Sáb, 15/11/2014 às 21:14
Operadores dos dois principais partidos do governo teriam 
recebido ao menos R$ 200 milhões em propinas na Petrobras para 
viabilizar contratos com empreiteiras. Conforme delatores do esquema de 
corrupção na estatal, os pagamentos foram feitos ao ex-diretor de 
Serviços Renato Duque, apontado como integrante do esquema do PT que 
teria como operador o tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, e a 
Fernando Soares, o Fernando Baiano, apontado pela Polícia Federal como 
lobista do PMDB, que indicou Nestor Cerveró para a diretoria da 
Petrobras.
Detalhes sobre o pagamento de suborno, que seria
 uma pre-condição para obter obras na companhia petrolífera, foram 
revelados aos investigadores da Operação Lava Jato pelos executivos 
Júlio Camargo e Augusto Ribeiro, da Toyo Setal, em troca de eventual 
redução de pena. 
Nos depoimentos, eles revelam os valores e as empresas usadas para o repasse do dinheiro aos dois investigados.
O
 relato do delator deu base à sétima fase da Lava Jato, batizada de " 
Juízo Final", deflagrada sexta-feira, quando a cúpula das maiores 
empreiteiras do País e o ex-diretor de Serviços e Engenharia da 
Petrobras Renato Duque, indicado pelo PT, foram presos.
Fernando Baiano está foragido e teve o nome incluído na lista de procurados da Interpol. 
Conforme
 as investigações, os fornecedores da Petrobras pagavam aos supostos 
operadores até 3% de propina para conseguir contratos superfaturados, 
mediante fraude a licitações. Parte desses recursos seria repassada aos 
partidos da base aliada do governo. 
Segundo os 
depoimentos, Fernando Baiano recebeu ao menos US$ 40 milhões (R$ 104 
milhões) para viabilizar o fornecimento de sondas de perfuração. A 
negociação foi feita com a Diretoria Internacional da Petrobras, sob o 
comando do ex-diretor Nestor Cerveró. O lobista teria influência na 
área. 
Outros R$ 95 milhões teriam sido pagos a Duque e um 
de seus subordinados na estatal, o então gerente Pedro Barusco, para que
 "arranjassem" contratos para construtoras em ao menos cinco grandes 
obras. 
Segundo as investigações, as propinas eram pagas 
pelas empresas Treviso, Auguri e Piemonte, de Júlio Camargo, contratadas
 pelas empreiteiras como intermediárias junto à Petrobras. Parte da 
comissão recebida por elas era transferida a Duque e Soares, conforme os
 depoimentos feitos na delação. 
À força-tarefa encarregada
 das investigações, Camargo disse que o grosso dos pagamentos a Duque 
foi feito no exterior, em contas indicadas por ele. Uma delas estava em 
nome da offshore Drenos, mantida no Banco Cramer, na Suíça. Segundo o 
executivo, também foi pago suborno em espécie, no Brasil, por meio de 
empresas controladas pelo doleiro Alberto Youssef, responsável por lavar
 dinheiro do esquema. 
Autoridades suíças já informaram ao Brasil a apreensão de US$ 20 milhões em nome de Barusco. 
Para
 direcionar à Camargo Corrêa uma obra de R$ 1 bilhão na refinaria 
paulista de Henrique Lage (Repav), Camargo diz ter pago R$ 6 milhões 
para Duque e Barusco, a maior parte no exterior. Segundo ele, Eduardo 
Leite, vice-presidente da empreiteira, sabia dos repasses ilegais. 
Na
 Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, o delator 
contou ter azeitado a contratação do Consórcio Interpar, formado pelas 
empresas SOG, Mendes Júnior e Skaska. "Houve solicitação de pagamento de
 vantagem indevida por Duque e Barusco do valor aproximado de R$ 12 
milhões", declarou. 
Na refinaria paranaense, Augusto 
Ribeiro disse que os valores pagos a Duque e Barusco pelo cartel de 
empreiteiras, chamado por ele de "clube", foi de R$ 50 milhões a R$ 60 
milhões entre 2008 e 2011. 
Segundo os executivos houve 
pagamento de propinas para a construção de gasodutos pela Toyo 
(Cabiúnas) e pela Camargo Correa (Urucu-Manaus). Nesses casos, a soma 
dos repasses seria de R$ 5 milhões. 
A defesa de Renato 
Duque informou, por sua assessoria de imprensa, que as notícias sobre 
ilícitos cometidos na estatal, envolvendo o engenheiro, "são decorrentes
 de falsas delações premiadas e, até o momento, sem nenhuma prova".
Barusco não foi localizado.
O
 criminalista Mário de Oliveira Filho, que defende Fernando Baiano, 
repudia com veemência as suspeitas sobre seu cliente. "O sr. Fernando é 
representante no Brasil de duas empresas da Espanha, não é lobista, 
nunca foi operador do PMDB e não fez atos ilícitos." As informações são 
do jornal O Estado de S. Paulo.

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POLÍTICA E ECONOMIA