Boneco inflável de Lula é furado durante sua passagem pelo Viaduto do Chá, no Centro de São Paulo
Apoiadores e opositores do governo Dilma se envolveram em confusão nesta sexta-feira (26) depois que um boneco inflável do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vestido de presidiário foi rasgado no viaduto do Chá, na frente da Prefeitura de São Paulo.
Apelidado de "Pixuleko", o boneco que ganhou fama instantânea durante as manifestações pró-impeachment de Dilma Rousseff do dia 16, iniciou um tour pelo país.
Nesta manhã, foi exibido na zona sul de São Paulo.
A confusão envolvendo o boneco começou depois que um homem que passava pelo local tentou danificar o equipamento usado para inflá-lo.
O homem foi contido pela Guarda Civil Metropolitana. Em seguida, foi hostilizado pelos manifestantes, que tentaram agredi-lo e interromperam o trânsito no viaduto por alguns minutos.
"Eu não sou obrigado a ver isso aí. Fosse um boneco de 5 cm do Alckmin, alguém dava um tiro em dois segundos", afirmou o rapaz, que não quis se identificar.
Nesse momento, simpatizantes do governo que foram atraídos pela movimentação começaram a trocar ofensas com o primeiro grupo de manifestantes e gritar em apoio à presidente Dilma Rousseff e a Lula.
Na confusão, alguém fez um rasgo no boneco, aparentemente com uma faca. A Guarda Civil então deteve a estudante de direito Emmanuelle Thomazielo, 21, apontada pelas lideranças da manifestação como responsável pelo rasgo, e levou-a para uma delegacia próxima. Segundo os guardas, o objetivo era protegê-la dos manifestantes.
Enquanto Thomazielo entrava no carro da Guarda, manifestantes tentavam agredi-la e gritavam "vai perder sua teta".
Por telefone, ela negou que tenha furado o boneco. "Estava no meio da confusão e me pegaram", afirmou à Folha.
Depois do incidente, o boneco foi desinflado pela empresa contratada pelos movimentos pró-impeachment. Os líderes dos movimentos foram embora em seguida, mas opositores e simpatizantes do governo continuaram discutindo, observados pela Guarda Civil e pela Polícia Militar.
O incidente foi lamentado por Ricardo Honorato, integrante do Movimento Brasil e responsável por ter levado o boneco ao protesto de 16 de agosto em Brasília.
Segundo ele, "Pixuleko" passará por novo "check-up" e não interromperá seu tour por outras cidades brasileiras. "Não é isso que vai nos impedir de ele viajar por todo o país, mesmo que a cada aparição ele tenha de ser consertado", disse.
O delegado do 3º DP pediu a retenção do boneco para perícia, mas os donos disseram que ele está a caminho de Maceió, onde será consertado. "Querem prender o 'Pixuleko' e deixar o Lula solto? Puta sacanagem" reclamou Marcello Reis, líder do Revoltados On Line.
Com pedidos de visitas em todo o país, o Movimento Brasil ainda não decidiu se "Pixuleko" deve continuar no próximo mês na Região Sudeste, em Estados como Minas Gerais e Espírito Santo, ou trilhar caminhos mais longo, viajando à Região Nordeste.
O nome do boneco de plástico é uma referência ao termo que teria sido usado pelo ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto para se referir a propina, segundo o empreiteiro Ricardo Pessoa, delator da Operação Lava Jato.
'DESTRUIÇÃO'
O presidente do PT, Rui Falcão, disse nesta sexta que a exibição do boneco como se Lula fosse um ladrão comum faz parte de uma campanha de destruição da imagem do PT.
Citando uma expressão usada num artigo do ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM), ele disse que há uma tentativa de desconstrução da imagem de Lula.
"Estão tentando derreter o Lula para destruir o PT. Eles sabem qual é a liderança, qual é a força politica que tem o PT. Isso já vinha antes de a gente ter a Presidência. Tem uma série de episódios de tentar destruir o PT e destruir o Lula. São os mitos: casa do Morumbi, fortuna do Lula, conta no exterior, uma série de ataques".
Segundo Falcão, o PT também é alvo de ataques. "Era da bagunça, da greve, os barbudos. Isso faz parte da campanha de tentativa de destruição", disse.
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