Executivos da Odebrecht dizem que Graça criticou 'quadrilha' na Petrobras
A ex-presidente da Petrobras Graça Foster fez críticas internas a uma
"quadrilha" existente na estatal e afirmou que os ex-diretores Paulo
Roberto Costa e Renato Duque se beneficiaram do esquema, segundo e-mails
trocados entre executivos da Odebrecht.
As afirmações são de Rogério Araújo, um dos dirigentes da empreiteira
preso na Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobras. Ele
escrevia a Marcelo Odebrecht, presidente do grupo e também detido
preventivamente.
As mensagens foram escritas em julho de 2014 –época em que Graça ainda
estava à frente da estatal, enquanto Costa, ex-diretor de Abastecimento,
estava preso.
De acordo com o executivo da Odebrecht, uma das testemunhas arroladas
por Costa para depor em sua defesa, o funcionário da Petrobras Wilson
Guilherme Silva, foi interpelado pela então presidente sobre a
audiência. Silva foi gerente da área de Abastecimento.
Graça teria dito a ele: "Pense bem no antes de ir e se definir em que quadrilha você pertence!".
Em outra ocasião, a ex-presidente afirmou, ainda segundo o relato do
executivo, que não poderia defender o trabalho da diretoria anterior da
Petrobras em relação à refinaria porque Costa "se beneficiou" e Duque,
ex-diretor de Serviços, levava "dinheiro para partido".
PREOCUPAÇÃO
Marcelo Odebrecht manifestou preocupação com a posição de Graça.
"Ela quer detonar o PR [Paulo Roberto Costa]? Não apenas não ajudar como
atacar?", escreveu Odebrecht. "Isto é suicídio, só vai prejudicar
governo e empresa."
Araújo responde dizendo que Graça vinha "detonando" Duque, Nestor
Cerveró (ex-diretor Internacional) e José Sérgio Gabrielli
(ex-presidente da Petrobras) –os dois últimos, por "comentários ruins"
em relação à compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Foster renunciou ao cargo em fevereiro deste ano.
Em nota, a defesa dos executivos da Odebrecht informou que "lamenta as
interpretações distorcidas e descontextualizadas" sobre os e-mails e
disse que se manifestará sobre o caso no processo.
A Folha também entrou em contato com a Petrobras para comentar o
episódio, mas ainda não obteve resposta. A reportagem não conseguiu
contato com Graça Foster.
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