01/10/2015 16h25
Procuradores da Suíça não acharam uma só conta secreta, mas quatro, pelo
menos, cujo controle é atribuído ao presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), segundo a Folha apurou junto a investigadores que atuam no caso.
Uma dessas contas tem como beneficiários Cunha e sua mulher, a
jornalista Claudia Cordeiro Cruz, que foi apresentadora de telejornais
da Rede Globo ente 1989 e 2001.
Nesta quarta (30) o presidente da Câmara se recusou a comentar se tinha conta no exterior. Em março deste ano, em depoimento à CPI da Petrobras, ele disse que não tinha dinheiro fora do Brasil.
A Folha revelou nesta quarta (30) que a Suíça descobrira contas, sem especificar o número delas.
Os valores depositados nas quatro contas foram bloqueados pelas
autoridades suíças por causa da suspeita de que receberam recursos de
suborno, que chegaram àquele país por meio de processos de lavagem de
dinheiro.
A Suíça não revelou ainda o montante que foi bloqueado.
As contas foram abertas em nome de empresas offshores, que ficam em
paraísos fiscais para dificultar as investigações, já que esses países,
diferentemente da Suíça, não costumam colaborar com apurações sobre
lavagem de dinheiro e corrupção.
Para evitar receber dinheiro de terrorismo, de drogas e de suborno, a
Suíça exige que toda conta tenha um beneficiário final. Em quatro delas o
beneficiário é Cunha, segundo as autoridades que investigam o caso.
O Ministério Público da Confederação Suíça começou em abril a investigar
a suspeita de que Cunha escondera dinheiro naquele país.
A Suíça não irá prosseguir a apuração criminal sobre Cunha, como ocorre
com outros suspeitos da Lava Jato. O país decidiu mandar para o Brasil
todo o material encontrado sobre o presidente da Câmara para que a
apuração seja feita aqui.
A transferência da investigação para o Brasil está prevista no acordo de
cooperação em matéria criminal que a Suíça assinou com o Brasil em
2009. Não é a primeira vez que isso ocorre. Autoridades suíças já haviam
transferido para o país a apuração sobre o ex-diretor da Petrobras
Nestor Cerveró.
DEPÓSITO DE LOBISTA
Uma das contas cujo controle os suíços atribuem a Cunha recebeu recursos
de um lobista do PMDB chamado João Augusto Henriques, preso pela
Operação Lava Jato em 21 de setembro.
Em depoimento à Polícia Federal, Henriques disse que fizera um depósito na conta de Cunha sem saber que era do deputado.
Segundo o lobista do PMDB, ele fizera a transferência a pedido do
economista Felipe Diniz, filho do deputado Fernando Diniz (PMDB-MG), que
morreu em 2009.
Ainda segundo Henriques, o valor depositado não era propina, mas uma
comissão lícita porque Diniz o ajudara a costurar um negócio que
resultara na compra pela Petrobras de um campo de exploração de petróleo
no Benin, na África.
Os investigadores na Lava Jato desconfiam que essa versão possa ter sido criada por Henriques para proteger Cunha.
OUTRO LADO
O advogado de Cunha, o ex-procurador geral da República Antonio Fernando
de Souza disse por meio de nota que não comentaria as contas
encontradas na Suíça. Souza disse que pretende se defender no inquérito
contra o presidente da Câmara instaurado no Supremo Tribunal Federal.
A Folha não conseguiu localizar o advogado de Fernando Diniz.
-
O QUE PODE ACONTECER COM CUNHA
No STF
Caso o Supremo aceite a denúncia contra Cunha, ele vira réu e pode ser condenado
Caso o Supremo aceite a denúncia contra Cunha, ele vira réu e pode ser condenado
Cassação
Pode enfrentar processo por quebra de decoro na Câmara e ter o mandato cassado
Pode enfrentar processo por quebra de decoro na Câmara e ter o mandato cassado
Renúncia
Cunha pode deixar a presidência da Câmara para tentar minimizar seu desgaste
Cunha pode deixar a presidência da Câmara para tentar minimizar seu desgaste
Nenhum comentário:
Postar um comentário
POLÍTICA E ECONOMIA