Ex-prefeitos de Marília (SP) Mário
 Bulgareli e José Ticiano Dias Toffoli e três ex-secretários da Fazenda 
do município teriam desviado recursos de saúde e educação para custear 
gastos do Executivo
Por Julia Affonso
O Ministério Público Federal denunciou Mário Bulgareli (PDT) e José 
Ticiano Dias Toffoli (PT), irmão do presidente do Tribunal Superior 
Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal, por desvio de R$ 57 
milhões do Fundo Municipal de Saúde e de atividades escolares para 
custear a folha de pagamento e outros gastos da Prefeitura de Marília, 
interior de São Paulo, entre 2009 e 2012. As verbas eram repassadas pela
 União para saúde e educação.
Três ex-secretários da Fazenda do município também foram denunciados 
por participação no desvio do dinheiro. Mário Bulgareli administrou a 
cidade de janeiro de 2005 a março de 2012, quando renunciou após 
denúncias de irregularidades em sua gestão. Durante o segundo mandato, o
 então prefeito foi responsável pelo desvio de R$ 28,2 milhões 
destinados à saúde e à educação. O vice José Ticiano Dias Toffoli, que 
assumiu o governo após a renúncia de Bulgareli, teria movimentado 
irregularmente outros R$ 28,8 milhões nos dez meses que ficou à frente 
da Prefeitura.
Segundo a Procuradoria, os ex-secretários da Fazenda fizeram as 
transferências por determinação dos ex-prefeitos. Em depoimento, Dias 
Toffoli admitiu o uso irregular do dinheiro. Ele teria afirmado que, 
quando tomou posse do cargo, havia um déficit de aproximadamente R$ 8 
milhões no caixa da Prefeitura, o que o teria obrigado a dar sequência 
aos delitos já praticados pelo antecessor.
O Ministério Público quer a condenação dos denunciados por crime de 
responsabilidade. A pena é de três meses a três anos para gestores que 
aplicarem indevidamente verbas públicas. O procurador da República 
Jefferson Aparecido Dias, autor da denúncia, pede que a Justiça os 
obrigue a reparar os danos causados à União no valor de R$ 33,2 milhões,
 correspondente ao montante de recursos retirados das contas sem a 
devida devolução.
A reportagem tentou contato com o ex-prefeito Dias Toffoli, mas não 
obteve retorno. O advogado de Bulgareli foi contatado, mas estava em 
reunião e não pôde atender.
COM A PALAVRA, O PROCURADOR DA REPÚBLICA JEFFERSON APARECIDO DIAS,QUE
 DENUNCIOU O IRMÃO DO MINISTRO DO SUPREMO E MAIS QUATRO INVESTIGADOS
ESTADÃO: Como começaram as investigações?
JEFFERSON APARECIDO DIAS: No fim do governo do Toffoli. Chegamos aos 
desvios por meio da ONG MATRA, Marília Transparente, de controle social.
 Eles denunciaram. Pegaram cópia de todos os documentos junto aos 
Conselhos Municipais de Saúde e Educação e fizeram uma representação (no
 Ministério Público Federal).
ESTADÃO: Este é o mesmo caso de 2012, quando os bens de Bulgareli e Dias Toffoli foram bloqueados por desvios?
DIAS: Sim. No decreto-lei 201/67 (sobre a responsabilidade dos 
prefeitos e vereadores) tem um crime que é essa aplicação dos custos de 
forma indevida. O mesmo ato dá o ar de improbidade e o tipo penal. O 
processo de improbidade está seguindo.
ESTADÃO: Como foi gasto o dinheiro?
DIAS: Não dá para saber, porque ele foi colocado no caixa da 
Prefeitura e não foi usado em educação e saúde. A ONG denunciou que os 
prestadores não estavam recebendo o dinheiro. A Santa Casa de Marília, 
principalmente, não recebia pelos trabalhos que fazia.


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