Pedro Ladeira/Folhapress | |
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, é sabatinado nesta quarta-feira na CCJ do Senado para ser reconduzido ao cargo |
26/08/2015 21h54
O Senado aprovou nesta quarta-feira (26) a recondução do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para mais um mandato à frente do Ministério Público. O seu nome foi referendado por 59 votos a favor, 12 contrários e uma abstenção. A votação em plenário durou apenas sete minutos. Nenhum senador quis discutir a indicação antes do início da votação. Janot assume seu segundo mandato a partir de 17 de setembro.
Atualmente, 13 senadores são alvos de inquérito da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), incluindo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). As investigações relativas aos políticos com foro privilegiado são conduzidas por Janot.
Desafeto declarado do procurador, o senador Fernando Collor (PTB-AL)
acompanhou a votação no plenário mas não se manifestou. Às vésperas da
sabatina a que Janot foi submetido nesta quarta na comissão de
Constituição e Justiça da Casa, Collor usou a tribuna do plenário por
duas vezes para fazer duras críticas à atuação de Janot e chegou até a
xingar o procurador, chamando-o de "filho da puta em uma ocasião e de "sujeitinho à toa
Collor foi denunciado por Janot na semana passada sob a acusação de ter participado do esquema de corrupção da Petrobras.
Janot foi sabatinado
por mais de 10 horas na CCJ nesta quarta, sendo esta, a segunda maior
sabatina da história do Senado. Na comissão, ele recebeu 26 votos
favoráveis e apenas um contrário.
Durante a sabatina, Janot defendeu a legalidade da Operação Lava Jato e disse que nunca viu nada tão grande. "A Petrobras foi e é alvo de um mega esquema de corrupção. Um enorme esquema de corrupção que, eu com 31 anos de Ministério Público, jamais vi algo precedente", disse. "Eu costumo dizer que o petróleo, desde a época do "'O petróleo é nosso!'", que esse mega esquema de corrupção chegou a roubar o nosso orgulho. E é por isso que a gente investiga e investiga sério mesmo essa questão da Petrobras", completou.
O procurador também negou que tenha aceitado fazer parte de um "acordão" entre a PGR (Procuradoria-Geral da Republica), a presidência da República e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para poupar alguns políticos com o intuito de garantir a governabilidade no Congresso (veja o vídeo).
"Se eu tivesse condição de fazer um acordão desses, eu teria de combinar com os russos antes. Vamos convir que isso é uma ilação impossível", afirmou.
Em sua fala inicial, disse não querer a recondução por "ego" mas para "servir à minha nação". E afirmou que as investigações do órgão, sem citar nominalmente a Lava Jato, ocorrem "sem desviar-se da legalidade".
Respondendo às primeiras questões do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), relator da sua recondução, Janot defendeu as delações premiadas e disse que, no caso da Lava Jato, 79% delas foram firmadas por investigados que não estavam presos.
"[A delação] traz essa ajuda para orientar a coleta de prova e, de outro lado, tornar mais célere o processo penal. Acho que é um instrumento poderoso", afirmou.
No momento mais esperado, dos questionamentos de Collor, o procurador-geral enfrentou diversas acusações, como a de ser um "catedrático em vazar informações".
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