25/06/2015 15h15
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Atualizado em 25/06/2015 19h23
Atualizado em 25/06/2015 19h23
Pedido ao TRF foi feito por consultor de Campinas sem ligação com Lula.
Consultor se referiu ao juiz Sérgio Moro com expressões como 'hitleriano'.
(Foto: Reprodução/Internet)
A Justiça Federal negou nesta quinta-feira (25) o habeas corpus
preventivo que pedia que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não fosse preso na Operação Lava Jato. O pedido havia sido ajuizado pelo consultor Maurício Ramos Thomaz,
de Campinas (SP), com o objetivo de proteger o ex-presidente. Conforme o
autor, Lula estaria na iminência de ser preso preventivamente, o que
seria, conforme a petição, "coação ilegal".
O habeas corpus – uma ação judicial que assegura a liberdade do
favorecido e impede a prisão – foi indeferido pelo desembargador federal
João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região
(TRF4), responsável por julgar processos da Operação Lava Jato.
Segundo o magistrado, “não existe qualquer fundamento legal para a
pretensão”. Além disso, “autor popular não traz qualquer informação
concreta sobre aquilo que imagina ser uma ameaça ao direito de ir e vir
do paciente [Lula]".
O desembargador também negou seguimento ao habeas corpus. Gebran disse
que o autor usou em sua petição notícias de jornais, revistas e portais
de informação, que “não servem como fundamento”. Gebran ainda decretou
segredo de Justiça por 48 horas, devido ao excesso de consultas ao
Portal do TRF4 relativas a esse habeas, o que está prejudicando o
sistema processual eletrônico do tribunal.
O magistrado finalizou a decisão declarando que a petição será enviada
ao Ministério Público Federal "para adoção de providências cabíveis",
porque o autor usou linguagem "imprópria, vulgar e chula, inclusive
ofendendo a honra de várias pessoas nominadas na inicial".
Segundo o TRF-4, no pedido, Thomaz se referiu ao juiz Sérgio Moro, que é
responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, com
expressões como "hitleriano", definindo o magistrado como "moralmente
deficiente". Disse ainda que Moro teria "fraudado a sentença de Nestor
Cerveró [ex-diretor da Petrobras]".
O habeas corpus se tornou de conhecimento público nesta quinta, depois
que o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO), que faz oposição ao PT e ao
governo da presidente Dilma Rousseff, divulgou a informação em sua conta
no Twitter.
A defesa de Lula encaminhou ao TRF4 um pedido para que o pedido de
habeas corpus não fosse apreciado. "O ex-presidente Lula não autoriza
qualquer forma de representação judicial ou extrajudicial em seu nome,
que não seja através de seus advogados legalmente constituídos para
representá-lo e defender seus interesses", ressaltou a defesa.
O autor do pedido de habeas corpus, Mauricio Ramos Thomaz, de 50 anos, disse ao G1
que não é advogado, mas tem fixação por processos jurídicos. Segundo
ele, um amigo perguntou se Lula tinha chances de ser preso e ele decidiu
tomar providências para tentar evitar que isso aconteça.
"Fico acompanhando processos que acho 'aberrantes'. Não tem prova
nenhuma contra ele [Lula]. Fiz esse habeas corpus pedindo que não seja
preso, simples. Não tenho restrição ética, não tenho OAB", afirma.
Maurício Thomáz é o autor do habeas corpus
(Foto: arquivo pessoal)
(Foto: arquivo pessoal)
Ele disse que é "de esquerda", é paranaense e já se envolveu em outros
casos no estado e também em SP e MG. Morador de Campinas desde 1997,
Thomaz não tem curso de graduação. Também não tem esposa ou filhos. Se
diz consultor jurídico, apesar da falta de diploma, porque amigos o
procuram para debater sobre processos.
O que disse o instituto do ex-presidente
O Instituto Lula, do ex-presidente, negou que o HC – uma ação judicial que assegura a liberdade do favorecido e impede a prisão – tenha sido impetrado por ele ou por qualquer advogado ou entidade que o represente (veja ao final desta reportagem nota publicada pelo instituto). Qualquer cidadão tem o direito de acionar a Justiça para obter um habeas corpus em favor de qualquer pessoa.
De acordo com o Instituto Lula, a pessoa que tomou a atitude pode até estar tentando prejudicar o ex-presidente.
O Instituto Lula disse ainda estranhar o fato de o senador Caiado ter
divulgado a imagem da página de acompanhamento processual do site do
TRF-4 com os dados sobre o habeas corpus de Lula. O próprio instituto
afirma que não tinha conhecimento do HC até ver a reprodução no Twitter
do senador.
Veja íntegra da nota publicada pelo Instituto Lula:
NOTA À IMPRENSA
Ex-presidente não entrou com pedido de habeas-corpus em Curitiba
São Paulo, 25 de junho de 2015,
Esclarecemos que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não
entrou com o pedido de habeas-corpus impetrado em Curitiba, no dia
24/6/2015. Lembramos que esse tipo de ação pode ser feito por qualquer
cidadão. Fomos informados pela imprensa da existência do Habeas Corpus e
não sabemos no momento se esse ato foi feito por algum provocador para
gerar um factoide.
O ex-presidente já instruiu seus advogados para que ingressem nos
autos e requeiram expressamente o não conhecimento do Habeas Corpus.
Estranhamos que a notícia tenha partido do Twitter e Facebook do senador Ronaldo Caiado.
Assessoria de Imprensa do Instituto Lula
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