O ministro Gilmar Mendes, integrante do Supremo e do TSE |
28/08/2015 02h00
Uma gráfica que pode ter repassado propina para o ex-deputado André Vargas, que deixou o PT no ano passado, está entre os alvos da investigação promovida pelo ministro Gilmar Mendes, integrante do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), nas contas da campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição.
A gráfica Braspor emitiu uma nota fiscal de R$ 350 mil como comprovante de prestação de serviços à campanha de Dilma que não foi declarada pelo comitê da petista à Justiça Eleitoral. Por isso, caiu na malha fina do TSE.
A empresa é fornecedora do PT há anos e também prestou serviços a outros partidos, como o PSDB e o PSB. Ela virou alvo da Lava Jato ao lado de várias firmas que repassaram dinheiro a uma empresa fantasma de André Vargas, hoje preso em Curitiba por suspeita de envolvimento com a corrupção na Petrobras.
Entre 2013 e 2014, a Braspor fez ao menos três depósitos na conta da LSI, a empresa mantida por Vargas. Os pagamentos somaram R$ 79 mil.
Segundo o Ministério Público, o dinheiro era pago por indicação da agência de publicidade Borghi/Lowe, que tinha vários contratos com o governo. Ela subcontratava as firmas para executar serviços e, em troca, pedia que repassassem parte dos ganhos à empresa de Vargas.
Ao examinar as contas da campanha de Dilma, o TSE encontrou a nota fiscal da Braspor mas não localizou referência à gráfica na prestação de contas do PT. Por isso, o ministro Gilmar Mendes incluiu a Braspor numa lista de empresas que mandou a Secretaria de Fazenda do Estado de São Paulo investigar.
Só em São Paulo, Mendes pediu que a Fazenda checasse a situação de 20 empresas que prestaram serviços à campanha de Dilma. O ministro também pediu informações a órgãos de outros Estados, como Santa Catarina.
Os fiscais da Fazenda paulista estiveram na Braspor e relataram a Mendes que a gráfica confirma ter sido contratada pelo PT, mas diz que não recebeu o pagamento pelo serviço prestado até hoje.
Procurado pela Folha, Paulo André, um dos sócios da Braspor, disse que produziu 35 mil triedos, uma espécie de totem de papelão com três faces, com imagens de Dilma e do então candidato do PT a governador de São Paulo, Alexandre Padilha. Ele diz que ficou "chateado" por não ter recebido pagamento.
Nesta semana, Gilmar Mendes pediu ao Ministério Público de São Paulo que investigue uma empresa registrada em nome da empregada doméstica Angela Maria do Nascimento, em Sorocaba (SP), que recebeu R$ 1,6 milhão da campanha petista.
OUTRO LADO
Por meio de nota, o PT afirmou que a Braspor não aparece na prestação de contas da presidente Dilma Rousseff por nunca ter sido contratada pela campanha.
A versão dos donos da Braspor é que a empresa prestou o serviço, entregou o material de campanha e levou um calote de R$ 350 mil da campanha de Dilma.
"Não faço ideia de por que a campanha não declarou. Lançamos a nota porque era nossa obrigação de fornecedor", disse Paulo André dos Santos Gomes, um dos sócios.
"Fico chateado por não ter recebido até hoje. Não é um valor pequeno", queixou-se.
Sediada em Osasco (SP), a empresa alega ter produzido 35 mil peças de papelão para serem afixadas em cavaletes com imagens de Dilma.
Gomes disse não se lembrar dos pagamentos à empresa do ex-deputado André Vargas, preso na Lava Jato.
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