segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Lula recebeu R$ 27 milhões por palestras, diz revista


De acordo com reportagem da revista "Veja", a empresa de palestras do ex-presidente, a LILS, recebeu R$ 27 milhões depois que Lula deixou a Presidência, de 2011 a 2014. A reportagem afirma que os dados constam de relatório produzido pelo Coaf (órgão de inteligência financeira vinculado ao Ministério da Fazenda) que foi entregue à força tarefa da Operação Lava Jato


A revista não explica se o documento do Coaf está vinculado a algum inquérito específico da Lava Jato. 

Segundo a revista, R$ 9,8 milhões da receita da LILS vieram de empreiteiras investigadas no escândalo da Petrobras. 

São elas a Odebrecht (R$ 2,8 milhões), a Andrade Gutierrez (R$ 1,9 milhão), a OAS do Brasil, dos EUA e da Costa Rica (R$ 1,9 milhão), a Camargo Corrêa (R$ 1,4 milhão), a Queiroz Galvão (R$ 1,1 milhão), a UTC Engenharia (R$ 357 mil) e a Quip (R$ 378 mil), uma sociedade entre quatro empreiteiras que presta serviços à Petrobras. 

Da receita, a LILS destinou R$ 12,9 milhões para aplicações financeiras e R$ 5 milhões para plano de previdência privada. 


Danilo Verpa - 26.jun.14/Folhapress
SÃO PAULO, SP, BRASIL, 26-06-2014: O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, durante evento da Câmara de Comércio Franca-Brasil (CCFB-SP) e a Eurocamaras, emSão Paulo (SP). Lula apresentou os desafios que envolvem o desenvolvimento do Brasil e o papel a ser desempenhado pelo setor privado. (Foto: Danilo Verpa/Folhapress, PODER)
O ex-presidente Lula fala em evento da Câmara de Comércio França-Brasil e da Eurocâmaras, em SP 

A assessoria do Instituto Lula afirmou neste sábado (15) que o ex-presidente "fez palestras para dezenas de empresas de diferentes setores e países e temos plena certeza da legalidade e da correção das atividades". 

Em 12 de junho último, a Folha solicitou à assessoria do Instituto Lula a "relação dos clientes, e respectivos valores, da empresa LILS", de janeiro de 2011 a junho de 2015. Não houve resposta até o fechamento desta edição. 

No mesmo dia, o Instituto Lula divulgou nota à imprensa segundo a qual "a grande maioria das atividades do ex-presidente Lula é organizada por instituições sindicais, populares, órgãos de imprensa e por outras organizações da sociedade civil". 

Nesses casos, segundo a nota, Lula "participa gratuitamente". Além dessas atividades, diz a nota, Lula "recebe convites de diversas empresas e organizações privadas para proferir palestras. Sua participação, nesses casos, inclui o pagamento de honorários. Para receber esses convites e organizar sua participação em palestras, o ex-presidente criou a LILS Palestras e Eventos, empresa que cumpre com todas as suas obrigações legais". 

Procuradas, as assessorias do Coaf e do Ministério da Fazenda não foram localizadas neste sábado. 

CERVERÓ
 
A "Veja" também afirma que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, ao negociar acordo de delação premiada, afirmou que a estatal beneficiou a construtora Schahin em um contrato de compra e operação de um navio-sonda em 2007 com a finalidade de saldar dívidas da campanha eleitoral de Lula no ano anterior. 

A reportagem afirma que o então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, "incumbiu pessoalmente" Cerveró de acertar a negociação. 

Ainda de acordo com a revista, a escolha da construtora ocorreu também por influência de José Carlos Bumlai, amigo de Lula, que havia adquirido um empréstimo do banco Schahin, que pertence ao mesmo grupo. 

A compra do navio-sonda já é alvo de um processo na Justiça Federal do Paraná em que Cerveró é réu junto com outras três pessoas. Na ação, o Ministério Público Federal afirma que a Samsung Heavy Industries pagou propina para conseguir o negócio. Um documento citado na peça diz que a empresa Schahin Cury seria sócia-operadora da unidade, mas a participação dela não está detalhada no processo. 

De acordo com os procuradores, o preço de aquisição do navio-sonda foi superior em US$ 30 milhões ao de uma unidade idêntica contratada anteriormente. O empresário Julio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou em depoimento que intermediou a negociação e que fez pagamentos fora do Brasil ao lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, suspeito de repassar valores a Cerveró. 

Procurada, a defesa de Cerveró disse que não iria se manifestar. À Justiça os advogados dele negaram que o ex-diretor tenha cometido irregularidades na aquisição do navio-sonda e afirmaram que as decisões da companhia eram colegiadas. Os outros citados não foram localizados neste sábado. 


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