domingo, 21 de setembro de 2014

Maior doador de campanhas concentra repasses a governistas

Potência empresarial que despontou no governo Lula como a maior indústria de carnes do mundo, o JBS tornou-se, nesta eleição, o maior financiador de campanhas políticas do país –com doações de R$ 113 milhões até o começo do mês.

Relatos
Mas a oposição levou a menor parte. Sócio de empresas e fundos de pensão ligados ao governo nos seus principais negócios, os donos do JBS concentraram 80% das doações nos governistas. 

O PT recebeu 25% do dinheiro doado e outros 55% foram destinados a sete partidos da base aliada da presidente Dilma Rousseff.



A empresa também lidera, ao lado da construtora OAS, a lista de maiores doadores da campanha à reeleição de Dilma, a quem deu R$ 20 milhões. Marina Silva (PSB) recebeu R$ 6 milhões, e Aécio Neves (PSDB), R$ 5 milhões. 

Controlado pela família Batista, que começou a vida 60 anos atrás com um açougue no interior de Goiás, o JBS chama a atenção por ter doado bem mais

Maior doador de campanhas concentra repasses a governistas do que campeões tradicionais do financiamento político, como as construtoras Camargo Corrêa, Odebrecht e OAS


O JBS não quis dar entrevista sobre o assunto. Por meio de nota, o grupo declarou que o objetivo de suas doações é "contribuir com o debate político e o desenvolvimento da democracia". 

Afirmou também que a escolha de candidatos e partidos é feita "a partir dos projetos apresentados por ambos e que estejam em linha com seus valores e crenças".

Nos últimos oito anos, o JBS aumentou em 465% o valor que destina à política. Na eleição de 2006, a primeira em que atuou com força no financiamento de campanhas, deu R$ 20 milhões (em valores atualizados). 

Em 2010, a empresa entrou com R$ 83 milhões, que ajudaram a eleger oito governadores, sete senadores, 40 deputados federais e 19 deputados estaduais, além de Dilma.

A busca por acesso ao meio político cresceu na mesma velocidade com que os negócios dos Batista se agigantaram.

Apoiado por aportes bilionários do BNDES,
o frigorífico, que faturava R$ 3,7 bilhões em 2005, agora tem
fábricas em 12 países, 200 mil funcionários e faturou R$ 92 bilhões em 2013. 


"Como toda empresa que fica grande, ela faz doações para ganhar influência no setor público", diz o professor Paulo Arvate, da FGV. "A dúvida é se foi o JBS que se aproximou dos políticos para crescer ou se foram eles que a procuraram quando viram que estava ficando grande." 

Para o professor Sergio Lazzarini, do Insper, uma das vantagens que os doadores buscam é acesso facilitado aos candidatos que ajudam a eleger. "Eles conseguem atenção do governo quando necessário e têm ajuda de parlamentares para acelerar ou retardar projetos." 

A arrancada do JBS começou com a decisão do governo Lula de turbinar quatro frigoríficos para transformá-los em grandes multinacionais. Dois deles quebraram, um não decolou, e o único que seguiu em frente foi o JBS. 

A empresa cresceu comprando concorrentes em dificuldade, no Brasil e no exterior, com apoio do BNDES. Foram R$ 9,5 bilhões, entre aportes e financiamentos. 

Hoje, o banco é o segundo maior acionista da empresa, com 24,59%. A Caixa Econômica, também controlada pelo governo, tem 10%. A família Batista tem 41,12%. 

Depois do JBS, os Batista se diversificaram. Atualmente, têm banco, fabricam cosméticos e produtos de limpeza, são sócios da estatal Furnas e construíram uma grande fábrica de celulose, onde são sócios dos fundos de pensão Petros e Funcef. 

FONTE: FOLHA - Uol

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