terça-feira, 13 de outubro de 2015

Impeachment é bomba atômica que pode implodir sistema político de vez, diz Barbosa

mônica bergamoEm rara aparição pública, o ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa foi à estreia da peça "O Topo da Montanha", estrelada por Lázaro Ramos e Taís Araújo, na sexta-feira (9), em SP. O espetáculo se baseia no último dia de vida de Martin Luther King, líder do movimento pelos direitos civis dos negros nos EUA. 



Barbosa tem evitado declarações públicas –sobre o impeachment, por exemplo, ele se limitou a lembrar o que diz em palestras restritas: "É uma bomba atômica, um abalo sísmico que pode implodir o sistema político de vez. Por isso, é preciso ter implicação direta forte de um presidente em fatos que legalmente justifiquem um afastamento". Depois do espetáculo, ele conversou com a coluna. 

  

Folha - O ministro do TCU Augusto Nardes, que relatou as contas do governo no Tribunal de Contas da União, tem se comparado ao senhor, dizendo que agora entende porque o senhor havia se aposentado.

Joaquim Barbosa - Eu vi. Mas ele está enganado. Eu não saí por causa disso [pressão]. Claro que existe, por todos os lados, mas minha saída do STF foi planejada por mais de um ano. Eu nunca pensei em ficar lá o resto da minha vida. Eu já tinha feito muita coisa, já estava bom. 

O senhor acompanhou a disputa entre o governo e o TCU, que tentou afastar Nardes do julgamento das contas?
Sim, por cima. Fica muito feito pro governo essa situação toda, né? [Mudando de assunto] Você viu a peça? Gostou?

Gostei. E o senhor?
Achei muito bonita. Os dois [Lázaro Ramos e Taís Araújo] estão primorosos, né? Uma atuação magnífica.

O tradutor da peça, o diplomata Silvio Albuquerque, trabalhou com o senhor no Supremo?
Sim, o Silvio era o meu chefe de gabinete. Eu não sei da história direito, mas parece que ele conheceu o Lázaro Ramos no dia em que eu o recebi [o ator] para uma audiência. Foi uma loucura no gabinete, o pessoal ficou todo ouriçado, queria tirar foto com o Lázaro.
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