segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Na TV, Dilma usa dados incorretos e é contestada sobre economia

Em entrevista concedida ao jornal "Bom Dia, Brasil", da TV Globo, a presidente e candidata Dilma Rousseff (PT) utilizou dados e informações incorretas e foi contestada pelos jornalistas. O programa foi gravado neste domingo (21) no Palácio da Alvorada e transmitido nesta segunda-feira (22).
O embate mais forte se deu quando a petista foi questionada sobre a piora da inflação em seu governo e seus ataques à proposta de um Banco Central independente , da adversária Marina Silva (PSB). 

Em suas respostas, Dilma disse que o Banco Central americano, o Federal Reserve, independente, enfrenta ameaça de deflação –inflação abaixo de zero, um sintoma de recessão econômica. Conforme apontou a jornalista Míriam Leitão, espera-se uma inflação em torno de 2% neste ano nos EUA. 

A presidente e a entrevistadora também divergiram quando Míriam afirmou que a Alemanha, a despeito da crise europeia, deverá crescer 1,5% neste ano, acima do 0,3% esperado no Brasil. Dilma disse que a Alemanha está crescendo 0,8%. Essa, no entanto, é a taxa de expansão no segundo trimestre do ano. 

A presidente também se equivocou ao dizer que a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), feita pelo IBGE, não apura desemprego. Com metodologia diferente da pesquisa mensal de emprego também do IBGE, a Pnad calculou desemprego de 7,1% em todo o país no primeiro trimestre do ano, enquanto a pesquisa tradicional, limitada às seis principais regiões metropolitanas, apurou taxa de 4,9% em abril. 

Dilma disse ainda, sobre o desemprego, que "ninguém tem no mundo taxa de 4,9%". Vários países têm taxas semelhantes ou inferiores, casos de China, Japão, Rússia, Coreia do Sul, Áustria, Suíça, Tailândia e outros. 

Durante a entrevista, Dilma afirmou que a redução da participação dos bancos públicos inviabilizaria a realização de obras de infraestrutura no país. A presidente também afirmou que o Brasil está na defensiva na área econômica e depende de uma melhora na economia dos Estados Unidos para voltar a crescer.



Ao tentar explicar seu raciocínio, Dilma citou o banco central americano e disse que a sua independência está baseada no máximo emprego, estabilidade no curto prazo e juros moderados no longo prazo enquanto no Brasil, o Banco Central lida exclusivamente com o controle da inflação. 

A campanha petista vem atacando a proposta de banco central independente defendida por sua adversária Marina Silva (PSB). Para conter seu crescimento nas pesquisas de intenção de votos, a propaganda eleitoral de Dilma diz que se isso acontecer, aumentará a pobreza no país, levando as pessoas a ficarem "com o prato vazio". 

"Tudo o que eu falo está no programa da candidata. Ela diz que vai tornar o Banco Central independente. Ora, isso é colocar um quarto poder no país. [] Estou alertando. Reduzir o papel dos bancos públicos. O que significa? Quero saber como vão financiar a infraestrutura no Brasil. Se for comparar com juros de mercado ninguém faria obras de infraestrutura no Brasil. Isso não é medo, é real. Não sai rodovia, não sai metrô, não sai VLT", afirmou Dilma. 

Questionada sobre se estava satisfeita com o crescimento econômico brasileiro, Dilma apenas respondeu: "não". "O Brasil está na defensiva para proteger os empregos, salários e investimentos. Protegemos isso porque apostamos em uma retomada, em que vamos mudar de defensiva para ofensiva", disse. 

No entanto, para que isso aconteça, Dilma afirmou que o país depende de um crescimento dos Estados Unidos. "A gente tem de ver como que evolui a crise. [...] Os Estados Unidos evoluindo bem eu acho que o Brasil pode entrar numa outra fase, que precise de menos estímulos. Pode ficar entregue à dinâmica natural da economia e pode, perfeitamente, passar por uma retomada", disse. 


MUDANÇA DE AMBIENTE
A entrevista ao "Bom Dia Brasil" foi gravada em um local descaracterizado no Palácio da Alvorada. A biblioteca da residência oficial, onde Dilma gravou a maioria das sabatinas e entrevistas concedidas durante a campanha eleitoral, foi abandonada depois que o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), José Dias Toffoli, criticou o uso do local. 

Em entrevista à revista "Época", o ministro disse que a utilização da biblioteca por Dilma é uma "vantagem indevida". Neste domingo (21), a candidata ironizou a avaliação e disse que seria uma "sem-teto" se não pudesse usar a residência oficial da Presidência para dar entrevistas. 

"Eu só quero lembrar que todos meus antecessores usaram o palácio, até porque caso contrário eu serei uma sem-teto, não terei onde dar entrevista. Não tenho casa, não pode ser no Alvorada, serei sem-teto e irei para rua dar entrevista. Não tenho outro local", disse Dilma em uma entrevista coletiva realizada na tarde de domingo (21). 

Ela afirmou ainda que se o problema fosse a biblioteca, então não mostraria mais a biblioteca. 



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