Assessores econômicos dos três principais candidatos à Presidência da República se enfrentaram ontem em debate sobre o modelo de desenvolvimento que o próximo governo deve adotar e a autonomia do Banco Central.
A oposição criticou a atual política econômica da presidente Dilma Rousseff, mas não empolgou a plateia, formada por servidores do Banco do Brasil. Já o economista escalado para defender o Executivo foi aplaudido ao defender a reforma política e a regulação da mídia.
Na visão dos assessores que formaram o debate, Marina daria foco à educação; Dilma à reforma política; e Aécio, à busca pelo crescimento. O seminário foi promovido pela Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil (ANABB).
Representando a candidatura de Marina Silva (PSB), Alexandre Rands fez a defesa mais enfática da autonomia do Banco Central (BC), bandeira já alçada como um aceno ao mercado de que a candidata é "market-friendly".
Para Rands, a autonomia é essencial e aumenta a capacidade de o BC reduzir a inflação. "Tombini [Alexandre, presidente do BC] estudou comigo, mas ele não faz aquilo que eu sei que ele defenderia porque tem intervenção da Dilma. Ela grita e Tombini tem que se ajustar", disse o economista, na sessão de perguntas e respostas.
Em direção oposta, o representante de Dilma Rousseff, o ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Márcio Pochmann, disse ver a autonomia como um retrocesso democrático e foi aplaudido pela plateia. "Autonomia ao BC é retirar do povo a possibilidade de o povo escolher para quê serve o BC", disse.
Falando pela campanha de Aécio Neves, Mansueto Almeida apontou que a independência formal do BC não é questão relevante para o PSDB, mas sim que o BC seja operacionalmente independente, algo que não teria acontecido no atual governo.
Em entrevista a jornalistas após o debate, Rands e Almeida criticaram ainda a falta de transparência da política fiscal. Rands disse que o trabalho do próximo presidente será dificultado, pois há "caveira dentro do armário" quando se trata das contas públicas.
Pochmann participou parcialmente da entrevista, argumentando que tinha de chegar rápido ao aeroporto. Restringiu seus comentários à pergunta sobre o atraso no repasse de recursos do Tesouro para os bancos públicos e privados pagarem as despesas de programas sociais, as chamadas "pedaladas" que ajudam a melhorar o superávit primário. Segundo ele, essa é uma prática comum e que acontece nas três esferas de governo.
Para Mansueto, "vai chover dólares" no país em caso de vitória do PSDB à presidência. Ele comentava a atual política cambial e voltou a criticar o excesso de intervenções do BC, que há mais de um ano atua diariamente no mercado por meio de operações no mercado futuro. Rands também fez críticas a tal postura, e disse que, num eventual governo Marina Silva, exceto em ocasiões de forte instabilidade, no dia-a-dia "é deixar o câmbio flutuar".
Na sua exposição, Pochmann afirmou que uma névoa aliena a capacidade de analistas e da imprensa de entenderem a atual questão econômica do Brasil. Para ele, a reforma política é o ponto mais importante, junto com a reforma da mídia, para que se construa a "maioria política" que em 2002 negou o liberalismo econômico e criou as bases para o crescimento econômico com inclusão social.
Sem essa maioria não seria possível fazer as reformas que o país precisa, destacou.
Rands também abordou a questão da governabilidade em um eventual governo Marina, ponto posto em xeque pela campanha de Dilma. Ele criticou o caminho escolhido duas vezes pelo PT, o primeiro, ainda com Lula, de governar sem costurar apoio, comprando o apoio dos partidos. "Você formaria a maioria da forma que colocou alguns indivíduos do PT na cadeia". Com o estouro do mensalão, disse ele, o PT partiu para o "toma lá, dá cá". Já Marina, disse ele, quer juntar a maioria das pessoas de bem, que buscariam o interesse nacional sem precisar se aliar aos que ele chama de PPN, ou "Partido da Porcaria Nacional".
Rands também abordou a questão da governabilidade em um eventual governo Marina, ponto posto em xeque pela campanha de Dilma. Ele criticou o caminho escolhido duas vezes pelo PT, o primeiro, ainda com Lula, de governar sem costurar apoio, comprando o apoio dos partidos. "Você formaria a maioria da forma que colocou alguns indivíduos do PT na cadeia". Com o estouro do mensalão, disse ele, o PT partiu para o "toma lá, dá cá". Já Marina, disse ele, quer juntar a maioria das pessoas de bem, que buscariam o interesse nacional sem precisar se aliar aos que ele chama de PPN, ou "Partido da Porcaria Nacional".
Pochmann tentou desconstruir o discurso da terceira via. Segundo ele, há duas opções apenas. A continuidade de um projeto, que, apesar de seus problemas, é de desenvolvimento humano. Ou voltar atrás, onde o "mercado lidera o crescimento". Ele falou em reduzir os ganhos da especulação financeira e canalizar esse dinheiro para os pobres.
Mansueto rebateu, dizendo que ia 'estragar a festa' dos dois modelos, apontando que, se o país quer investir mais em saúde, educação e mobilidade sem pagar mais impostos por isso, tem de retomar o crescimento. Só crescendo mais é que se pode ter mais gasto social, defendeu, acrescentando que, para que isso aconteça tem, de se tratar de uma agenda concreta de investimentos, melhor segurança jurídica e racionalidade do gasto público.
Link com os principais jornais dando notícia do Seminário ANABB:
http://www.anabb.org.br/mostraPagina.asp?codServico=4&codPagina=48044
Link com os principais jornais dando notícia do Seminário ANABB:
http://www.anabb.org.br/mostraPagina.asp?codServico=4&codPagina=48044
Fonte: Valor Econômico
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POLÍTICA E ECONOMIA