Movimentos que defendem o afastamento de Dilma Rousseff da Presidência da República voltam às ruas neste domingo (16) nas principais cidades do país em busca de impulso para a campanha pelo impeachment da presidente.
Com manifestações previstas em 239 cidades, os líderes dos movimentos
esperam superar os números alcançados nos últimos grandes protestos
contra Dilma, em abril. Na ocasião, 100 mil foram à avenida Paulista, em
São Paulo, segundo o Datafolha.
As manifestações ocorrem num momento em que a presidente parece ter recuperado o fôlego para enfrentar seus adversários, após contornar parte de suas dificuldades no Congresso aliando-se com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Os protestos deste domingo serão os primeiros realizados com o apoio formal do PSDB, principal partido de oposição. A legenda usou anúncios no rádio e na televisão para convocar a população para as manifestações, e seus principais líderes, como o senador Aécio Neves (PSDB-MG), devem ir às ruas.
"A mobilização deste domingo tem tudo para referendar uma ação política mais forte", afirma Renan Santos, um dos líderes do MBL (Movimento Brasil Livre), uma das organizações à frente dos atos contra o governo, ao lado do Vem Pra Rua e do Revoltados OnLine.
Na oposição, o temor de que as manifestações se apequenem existe. A avaliação é que, com menos gente nas ruas, a pressão do Congresso sobre Dilma diminuirá. Os protestos de abril atraíram menos manifestantes do que os realizados em março.
FRAGMENTAÇÃO
Articulados nas redes sociais da internet e sem vínculos sólidos com partidos políticos e instituições, o Vem Pra Rua, o MBL e o Revoltados On Line viram surgir nos últimos meses novos movimentos contra Dilma e o PT, mas com ideologias diversas.
O Vem Pra Rua, por exemplo, perdeu líderes para um novo grupo, o Acorda Brasil.
Apostando em ações menos numerosas mas de impacto midiático, o novo
grupo tem uma agenda ultraliberal na economia e defende reformas
profundas na legislação, além da substituição de Dilma.
Nem todos os filhotes dos movimentos orgulham os patronos dos protestos.
Há nas redes sociais comunidades que defendem a intervenção militar e
até uma interferência na cúpula do sistema político do país, a ser
comandada pelo juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato no Paraná.
A despeito da repercussão desses novos agentes, que fazem barulho, mas são relativamente pequenos, grupos mais antigos como o Vem Pra Rua aprimoraram suas estratégias para tentar diversificar o perfil dos manifestantes.
Em São Paulo, por exemplo, o Vem Pra Rua organizou pontos de encontro na periferia, de modo a estimular a adesão de moradores desses locais ao protesto na Paulista, que fica na região central.
"Há grupos saindo das zonas Norte, Sul e Leste", afirma Rogério Chequer, porta-voz do grupo, que adotou como mote o slogan "Fora corruptos".
O grupo diz que a renúncia de Dilma seria a saída menos traumática para o país, mas acredita que as irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas da União nas contas do governo no ano passado são a chave para deflagrar um processo de impeachment contra a presidente.
Com o foco em Dilma, eles não temem críticas de que poupam da artilharia políticos como o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que se notabilizou pela oposição ao governo, mas é investigado na Operação Lava Jato, como Renan.
"O Ministério Público tem uma lista com 47 políticos e defendemos a investigação sobre todos eles, mas hoje Lula e Dilma são mais importantes", diz Chequer. Os grupos decidiram fortalecer desta vez os atos no Nordeste, reduto eleitoral do PT.
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