseff para a mudança na direção da empresa. Dilma queria que eles ficassem até o fim do mês. 


Restou a Graça informar Dilma de que já não tinha condições de controlar os demais colegas de diretoria e que a mudança teria que ser antecipada para esta sexta. 


Ao contrário das negativas anteriores, desta vez Dilma concordou com a saída da auxiliar, de quem é amiga. A posição de Dilma só mudou depois que o Conselho de Administração da empresa divulgou, na semana passada, uma baixa em seus ativos da ordem de R$ 88 bilhões, fruto de desvios e ineficiência na execução de projetos.




O número acabou fora do balanço não auditado referente ao terceiro trimestre de 2014, mas enfureceu Dilma, que considerou a conta descabida e superestimada. Para ela, conforme definiram assessores, a sua mera divulgação foi um "tiro no pé." 


Na opinião de ministros, a chefe da empresa jamais poderia ter deixado que os consultores contratados para fazer o cálculo chegassem a um número tão alto sem contestação da metodologia. 


O episódio acabou deteriorando ainda mais a situação financeira da Petrobras, que perdeu quase 3/4 de seu valor de mercado nos últimos anos devido à política de investimentos considerada inflada e à corrupção. 


NOMES
 

A troca na presidência da estatal só não havia ocorrido ainda por falta de um sucessor imediato a Graça Foster. Alguns dos cotados mostraram resistência em assumir o cargo antes da atual diretoria resolver os problemas do balanço financeiro da empresa. 


O Palácio do Planalto procurava um nome de fora da companhia, de preferência do mercado, que dê um choque de credibilidade à empresa, mas tem enfrentado dificuldades para encontrar um executivo que se disponha a assumir o controle da estatal em meio ao maior escândalo de corrupção de sua história. 


Graça Foster defendia um nome que já esteja no Conselho de Administração da estatal, como o de Luciano Coutinho (BNDES). 

Colaborou PAULO MUZZOLON, de São Paulo


NÃO TEM TU... VAI TU MESMO! E os corruptos que carregam nosso dinheiro em malas continuam desmoralizando nosso país... e a farra continua!


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Vaccari se recusou a abrir portão e PF teve de pular muro para entrar


O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, se recusou a abrir o portão de sua casa para a Polícia Federal na manhã desta quinta-feira, 5, no cumprimento do mandado de busca e apreensão e condução coercitiva contra ele por denúncias de envolvimento no esquema de corrupção da Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato. Os policiais tiveram de pular o muro da casa do tesoureiro, que fica no Planalto Paulista, um bairro no município de São Paulo.

A PF fez busca e apreensão de documentos e objetos na casa do tesoureiro que também será obrigado a prestar depoimento sobre denúncias envolvendo seu nome.

O tesoureiro do PT foi citado em depoimentos da Operação Lava Jato, entre eles os prestados pelo doleiro Alberto Youssef, como operador do esquema de corrupção na Petrobras, que envolvia repasses de recursos desviados de grandes obras da estatal para o partido.

Segundo as investigações, Vaccari também operaria no fundo de pensão Petros, alvo do esquema. A PF descobriu também que a cunhada do petista, Marice Lima, foi destinatária de recursos da empreiteira OAS, envolvida no escândalo de corrupção.

A cunhada de Vaccari, Marice Corrêa Lima, já foi alvo de outra fase da operação da PF, sob a acusação de ter recebido dinheiro da empreiteira OAS. Executivos da empresa estão presos por envolvimento no esquema. Eles integrariam um clube da propina que pagava para ter contratos na Petrobrás, dinheiro que era distribuído para funcionários públicos e partidos políticos.

Um dos objetivos da operação deflagrada nesta quinta-feira é aprofundar as investigações sobre outros operadores da corrupção na Petrobrás. Como o jornal O Estado de S. Paulo mostrou em novembro, partidos como o PMDB atuavam com mais de um agente na estatal.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Um Levy na Petrobras

 
Conselheiros da presidente, gente próxima de Dilma Rousseff, até ministros, diziam ontem que Graça Foster não teria mais condições de continuar na presidência da Petrobras. Graça estaria "por um fio, mas o fio está na mão da presidente". 


A nova barafunda em torno da troca do comando da Petrobras, óbvio, se deve à incapacidade da empresa de apresentar balanço que não seja fajuto, que não superavalie ativos. 

Gente do governo dizia ontem que apenas no balanço do quarto trimestre, previsto para abril, apareceria uma conta razoável dos valores perdidos com corrupção direta, superfaturamentos, estouros de orçamentos etc. Até agora, a empresa não sabe bem como fazer tal conta. Os atuais integrantes do conselho divergem sobre métodos e, enfim, temem entrar numa fria ainda maior de reputação ou mesmo em rolos legais se assinaram papéis que acabem na Justiça. 

Se Dilma banca a permanência de Graça, qual a novidade? Ou seja, ontem ou no mês passado, Graça estaria onde sempre esteve, sob a guarda de Dilma. As possíveis novidades seriam, segundo essas gentes do governo: 

1) Mais ninguém de relevância no governo apoia a permanência de Graça, embora quase ninguém atribua a "culpa" da crise à executiva; 

2) "Nomes top do mercado", cotados para assumir postos na direção ou no conselho da empresa, estão ainda mais relutantes de aceitar o convite. Não apenas porque não querem receber a batata quente e envenenada do balanço, mas porque veem dificuldades de modificar os rumos da administração da petroleira. "A gente precisa de uma espécie de Joaquim Levy na Petrobras. Mas o Levy da Petrobras ainda é a Dilma", diz um "nome top".
Sem renovar o conselho da empresa, fica ainda mais prejudicada a estratégia de Dilma de passar um verniz na empresa sem alterar as grandes linhas da política do governo para a empresa (gastos excessivos com conteúdo nacional, participação talvez inviável nos futuro e ora improváveis leilões de exploração do pré-sal etc.). 

Estas e outras intervenções do governo, além de gastos excessivos e descumprimento de metas de faturamento, multiplicaram o endividamento relativo da empresa por quase cinco entre 2010 e 2014 (trata-se aqui da relação dívida líquida e Ebitda ajustado). 

Sem balanço completo, entre outros muitos problemas, a empresa se arrasta administrativa e perde crédito. Apesar das promessas de cortes de investimentos, de despesas e de venda de ativos, ainda há enormes dúvidas a respeito de como a empresa vai se financiar neste ano (vai precisar do BNDES? De aumento de capital bancado pelo Tesouro). 

O nome da crise não é Graça Foster. A simples remoção da executiva também não melhora em nada a reputação ou o estado da empresa. A nomeação de outra diretoria, no entanto, poderia significar uma rendição de Dilma à realidade de que a Petrobras precisa de uma reorientação tão grande quanto a que ocorre agora com a política econômica, sob Joaquim Levy. Essa discussão está aberta, ao menos fora do governo, desde novembro. A novidade agora, ressalte-se, é que muita gente relevante no governo acredita que, sem mudança da diretoria, não irá adiante nem mesmo o insuficiente plano Dilma de recuperar a empresa. 





vinicius torres freire Vinicius Torres Freire está na Folha desde 1991. Foi secretário de Redação, editor de 'Dinheiro', 'Opinião', 'Ciência', 'Educação' e correspondente em Paris. Em sua coluna, aborda temas políticos e econômicos. Escreve de terça a sexta e aos domingos


quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Expectativa x Realidade: balanço da estatal faz empresa afundar ainda mais

Publicado em 28 de jan de 2015

Maior estatal do país mingua e sangra na Bolsa de Valores. Ex-diretor da Petrobras usa desculpa esfarrapada e cala-se em depoimento à Polícia Federal. Nos bastidores, o jogo sujo e as traições que rodam a eleição para a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados. Acompanhe as principais notícias desta noite com Joice Hasselmann e a equipe de reportagem de VEJA.


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

PF pede a Graça Foster contratos da Odebrecht na Abreu e Lima



A Polícia Federal solicitou à presidente da Petrobras, Graça Foster, informações sobre dois contratos da estatal com Construtora Norberto Odebrecht, alvo da Operação Lava Jato, por meio de um consórcio formado para executar obras na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

O consórcio Conest foi formado pelas empreiteiras Odebrecht e OAS e venceu dois contratos já apontados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em 2013, por sobrepreço de quase R$ 150 milhões.

O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou em sua delação premiada que recebeu US$ 23 milhões da Odebrecht. O executivo Rogério Santos do Araújo foi apontado por ele como responsável por indicar o banco na Suíça onde foi depositado o dinheiro, entre 2008 e 2009.

A Polícia Federal abriu inquérito em outubro do ano passado tendo a Odebrecht como alvo. Quatro contratos com a Petrobras são alvo dos investigadores da Lava Jato. Os dois que foram alvo de pedido de informação envolvem as obras da Abreu e Lima.

Esses contratos podem levar à Lava Jato a ligação do doleiro Alberto Youssef - alvo central das investigações - com o consórcio formado pela Odebrecht. Em depoimento prestado à Justiça Federal, o sócio-gerente das empresas Sanko Sider e Sanko Serviços, Márcio Bonilho, confessou ter pago "comissões" à Youssef por intermediação na venda dos produtos da empresa para empreiteiras.

"Eu fechei negócios com o (consórcio) CNCC, fechei negócios com o Conest, fechei negócios com a UTC, fechei negócios com Engevix, com o Estaleiro, fechei… Não recordo todos, mas fechei meia dúzia de negócios, assim, com 10 empresas distintas", respondeu Bonilho ao ser perguntado pelo juiz federal Sérgio Moro, sobre qual negócio ele conseguiu por intermédio de Youssef.

Acusado numa das ações penais da Lava Jato por ser associar a Youssef, o sócio do grupo Sanko admitiu que assinou contratos com uma empresa fantasma do doleiro e que "os contratos e notas fiscais foram produzidos fraudulentamente para justificar pagamento de 'comissões'".

Os dois contratos são das Unidades de Destilação Atmosférica - UDA (U-11 e U-12) e das Unidades de Hidrotratamento de Diesel (U-31e U-32), de Hidrotratamento de Nafta (U-33 e U-34), e de Geração de Hidrogênio - UGH (U-35 e U-36). Só um dos contratos, assinado em 2009, rendeu ao consórcio R$ 3,1 bilhões.

A Odebrecht, em nota, repudiou categoricamente as declarações do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. A empresa afirma que não fez pagamentos ou depósitos para Costa e nem para qualquer outro executivo ou ex-diretor da estatal.

 

Delator diz ter recebido US$ 23 mi de propina da Odebrecht



 O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa contou em um depoimento feito em acordo de delação premiada que recebeu US$ 23 milhões (o equivalente a R$ 59,3 milhões hoje) da Odebrecht por meio de um doleiro do Rio de Janeiro chamado Bernardo Freiburghaus. 

A propina foi paga para a empresa conquistar contratos da Petrobras em 2009, ainda de acordo com o executivo. Nesse ano, vários aditivos da construção da refinaria Abreu e Lima foram assinados com a empreiteira. 

A Odebrecht nega com veemência que tenha pago propina ao ex-diretor da Petrobras para conseguir contratos com a petroleira. 

Foi a empreiteira, segundo Costa, que pediu a ele abrir as contas na Suíça que seriam abastecidas pelo doleiro. 

A sugestão para abrir contas do exterior, ainda de acordo com o ex-diretor da estatal, partiu de Rogério Araújo, diretor da Odebrecht Plantas Industriais. 

O executivo disse que o doleiro foi indicado porque já tinha negócios na Suíça.
O depoimento de Costa sobre a Odebrecht estava no Supremo Tribunal Federal e foi devolvido à Justiça do Paraná no último dia 21. 

Costa já havia citado o nome de Araújo em depoimento prestado à Justiça como um dos seus contatos na Odebrecht. 

Em depoimento da delação, Costa afirmou que o diretor da Odebrecht teria dito a seguinte frase para ele quando sugeriu abrir as contas na Suíça: "Paulo, você é muito tolo, você ajuda mais os outros do que a si mesmo". Os outros, segundo o relato feito pelo ex-diretor, eram políticos. 

Costa disse que o PT ficava com 2% do valor dos contratos da diretoria de Abastecimento e o PP, com 1%. 

O executivo disse ter aberto quatro contas na Suíça, nos seguintes bancos: Royan Bank of Canadá, Banque Cremer, Banque Pictec e PBK. Costa disse ter criado empresas offshore em seu próprio nome para operar as contas. Posteriormente os US$ 23 milhões foram redistribuídos em 12 contas. 

Os pagamentos foram feitos pela Odebrecht entre 2008 e 2009, ainda de acordo com o ex-diretor. Os depósitos eram feitos a cada dois, três meses pelo doleiro da Diagonal Investimentos Agente Autônomo Ltda. A empresa funciona em uma sala no Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro. 

A Folha revelou em 2 de outubro que Costa contara aos procuradores ter recebido US$ 23 milhões de suborno da Odebrecht na Suíça. 

Costa ocupou a diretoria de Abastecimento da Petrobras entre 2004 e 2012, nos governos de Lula e Dilma Rousseff. Dilma demitiu-o quando sua fama de operador político na Petrobras começou a crescer. 

Costa foi indicado ao cargo pelo PP, mas depois ganhou o apoio do PT. 

O executivo foi o primeiro investigado da Operação Lava Jato a fazer um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, depois de ter sido preso pela segunda vez, porque escondera da Polícia Federal as contas que tinha na Suíça. 

Pelo acordo, Costa se compromete a devolver cerca de R$ 70 milhões, entre os quais os US$ 23 milhões que estavam bloqueados na Suíça. Em troca, ele deixou a custódio da PF em Curitiba e cumpre prisão domiciliar em sua casa, no Rio. 

A Odebrecht ainda não foi alvo de medidas judiciais porque os procuradores da Operação Lava Jato estão esperando chegar provas da Suíça sobre o suposto depósito de US$ 23 milhões. 

OUTRO LADO
 
Em nota, a empreiteira refuta que tenha havido pagamento de suborno: "A Odebrecht nega veementemente as alegações caluniosas feitas pelo réu confesso e ex-diretor da Petrobras. Nega em especial ter feito qualquer pagamento ou depósito em suposta conta de qualquer executivo ou ex-executivo da estatal. 

O diretor da empresa, Rogério também nega ter "feito, intermediado ou mandado fazer qualquer pagamento ilegal ao delator". 

Segundo ele, a versão de Costa sobre o suborno é fruto "de uma questionável delação premiada e ilegal vazamento, fatos que impedem qualquer manifestação". 

A Folha não conseguiu localizar Bernardo Freiburghaus no seu escritório nem em sua casa no Rio.


sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Em defesa, Youssef dirá que foi peça para 'sustentar o poder do PT'

 

A equipe de advogados de Alberto Yousseff, considerado como um dos líderes do esquema de desvio da Petrobras, vai concentrar a defesa na alegação de que o doleiro serviu apenas como uma peça no sistema político criado para dar sustentação ao projeto de poder do PT. O documento deve ser apresentado à Justiça Federal do Paraná, onde tramitam os processos da Lava Jato, na próxima terça-feira, 27. Em conversa com o Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o advogado Antônio Augusto Figueiredo Basto antecipou qual será a linha de defesa que será apresentada. No processo criminal, Youssef é acusado de chefiar um esquema que teria movimentado ilegalmente cerca de R$ 10 bilhões da estatal.

"É um projeto de poder para sustentação do PT. Não há dúvida disso. Vou citar isso na peça, claro. Não tem dúvida. PT e a base aliada como PMDB, PP", ressaltou Basto. "É a corrupção sustentando um esquema de poder. Não há para mim a menor dúvida que esse esquema é um grande sistema de manutenção de grupos políticos. Vamos sustentar isso na nossa defesa. Meu cliente foi mera engrenagem. Não era a peça fundamental do esquema. Não tinha esse poder para fazer com que o esquema funcionasse ou deixasse de funcionar. O esquema só existiu porque havia vontade política para fazer com que ele existisse", acrescentou o advogado.

Na delação realizada por Youssef no âmbito da Lava Jato, ele citou políticos como beneficiários do esquema da Petrobras. Confirmou também que a partilha de desvios de contratos com as empreiteiras entre três partidos: PT, PMDB e PP.

Numa linha de defesa similar, os advogados do empresário Gérson de Mello Almada, vice-presidente da Engevix Engenharia, afirmam em documento entregue à Justiça Federal que a Petrobras foi usada para bancar o "custo alto das campanhas eleitorais". Segundo a defesa de Almada, preso pela Operação Lava Jato desde 14 de novembro de 2014, "a Petrobras foi escolhida para geração desses montantes necessários à compra da base aliada do governo e aos cofres das agremiações partidárias".

O advogado de Youssef ressalta que não há combinação na linha de defesa com outros defensores. "Não há nenhuma harmonia entre as defesas, trabalhamos de forma individual. 

O que há é a verdade, o esquema vem de cima. Agora todo mundo já está falando porque é notório, as empreiteiras estão servido de bode expiatório. É verdade que não tem inocente nesse jogo, ninguém foi extorquido, achacado, todos entraram de forma consciente. Mas é evidente que se o sistema não funcionasse haveria prejuízos para as empreiteiras. Vinha de cima e era para sustentar sim um esquema político. Se você não tem os corruptos, não tem esquema. E quem nomeavam os corruptos? Os políticos. É uma lógica irrefutável", ressaltou Bastos.

Além da apresentação da defesa na próxima semana, os advogados de Youssef preparam um segundo documento para ser apresentado no início de fevereiro para que o doleiro passe a cumprir pena em regime domiciliar. Youssef está preso desde março do ano passado, em Curitiba.

Perdão judicial

A defesa do doleiro também espera conseguir o "perdão judicial" no final do processo em razão das informações prestadas pelo doleiro, após acordo de delação premiada que foi homologado no último dia 19 de dezembro pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki. "Vamos tentar o perdão judicial porque entendemos que a colaboração é extremamente proveitosa. Sem a colaboração do Alberto Youssef a Lava Jato não teria evoluído em nada, não seria possível tomar a dimensão que tomou", afirma Basto.

Segundo ele, ao contrário de algumas defesas apresentadas, até o momento, no processo por parte dos envolvidos no esquema, não pretende pedir anulação das provas levantadas pela Polícia Federal e o Ministério Público Federal.

 

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Investigadas na Lava Jato doaram pelo menos R$ 484 milhões nas eleições

Doações foram diluídas por meio de subsidiárias das empreiteiras, o que dificulta o rastreamento das contribuições, mostra reportagem do jornal O Globo. Políticos delatados por ex-diretor, segundo o Estadão, estão entre os principais beneficiários
As empreiteiras investigadas na Operação Lava Jato doaram, juntas, pelo menos R$ 484,4 milhões a políticos e partidos nas eleições de 2014. É o que mostra levantamento do jornal O Globo. Segundo a reportagem, a Odebrecht, a OAS, a Andrade Gutierrez, a Queiroz Galvão, a UTC, a Camargo Corrêa, a Queiroz Galvão, a Engevix, a Mendes Junior e a Toyo Setal repassaram somas vultosas a candidatos e direções partidárias por meio de subsidiárias, cujas ações são controladas pela matriz do respectivo grupo.

A legislação eleitoral permite doações diluídas entre vários braços de uma empresa, mecanismo que dificulta o rastreamento do montante doado por determinado grupo econômico. A reportagem cita casos em que o nome da empresa controlada não guarda qualquer semelhança com o da holding, como a Braskem e a Usina Eldorado, subsidiárias da Odebrecht, e da HM Engenharia e Construções, do grupo Camargo Corrêa.

De acordo com especialistas ouvidos pelo Globo, ainda que os negócios das empresas de um mesmo grupo possam atuar em esferas diferentes, esses grupos mantêm unidade gerencial para decidir, em muitos casos, para quem doar. A contribuição diluída por meio de empresas com o nome menos associado à holding também ajuda  a deixar as doações menos “escancaradas”, disse ao jornal o professor de administração e negócios do Insper Sérgio Lazzarini.

Segundo a reportagem, 16 dos 28 políticos delatados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, conforme o jornal O Estado de S.Paulo, receberam doações de empreiteiras investigadas pela Lava Jato. Quem recebeu maior volume de contribuições dessas empreiteiras foi o senador Delcídio Amaral (PT-MS), que perdeu a disputa ao governo de Mato Grosso do Sul. Ele declarou à Justiça eleitoral ter recebido R$ 9,7 milhões dos grupos Engevix, OAS, UTC e Queiroz Galvão. Derrotado ao governo do Rio Grande do Norte, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), foi beneficiado com R$ 9 milhões dos grupos Galvão, OAS, Odebrecht e Queiroz Galvão.

 Ainda de acordo com o Globo, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), terceiro colocado na corrida ao governo fluminense, foi beneficiado com R$ 2,8 milhões em doações registradas da OAS, da Queiroz Galvão e da UTC.

Leia a reportagem do jornal O Globo
Mais sobre a Operação Lava Jato

CONGRESSOEMFOCO

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Ministério Público deverá denunciar Collor ao STF


Escândalo na Petrobras
A Procuradoria-Geral da República deve denunciar o ex-presidente da República e senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) no início de fevereiro, quando pedidos de investigações contra políticos envolvidos na Operação Lava Jato serão enviados ao STF (Supremo Tribunal Federal). 


Segundo a Folha apurou, autoridades responsáveis pelo caso consideram já haver ''elementos suficientes'' para denunciar o senador, sem a necessidade de se colher novas provas por meio de um inquérito, o que está sendo chamado de ''denúncia direta''. 


Em 2014, policiais federais encontraram no escritório do doleiro Alberto Youssef, em São Paulo, oito comprovantes de depósitos para o senador, que somam R$ 50 mil. Todos os depósitos foram feitos em dinheiro vivo nos dias 2 e 3 de maio de 2013. 


Alan Marques - 28.abr.2014/Folhapres
Collor discursa na tribuna do Senado sobre a decisão do STF que o inocentou em processo de corrupção
Collor discursa na tribuna do Senado sobre a decisão do STF que o inocentou em processo de corrupção

O doleiro triangulava as operações investigadas envolvendo funcionários da Petrobras, empreiteiras contratadas pela estatal e políticos. 


Procurado nesta terça (13), o gabinete de Collor disse que ele estava fora de Brasília e não deveria se pronunciar. 


Logo que as acusações vieram a público, em maio de 2014, Collor subiu à tribuna do Senado para se defender. Sem explicar a origem de comprovantes dos depósitos de R$ 50 mil em sua conta, ele negou conhecer ou manter "relacionamento pessoal ou político" com o doleiro. 


Collor se disse vítima de uma campanha difamatória da mídia, que não se "conforma" em vê-lo inocentado das acusações que levaram a seu impeachment, em 1992. 


Como o senador tem foro privilegiado, a Justiça Federal do Paraná, que conduz a Lava Jato, encaminhou as provas ao STF em julho. 


À época, o juiz Sergio Moro, responsável pela operação, disse em despacho ser ''prematura'' a conclusão de que os depósitos teriam natureza criminosa, mas que mereciam investigação no foro adequado, ou seja, no STF. 


''A localização em escritório de suposto doleiro de comprovantes de depósitos em espécie constitui indício de crime'', escreveu Moro. 


Quando o material chegou ao STF, o ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato, delegou a condução do caso a um juiz que atua em seu gabinete. Logo depois os documentos foram enviados para a Procuradoria-Geral da República, que poderia ter iniciado investigações. 


Segundo a Folha apurou, isso não foi feito porque o Ministério Público entendeu ter elementos suficientes para a apresentação de denúncia, sem colher mais provas. 


O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pode apresentar denúncias contra autoridades que o Ministério Público considera ter provas de participação no esquema ou pedir abertura de inquéritos contra aqueles que têm contra si apenas indícios.


De uma forma ou de outra, inquéritos ou denúncias não significam culpa, uma vez que somente após o processo e julgamento pelo STF uma autoridade pode ser condenada. 


Outros políticos, como o deputados Luiz Argôlo (SDD-BA) e o ex-deputado André Vargas (sem partido-PR), também são acusados de envolvimento com Youssef. 


Um dos principais delatores da Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa disse que entre 35 e 40 políticos foram citados por ele em seu depoimento. 



Editoria de Arte/Folhapress


FOLHA


terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Planilha sugere acordo de J&F com ex-diretor de estatal

  • Eraldo Peres | AP Photo | 22.09.2014
    Grupo J&F nega que tenha fechado contrato com Paulo Roberto Costa
Uma planilha encontrada no computador do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa indica que ele chegou a firmar contrato para prestar serviços de consultoria para o Grupo J&F, controlador do frigorífico Friboi (JBS) e maior doador de campanhas eleitorais em 2014.



O documento consta de um dos inquéritos da Operação Lava Jato, que desbaratou em março do ano passado um esquema de corrupção envolvendo contratos da estatal petrolífera. Nas buscas da operação, os policiais federais também encontraram anotações na agenda do ex-diretor que citam como os valores supostamente recebidos do J&F seriam divididos.

Nessa indicação de partilha, há a sugestão de que parte do dinheiro seria devolvida ao grupo controlador da Friboi.

O J&F nega que tenha fechado contrato com Costa e que tenha desembolsado qualquer valor ao ex-diretor da Petrobrás. A planilha do computador e as anotações, porém, foram considerados suspeitos pela Polícia Federal, que passou a investigar se o grupo empresarial teve participação ou se beneficiou-se do esquema que abasteceu o caixa 2 de políticos e partidos no últimos dez anos no País.

Avanço

Até agora, sabia-se que o J&F havia sido procurado por Costa, no fim de 2012, para que o grupo comprasse uma prestadora de serviços da Petrobras, a Astromarítima, que aluga embarcações para exploração de petróleo no mar. Em abril de 2014, quando a informação veio à tona, o J&F disse que o negócio não prosperou.

Costa atuava como consultor da Astromarítima, num pré-contrato de 13 de novembro de 2012 com comissão de 5% em caso de o negócio ser fechado, o chamado "success fee".

A planilha encontrada no computador de Costa lista 81 contratos firmados pela consultoria Costa Global, do ex-diretor, e cita outros negócios. Intitulada "Contratos assinados - Costa Global", ela tem oito campos em que estão listados os negócios do ex-diretor da Petrobras. Os itens das colunas trazem o "Nº do contrato", "Empresa", "Pessoa de Contato", "Data da assinatura", "Valor mensal", "Validade", "% de success fee" e "Status".

O penúltimo item diz respeito à comissão por valor de negócio fechado e o último informa se o contrato foi finalizado, está em aberto ou traz observações pontuais.

'Assinado'

Um dos contratos em vigor da planilha era com o grupo controlador da Friboi. O contrato de número "14" da lista está em nome da "J&F" e é de 10 de dezembro de 2012. Ele tinha validade de cinco anos e previa o pagamento de 2,5% de comissão nos negócios fechados. No item status foi anotado "assinado e trocado (p.s.: sem firma reconhecida)".

Não há indicação, na planilha, sobre o motivo da consultoria. O grupo J&F sustenta que se tratava do mesmo negócio que veio a público em abril do ano passado: as negociações para a compra da Astromarítima.

Costa confessou à Justiça Federal os crimes em troca de redução de pena. Ele admitiu que as consultorias via Costa Global eram usadas para recebimento de dinheiro não declarado e de propina atrasada do período em que foi diretor (2004-2012), em depoimento prestado em ação penal que corre em Curitiba, no Paraná.
 
Depósitos

O grupo empresarial também já havia aparecido nos autos da Lava Jato a partir de depósitos de R$ 800 mil da JBS (frigorífico do grupo) em nome de uma empresa fantasma investigada na operação. Outros itens que fazem parte da lista de indícios que colocam o J&F sob suspeita são mais anotações de Costa em sua agenda pessoal, de 2012 e 2013, com registro de reuniões e contratos com representantes do grupo empresarial.

Nela, a PF achou pelo menos três registros dos negócios envolvendo os nomes "J&F". Em uma delas, Costa anotou "J&F 29/10/12". Ao analisar a anotação manuscrita, os agentes escreveram "indica ser Grupo JBS - Friboi e Banco Original (banco que pertence ao grupo)".

Logo abaixo estão anotados porcentuais que, para a PF, são as comissões dos envolvidos. "Success fee 3% J&F 3% empresa". Ao lado está anotado "75% Paulo 25% Franklein". "Franklein" é, segundo os investigadores, Agenor Franklin Magalhães Medeiros, executivo da OAS preso no dia 14 de novembro por suspeita de integrar o cartel que abastecia o esquema de corrupção e propina na Petrobras. À PF, Medeiros negou atos ilícitos.

Energia

Outra anotação de Costa diz respeito a um negócio na área de energia que o Grupo J&F tornou público em 2012. Era a tentativa de compra do Grupo Rede, dono de usinas geradoras de energia pelo País, que acabou não se concretizando. "J&F fez proposta de compra do Grupo Rede Energia que inclui dívida de R$ 5,7 bi (nove distribuidoras)", escreveu Costa na agenda.

Naquele ano a J&F tentava comprar os ativos do Grupo Rede. Na ocasião, o consultor da J&F, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, anunciou que o grupo tinha interesse "em todos os ativos do Grupo Rede". O negócio não se efetivou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Petrobras criou empresa de fachada para construir gasoduto bilionário

Auditoria apontou que obra teve custos superfaturados em mais de 1.800%

BRASÍLIA— A Petrobras criou "empresas de papel" para construir e operar a rede de gasodutos Gasene, conforme constatação da Agência Nacional de Petróleo (ANP) reproduzida numa auditoria sigilosa do Tribunal de Contas da União (TCU). O trecho do empreendimento que fica na Bahia - e, de acordo com técnicos do tribunal, teve os custos superfaturados em mais de 1.800% - foi inaugurado com pompa em 26 de março de 2010 pelo governo federal. Oito dias depois, a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deixou o governo para se candidatar à Presidência da República. Ela foi à festa de inauguração em Itabuna (BA) com o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente da Petrobras na época, José Sérgio Gabrielli, e a então diretora de Gás e Energia da estatal, Graças Foster, atual presidente da empresa.

Auditores do TCU constataram que a ANP autorizou a construção e a operação do gasoduto sem analisar os documentos das empresas e sem avaliar se o projeto era adequado. A agência reguladora pediu uma cópia do contrato de operação e manutenção do trecho entre Cacimbas (ES) e Catu (BA) em 4 de março de 2010, conforme ofício anexado ao processo que tramitou na ANP. Não houve exame do contrato, "repetindo o mero check list promovido na fase de autorização para a construção", escreveram os auditores. Três semanas depois, Lula e Dilma inauguravam o trecho, hoje em operação.

Documentos revelam como as empresas criadas para a construção da rede de gasodutos - uma engenharia financeira para dar aspecto de empreendimento privado ao negócio - tinham características de fachada. Um contrato de prestação de serviços foi assinado em maio de 2005 entre a Transportadora Gasene S.A., constituída pela Petrobras para tocar as obras, e a Domínio Assessores Ltda., um escritório de contabilidade no Rio. As duas empresas aparecem no contrato com o mesmo endereço: Rua São Bento, no quinto andar de um prédio no Centro. O próprio contrato menciona que o escritório de contabilidade "concordou em fornecer à contratante um endereço para abrigar sua sede".

O mesmo documento diz que o dono da Domínio, Antônio Carlos Pinto de Azeredo, se comprometia a exercer o cargo de presidente da Transportadora Gasene, função ocupada entre 2005 e 2011. Em reportagem publicada pelo GLOBO em 24 de dezembro, Azeredo declarou que era apenas um "preposto" da Petrobras no cargo, com o exercício de uma "função puramente simbólica". O fato de existir um laranja à frente da empresa, responsável por investimentos de R$ 6,3 bilhões, corrobora o aspecto de fachada do empreendimento - uma sociedade de propósito específico (SPE) com capital privado, administrada por uma empresa chinesa contratada sem licitação e com comprovados gastos públicos, conforme a auditoria.

"A ANP considerou que as firmas transportadoras criadas nesse arranjo financeiro 'seriam apenas empresas de papel'", constataram os técnicos do TCU no relatório da auditoria. A subsidiária da Petrobras responsável por operar as redes de gasoduto é a Transpetro, que assinou contrato com a Gasene.

A interpretação da ANP sobre o aspecto de fachada do empreendimento é compartilhada pelos auditores do TCU. "Em toda a cadeia quem estabelece os desígnios é a Petrobras. Desse modo, assevera-se que este contrato para operação e manutenção com a Transpetro e os demais realizados visaram apenas a formalizar a relação de subordinação entre as sociedades, de modo a dar contornos legais e de aparente normalidade a toda estruturação financeira que foi desenvolvida", cita a auditoria, que ainda será votada, mas já foi enviada para os procuradores da República responsáveis pela Operação Lava-Jato para que seja incorporada às investigações de corrupção na estatal.
 
Mesmo tendo apontado a existência de "empresas de papel", a ANP abdicou da atribuição de fazer uma análise técnica do empreendimento, conforme conclusão de inspeção feita em três processos da agência relacionados ao Gasene - um com pedido de autorização da construção de um trecho, outro com instrução de decreto de utilidade pública para o gasoduto e um terceiro sobre aprovação dos projetos de referência. "Em termos de análise técnica da ANP, a inspeção constatou que ela inexistiu, limitando-se, nos processos de autorização para construção e operação, a checar a entrega dos documentos exigidos", afirmam os auditores.

"Chama atenção o fato de um projeto dessa magnitude, na ordem de R$ 3,78 bilhões (valor referente somente ao trecho Cacimbas-Catu), não ter avaliação crítica dos estudos apresentados pela Petrobras para efeitos de autorização para a construção", afirmam. Segundo a auditoria, a ANP deixou de avaliar a viabilidade do projeto bilionário, embora o capital social da empresa contratada fosse de apenas R$ 10 mil, indicando que poderia tratar-se de fachada.

A inauguração do trecho do gasoduto em Itabuna, na Bahia, teve a participação de autoridades graduadas do governo Lula. Cerca de 5 mil pessoas compareceram ao parque de exposições. Dilma discursou com referências ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O Gasene, apesar da operação financeira para configurá-lo como empreendimento privado, foi incluído no PAC e contou com 80% de financiamento pelo BNDES. Uma empresa chinesa, a Sinopec International Petroleum Service Corporation, foi subcontratada sem licitação, por R$ 266,2 milhões, para gerenciar o gasoduto.

- O PAC não é ficção, e o Gasene hoje prova isso. Demos um show de competência aqui - discursou Dilma.

Fiador da candidatura de Dilma, eleita em outubro daquele ano, Lula também discursou:
- Essa obra significa mais um degrau na conquista de independência do Nordeste brasileiro. Nós não estamos tirando nada de nenhum lugar do Brasil.

Participaram ainda Gabrielli, que é da Bahia, e o governador do Estado na ocasião, Jaques Wagner (PT), reeleito naquele ano, além de Graças Foster e do presidente da Transpetro, Sérgio Machado. Gabrielli responde a acusações relacionadas à sua gestão, como o prejuízo de US$ 792 milhões na compra da refinaria de Pasadena, no Texas, e o superfaturamento na construção da refinaria de Abreu e Lima (PE).

Wagner é o atual ministro da Defesa e um dos principais conselheiros de Dilma. Graça balança no cargo devido à crise na Petrobras. E Machado, incriminado por delatores do esquema de desvio de recursos da estatal, licenciou-se do cargo de presidente até ontem.

O Gasene foi incorporado pela Transportadora Associada de Gás (TAG), subsidiária da Petrobras, em janeiro de 2012, com ativos de R$ 6,3 bilhões. Os três trechos já foram concluídos: são 130 quilômetros entre Cacimbas e Vitória (ES); 303 quilômetros entre Cabiúnas (RJ) e Vitória e 954 quilômetros entre Cacimbas e Catu.

A auditoria do TCU foi feita no trecho mais longo. Além de superfaturamento, os técnicos apontaram dispensa ilegal de licitação, inexistência de projeto básico e pagamento sem a prestação do serviço. A votação na sessão reservada de 9 de dezembro foi suspensa devido a pedido de vista. O relatório aponta como responsáveis pelas irregularidades Gabrielli e o ex-presidente da Transportadora Gasene Antônio Carlos Azeredo. Os técnicos sugerem a aplicação de multas aos dois.

Ao GLOBO, a Petrobras informou que "já apresentou esclarecimentos detalhados nos processos de auditoria do TCU no Gasene e aguarda sua manifestação". A ANP informou que "só vai se pronunciar depois da publicação do acórdão do TCU. O acórdão é o instrumento final pelo qual o TCU se pronuncia como órgão fiscalizador", informou a agência.