sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Nas redes sociais, movimentação às vésperas de protesto é mais fraca

Brasil em crise

 
 A movimentação nas redes sociais para os protestos deste domingo (16) foi mais fraca do que a observada antes das outras duas grandes manifestações contra o governo que ocorreram neste ano, em 15 de março e 12 de abril.

Segundo análise de termos relacionados a protestos feitos pela empresa de monitoramento de redes sociais Seekr a pedido da Folha, o assunto foi alvo de pouco mais de 20 mil postagens no Twitter, no Instagram, no YouTube e no Google+, de segunda-feira (10) a quinta-feira (13) desta semana.

É menos da metade dos mais de 45 mil postagens registradas na semana anterior ao protesto de 15 de março. Na véspera do protesto de 12 de abril, foram quase 28 mil.

A pesquisa, porém, não abrange termos específicos de cada um dos protestos. Também não monitora o Facebook e as conversas no aplicativo WhatsApp, por impossibilidade técnica.

De semelhante entre os protestos, há a concentração dos locais das postagens. Em todas as semanas pré-protestos, a maioria veio dos Estados de São Paulo, Rio e Minas Gerais –onde também ocorreram, junto de Brasília, as manifestações com mais pessoas.


Para Eduardo Luiz Prange Júnior, responsável pela pesquisa, um aspecto relevante das interações sobre protestos é o menor embate entre situação e oposição.
"Nas eleições, por exemplo, as duas partes se atacavam muito. Os pró-governo continuam atuando, mas estão menos combatentes", disse. "Ou estão em dúvida sobre a escolha por Dilma ou esperando o desenrolar do noticiário [sobre a Operação Lava Jato ou as "pedaladas fiscais" do governo]".

MILITÂNCIA

A pouca penetração do assunto nas redes sociais também foi observada pela especialista em redes sociais Raquel Recuero, professora da UCPel (Universidade Católica de Pelotas). Segundo ela, há um grupo de contas chamando para os protestos que tem grande interação entre si, mas as mensagens atingem poucos que não são militantes.

"Não é que as pessoas querem ou não querem impeachment. Mas quem fala [nas redes sociais] é militante. Não é como em junho de 2013, quando todo mundo falava", disse Raquel.

Ela lembra que muitas mensagens são reforçadas por usuários robôs ativados por militantes. "A militância robotizada é forte, principalmente no Twitter, o que polui os dados e diminui ainda mais o espaço para discussão, pois o objetivo dela é ajudar a ganhar no grito", disse Raquel.

O cientista político Emmanuel Publio Dias, da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), lembra que não existe mais o "sabor da novidade" do início do ano, quando a Operação Lava Jato começou a atingir políticos e a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, deixou a estatal.

"O tema está cansando. A internet apenas reflete a falta de propostas de mudança da vida real", apontou.



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