segunda-feira, 14 de março de 2016

Lula disse que será candidato e que será preciso 'coragem' para barrá-lo

petrolão


Zanone Fraissat - 4.mar.16/Folhapress
 
Lula, no banco de trás, deixa sua casa em São Bernardo e é levado para depor pela PF. Leia mais

Em depoimento à Polícia Federal no último dia 4, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que será candidato à Presidência em 2018 e que será preciso "coragem" para torná-lo inelegível antes da campanha.


 Ao falar aos investigadores da Lava Jato, o ex-presidente citou o escândalo do mensalão e lembrou que, devido ao caso, líderes petistas começaram a ser hostilizados nas ruas. "Não poderiam entrar num restaurante, não poderiam sair na rua, não poderiam ir pra lugar nenhum. É o que estão tentando fazer comigo agora, só que o que estão tentando fazer comigo vai fazer com que eu mude de posição."

E continuou: "Eu, que estou velhinho, estava querendo descansar, vou ser candidato à Presidência em 2018 porque acho que muita gente que fez desaforo pra mim, vai aguentar desaforo daqui pra frente. Vão ter que ter coragem de me tornar inelegível."

O conteúdo do testemunho (veja a íntegra aqui) só foi divulgado nesta segunda (14).

Ao mencionar o mensalão, disse que não houve prova sobre os desvios e criticou a teoria do domínio do fato, usada para condenar o ex-ministro José Dirceu.

"Começou com a maior denúncia de corrupção da história da humanidade, terminou com 175 [milhões de reais]... com alguns milhões da Visanet, que não era empresa pública e que o dinheiro foi pago por meio de comunicação."

Ao longo do depoimento, Lula fez diversas críticas à imprensa e ao promotor Cassio Conserino, que dias depois acabou pedindo a prisão preventiva do petista ao oferecer denúncia sobre o caso do tríplex da empreiteira OAS em Guarujá.

"Minha mulher prestar um depoimento sobre uma porra de um apartamento que não é nosso?! Manda a mulher do procurador [promotor] vir prestar depoimento, a mãe dele. Por que que vai minha mulher?"

O ex-presidente acrescentou que está "muito, muito zangado" com a "falta de respeito" e que tem "tentado manter a linha". Disse ainda que nenhum outro governante viabilizou mais leis anticorrupção.

Ele afirmou que cobrava US$ 200 mil para fazer palestras no exterior. "Nós pegamos um valor do Bill Clinton e falamos o seguinte "Nós fizemos mais do que ele, então nós merecemos pelo menos igual".

DELAÇÕES

Lula também criticou os acordos de colaboração premiada firmados na Operação Lava Jato. O ex-presidente foi questionado sobre o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que disse em delação que o pecuarista José Carlos Bumlai afirmou que faria um pagamento para uma nora do petista. "Qualquer bandido que for prestar delação premiada fica manchete de jornal", falou Lula.

O ex-presidente defendeu ainda o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, preso há quase um ano. "Foi um grande dirigente sindical e foi um grande dirigente do PT. Eu não acredito que o Vaccari tenha acertado percentual com empresa pra receber, não acredito, não acredito."

Ao falar sobre indicações políticas para diretorias na Petrobras, disse que os diretores suspeitos de desvios eram "funcionários de 30 anos" da estatal. "São pessoas de carreira, que nunca a Polícia Federal levantou a suspeita, nunca o Ministério Público levantou suspeita, nunca a imprensa levantou suspeita."

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