sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Suíça encontra quatro contas bancárias atribuídas a Eduardo Cunha


Petrolão

Alan Marques/Folhapress

BRASÍLIA, DF, BRASIL, 01.10.2015. O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, dá entrevista no salão Verde da Câmara. (FOTO Alan Marques/ Folhapress) PODER
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)
01/10/2015 16h25


Procuradores da Suíça não acharam uma só conta secreta, mas quatro, pelo menos, cujo controle é atribuído ao presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), segundo a Folha apurou junto a investigadores que atuam no caso. 



Uma dessas contas tem como beneficiários Cunha e sua mulher, a jornalista Claudia Cordeiro Cruz, que foi apresentadora de telejornais da Rede Globo ente 1989 e 2001. 


Nesta quarta (30) o presidente da Câmara se recusou a comentar se tinha conta no exterior. Em março deste ano, em depoimento à CPI da Petrobras, ele disse que não tinha dinheiro fora do Brasil


A Folha revelou nesta quarta (30) que a Suíça descobrira contas, sem especificar o número delas


Os valores depositados nas quatro contas foram bloqueados pelas autoridades suíças por causa da suspeita de que receberam recursos de suborno, que chegaram àquele país por meio de processos de lavagem de dinheiro. 


A Suíça não revelou ainda o montante que foi bloqueado. 


As contas foram abertas em nome de empresas offshores, que ficam em paraísos fiscais para dificultar as investigações, já que esses países, diferentemente da Suíça, não costumam colaborar com apurações sobre lavagem de dinheiro e corrupção. 


Para evitar receber dinheiro de terrorismo, de drogas e de suborno, a Suíça exige que toda conta tenha um beneficiário final. Em quatro delas o beneficiário é Cunha, segundo as autoridades que investigam o caso. 


O Ministério Público da Confederação Suíça começou em abril a investigar a suspeita de que Cunha escondera dinheiro naquele país. 


A Suíça não irá prosseguir a apuração criminal sobre Cunha, como ocorre com outros suspeitos da Lava Jato. O país decidiu mandar para o Brasil todo o material encontrado sobre o presidente da Câmara para que a apuração seja feita aqui. 


A transferência da investigação para o Brasil está prevista no acordo de cooperação em matéria criminal que a Suíça assinou com o Brasil em 2009. Não é a primeira vez que isso ocorre. Autoridades suíças já haviam transferido para o país a apuração sobre o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. 


DEPÓSITO DE LOBISTA
 

Uma das contas cujo controle os suíços atribuem a Cunha recebeu recursos de um lobista do PMDB chamado João Augusto Henriques, preso pela Operação Lava Jato em 21 de setembro. 


Em depoimento à Polícia Federal, Henriques disse que fizera um depósito na conta de Cunha sem saber que era do deputado. Segundo o lobista do PMDB, ele fizera a transferência a pedido do economista Felipe Diniz, filho do deputado Fernando Diniz (PMDB-MG), que morreu em 2009. 


Ainda segundo Henriques, o valor depositado não era propina, mas uma comissão lícita porque Diniz o ajudara a costurar um negócio que resultara na compra pela Petrobras de um campo de exploração de petróleo no Benin, na África.


Os investigadores na Lava Jato desconfiam que essa versão possa ter sido criada por Henriques para proteger Cunha.


OUTRO LADO


O advogado de Cunha, o ex-procurador geral da República Antonio Fernando de Souza disse por meio de nota que não comentaria as contas encontradas na Suíça. Souza disse que pretende se defender no inquérito contra o presidente da Câmara instaurado no Supremo Tribunal Federal.


A Folha não conseguiu localizar o advogado de Fernando Diniz.

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O QUE PODE ACONTECER COM CUNHA


No STF
Caso o Supremo aceite a denúncia contra Cunha, ele vira réu e pode ser condenado

 
Cassação
Pode enfrentar processo por quebra de decoro na Câmara e ter o mandato cassado

 
Renúncia
Cunha pode deixar a presidência da Câmara para tentar minimizar seu desgaste 


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