sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Alckmin e Aécio adotam táticas distintas para 2018

Os dois homens que vão disputar internamente a vaga de presidenciável do PSDB em 2018 lançarão mão de perfis e estratégias diferentes para tomar a dianteira na sigla. 

A disputa será discreta e só deverá se acirrar após 2016. Até lá, ambos trabalharão juntos, mas desempenhando papeis distintos. Uma amostra desse percurso será dada nesta sexta-feira (14), quando o senador Aécio Neves (MG) e o governador Geraldo Alckmin (SP) se encontrarão publicamente pela primeira vez desde o fim da eleição. 

Aécio, que disputou e perdeu a corrida pelo Planalto neste ano, virá a São Paulo para "agradecer" os votos que recebeu no Estado (64% dos eleitores paulistas optaram por ele). 

O convite foi feito por Alckmin, que estrela situação inversa. Reeleito com facilidade no primeiro turno, o tucano é o anfitrião do Estado mais longevo para o seu partido –com ele, o PSDB chegará a 24 anos no poder. 


Marlene Bergamo - 15.dez.2014/Folhapress
Aécio Neves e Geraldo Alckmin participam de encontro com prefeitos dos Municípios de São Paulo
Aécio Neves e Geraldo Alckmin participam de encontro com prefeitos dos Municípios de São Paulo

Aécio, que descansou apenas sete dias desde a derrota, ainda não tirou o figurino de candidato ao Planalto. 

Desde o fim da disputa, vive uma espécie de terceiro turno permanente. "Esse governo já começa com um certo sabor de final de festa. No Congresso, a percepção que se tem é que quem ganhou fomos nós. O PT está envergonhado pela campanha torpe que fez", disse, por exemplo, nesta quinta (13), em entrevista à rádio Jovem Pan. 

O mineiro promete fazer a oposição mais aguerrida que o PT já enfrentou desde que chegou à Presidência, em 2003. "Será a oposição mais qualificada que qualquer governo já enfrentou no Brasil. Uma oposição profundamente conectada com a sociedade. O brasileiro não aguenta mais. Ele acordou", concluiu. 

Esse é o roteiro que seus aliados pregam: crítica aberta ao governo nas pautas que já lhe renderam frutos durante a disputa, como combate à corrupção, além de viagens pelo país, especialmente no Nordeste, para ampliar seu índice de conhecimento e divulgar duas propostas na região em que teve a menor votação. 

Caberá a Alckmin, de perfil historicamente mais moderado, o que tem sido chamado em seu entorno de "oposição diplomática". 

Ele manterá uma relação respeitosa com Dilma, para não enfraquecer projetos de parceria entre a União e o Estado, mas trabalhará para liderar o bloco de governadores de seu partido, tornando-se uma espécie de "porta-voz" da frente tucana. 

Aliados esperam ainda uma postura mais "nacionalizada" e "otimista". Um integrante do governo avalia, por exemplo, que ao criticar o pessimismo com o país Alckmin já mira a eleição presidencial. Para esse aliado, o paulista mostrou que "quem quer comandar o Brasil não fala contra o próprio país".
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RIVALIDADES NO TUCANATO

Desejo de ser o candidato do PSDB ao Planalto em 2018 opõe Aécio e Alckmin em disputa por poder

Aécio Neves

Senador por MG
PONTOS FORTES
  • Bom desempenho nas urnas em 2014* – Com 48,4% dos votos válidos, o neto de Tancredo Neves foi o candidato tucano à presidência mais votado desde 2002
  • A cara da oposição – Presidente do PSDB, Aécio usará a máquina do partido e o mandato no Senado para se consolidar como o grande nome da oposição a Dilma
PONTOS FRACOS
  • Derrotas em Minas – No Estado em que fez carreira política e que governou por dois mandatos, Aécio teve menos votos que Dilma nos dois turnos
  • Sem vitrine – Aécio não conseguiu eleger Pimenta da Veiga (PSDB) para o governo de Minas. Seu rival, Fernando Pimentel (PT), venceu a disputa no 1º turno
"Se houvesse um Procon das eleições, Dilma estaria sendo hoje instada a devolver o mandato"
Em 12.nov.2014
"Dilma mentiu ao dizer que a inflação estava sob contro-le, que a proposta de independência ao Banco Central iria tirar a comida do trabalhador"
Em 10.nov.2014

Geraldo Alckmin

Governador de SP
PONTOS FORTES
  • Reeleição em São Paulo – Apesar da crise hídrica, o governador conseguiu se reeleger no 1º turno com 57% dos votos válidos -a segunda melhor votação de um candidato ao governo paulista desde a redemocratização
  • Vitrine eleitoral – O tucano governa o maior orçamento do Brasil e também o maior eleitorado (22,4% dos eleitores do país)
PONTOS FRACOS
  • Diplomacia – Como governador, Alckmin tem menos autonomia para criticar o governo federal, já que depende da boa vontade do Planalto para tocar sua gestão
  • Votação fraca em 2006 – O tucano foi o único candidato à presidência que teve um desempenho no 2º turno pior do que no 1º -de 41,6% dos votos válidos, caiu para 39,2%
 
"[Dilma] É uma grande presidenta, que trabalha muito pelos paulistas e pelo Brasil"

Em 10.nov.2011
"Quero dizer à presidenta Dilma que nossas parcerias estão indo muito bem. Temos muito a comemorar"

Em 9.mar.2014, ao falar sobre o Rodoanel, o Ferroanel e a Hidrovia Tietê-Paraná


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