O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes disse nesta 
quinta-feira (20) que, diante das cifras da Operação Lava Jato, que 
apura desvios de recursos da Petrobras, o processo do mensalão deveria 
ser julgado num "juizado de pequenas causas". 
"[A ação do mensalão] terá que ser julgada em juizado de pequenas causas
 pelo volume que está sendo revelado nesta demanda, nesta questão [da 
Lava Jato] (...) quando a gente vê aquele caso, uma figura secundária, 
que se propõe a devolver US$ 100 milhões, nós já estamos em um outro 
universo, em outra galáxia", disse. 
Mendes se referiu a Pedro Barusco, que foi gerente-executivo de 
engenharia da Petrobras e fechou um acordo de delação premiada para 
tentar reduzir suas penas. Além de revelar o esquema às autoridades, ele
 se comprometeu a devolver US$ 97 milhões (R$ 252 milhões) que estão numa conta no exterior. 
| Sérgio Lima - 29.out.2014/Folhapress | ||
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| Gilmar Mendes durante entrevista em seu gabinete | 
Para comparar os valores, Mendes destacou que, durante o julgamento do 
mensalão, se falou em R$ 170 milhões em valores desviados. Não se 
avançou nas investigações, contudo, sobre os fundos de pensão, o que 
poderia elevar a cifra. 
"[No mensalão] nós falávamos que estávamos a julgar o maior caso, pelo 
menos de corrupção, investigado, identificado. Claro, nós tínhamos a 
noção de que aquele número decantado era um número provisório, que a 
investigação não tinha sido aprofundada. Se falava mesmo que os fundos 
de pensão ficaram sem uma investigação continuada. Mas nós falamos de R$
 170 milhões", disse. 
Ao comparar a Lava Jato com o mensalão, o ministro também comentou que, 
nem mesmo o processo jurídico e as penas foram capazes de inibir outros 
esquemas de corrupção semelhantes. 
"O lamentável é que tenha ocorrido, quer dizer, já ocorria durante o 
julgamento do mensalão, pelas datas. O lamentável é isto. Nem o 
julgamento do mensalão, nem as penas que foram aplicadas teve qualquer 
efeito inibitório. O que mostra que há uma práxis que compõe uma forma 
de atuar, de gerir, de administrar". 
O ministro ainda disse acreditar que o esquema de desvio de recursos na 
Petrobras não servia apenas para o financiamento de campanhas, mas 
também para o enriquecimento ilícito dos envolvidos. 
"Há um certo argumento, um álibi, que a isso tudo tem a ver com campanha
 eleitoral. Nós estamos a ver que não. Nós estamos a ver que esse 
dinheiro está sendo patrimonializado. Passa a comprar lanchas, casas, 
coisas do tipo". 
Por fim, Mendes destacou que, apesar de os casos penais sendo julgados 
não mais pelo plenário, e sim pelas turmas do STF, com cinco ministros, a
 Lava Jato também será um processo "trabalhoso" para o Supremo. 
FOLHA


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