Brasil em crise
Durante evento nesta quinta-feira (13) com representantes de diversos movimentos sociais do país, a presidente Dilma Rousseff ouviu críticas à política econômica de seu governo e gritos que emanavam da plateia pedindo a saída do ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
O governo promoveu o ato dentro do Palácio do Planalto na tentativa de
evitar constrangimentos e demonstrar força da presidente diante das
pressões pelo impeachment e pela renúncia de seu mandato –mas, além do
desagravo à petista, o ato virou também palco de cobranças.
Principal liderança do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) e colunista da Folha, Guilherme Boulos fez um discurso duro e disse que "a agenda do Brasil não é a agenda do Renan", em referência ao pacote de reformas que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), apresentou ao governo para retomar o crescimento econômico e superar a crise.
Na terça-feira (11), Dilma afirmou que as propostas eram "a agenda do Brasil" e que "coincidem" com medidas do governo.
Em meio a gritos de "fora já, fora daqui, Eduardo Cunha, junto com
Levy", que vinham da plateia de cerca de mil pessoas, Boulos continuou
com críticas ao ajuste fiscal promovido sob tutela do ministro da
Fazenda.
"Não aceitamos que o povo pague a conta da crise. Não aceitamos nem
aceitaremos o ajuste fiscal que fia os direitos trabalhistas e que corta
o investimento social", disse o líder do MTST. "Se é para ajustar, que
se ajuste então em cima de quem não foi ajustado no nosso país",
completou.
Dilma saiu em defesa do ajuste e disse que a "travessia" pela qual o
país está passando "vai ser feita sem retrocesso das políticas sociais".
"O que o governo tem que fazer também é economia. Tem que fazer. Não tem
essa conversa que o governo vai sair gastando como em momentos em que
tínhamos mais dinheiro", afirmou
O ex-presidente Lula foi quem mais estimulou a petista a receber os movimentos sociais. Dilma não é muito afeita a esse tipo de agenda, mas aproveitou o evento para mandar recado a quem defende seu impeachment.
Para ela, a briga é "até a hora do voto". "Depois, eu respeito o resultado da eleição", afirmou a presidente.
Às vésperas das manifestações contra seu governo, marcadas para domingo
(16), Dilma disse que não vê "nenhum problema" nos protestos contra o
Planalto, mas que espera "respeito e honra" dos adversários.
"Se você não respeitar o resultado do jogo, você não pode entrar no jogo", declarou.
Em menos de uma semana, esse é o quinto evento em que a presidente
endurece o discurso e diz que fica até 2018. "Eu não estou aqui para
resolver todos os problemas este ano. Estou aqui para resolver todos
esses problemas e entregar o país muito melhor no dia 31 de dezembro de
2018", afirmou.
Citando a época em que lutou contra a ditadura no Brasil, a petista
disse que não vai defender qualquer atitude contra as manifestações.
"Não peçam para eu defender qualquer atitude contrária a qualquer
manifestação, [por]que eu não defenderei jamais. Eu tenho que ter
lealdade com a experiência histórica da minha geração. Eu sobrevivi".
"Diálogo é diálogo, pauleira é pauleira. Não faz parte do diálogo xingar
a pessoa. Não pode chamar de diálogo a intolerância. Botar bomba em
qualquer lugar não é diálogo", continuou Dilma em referência aos ataques
que uma médica do programa Mais Médicos sofreu nas redes sociais e à
uma bomba caseira lançada contra o Instituto Lula há duas semanas.
ARMA NA MÃO
A presidente chegou ao encontro sob os gritos da plateia de "não vai ter golpe" e "Dilma, guerreira da pátria brasileira".
Os dirigentes dos movimentos sociais intercalaram em seus discursos críticas, cobranças e defesa do mandato da presidente.
Mas ficou com o presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores),
Vagner Freitas, que é filiado ao PT, o papel de fazer a defesa mais
enfática da presidente.
Ele repetiu o discurso de outros dirigentes e disse que os entusiastas
do impeachment são "golpistas". Se for preciso, segundo ele, os
movimentos sociais irão às ruas "com arma na mão, se quiserem tentar
derrubar a presidente Dilma".
"O que se vende hoje no Brasil é a intolerância, o preconceito de classe
contra nós. Somos defensores da construção de um projeto nacional de
desenvolvimento para todos e todas. Isso implica ir para a rua
entrincheirados, com arma na mão, se quiserem tentar derrubar a
presidente Dilma", disse Freitas.
Horas depois da fala, Freitas disse, no Twitter, que referia-se às
"armas da classe trabalhadora", que seriam "mobilização, ocupação das
ruas e greve geral".
"Pegar nas armas é uma figura de linguagem que usamos em assembleias", explicou.
No avento, a maioria dos dirigentes dos movimentos sociais também pediu a
reforma tributária com a taxação de grandes fortunas e o veto à lei antiterrorismo, aprovada nesta quarta-feira (12) pela Câmara que, segundo eles, "criminaliza" os movimentos sociais.
Gente, cada dia que passa eu fico mais preocupada. Raciocinemos, com toda as críticas, com todas as desmoralizações, com todas as gafes, enfim... com toda essa pressão em cima de Dilma, ela continua dando sinais que não está nem aí, então a coisa é muito mais grave do imaginamos. Há alguma coisa de muito podre por trás dessa resistência de Dilma. Eu penso que ela está sendo preparada por Lula para não se entregar e não permitir que descubramos o que mais de tão ruim o PT aprontou contra nossa Pátria.
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POLÍTICA E ECONOMIA