O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tenta usar a Câmara e os parlamentares "como escudo".
Em ofício enviado à Câmara, Janot ainda classificou de "levianas" as declarações de que uma diligência feita pela Procuradoria no sistema de informática da Casa permitiu o acesso a informações de todos os 513 deputados.
O documento foi feito na terça-feira (18) e destinado ao deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), que havia enviado documento perguntando se as declarações de Cunha eram verdadeiras. Em reunião com líderes partidários em agosto, segundo Chico Alencar, o presidente da Câmara havia sustentado que uma busca feita no órgão permitiu o acesso a informações de todos os deputados.
"A leviandade da declaração reside no fato de que tenta usar como escudo a instituição da Câmara dos Deputados –e, pela via da desinformação, seu pares– para atacar o Ministério Público Federal, embora a crítica à diligência seja de interesse exclusivo para a defesa do deputado Eduardo Cunha", escreveu Janot no documento.
A avaliação de parlamentares é que Cunha fez essas afirmações para obter a solidariedade dos deputados contra a ação da Procuradoria na Câmara.
"A afirmação do deputado Eduardo Cunha, conforme reproduzida no ofício de Vossa Excelência, é inverídica e, no mínimo, leviana", rebateu Janot. O procurador-geral já havia dito, em uma ocasião anterior, que Cunha usou a AGU (Advocacia-Geral da União) em prol de seu interesse pessoal.
Em maio, a PGR realizou diligência no sistema de informática da Câmara, depois que a Folha revelou que o nome de Cunha aparecia como autor dos arquivos digitais de dois requerimentos da deputada Solange Almeida (PMDB-RJ). Segundo delatores, os requerimentos serviram para achacar o representante de uma empresa que devia o pagamento de propina.
O procurador-geral disse no ofício que a busca se limitou a informações técnicas a respeito dos usuários digitais de Cunha e da ex-deputada Solange Almeida (PMDB-RJ).
Janot anexou documentos com o resultado da busca na Câmara. As informações obtidas mostram que Cunha e Solange estavam logados no sistema de informática no momento em que os requerimentos suspeitos foram feitos, em julho de 2011.
A suspeita da Procuradoria é que Cunha criou os arquivos e apenas os repassou para Solange Almeida protocolá-los no sistema como requerimentos de sua autoria.
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