A nova fase da Operação Lava Jato, que atinge fornecedores da Petrobras
 e resultou na prisão de mais um ex-diretor da empresa (Renato Duque), 
acendeu o sinal amarelo dentro do governo, por causa de seus impactos 
políticos e econômicos, e deve levar a uma "inevitável" reformulação da 
estatal. 
A principal preocupação da equipe da presidente Dilma Rousseff é com o 
risco de a Petrobras entrar num processo de paralisia em alguns setores.
 Isso afetaria não só o desempenho da companhia. Teria impacto na 
economia brasileira, num momento de desaceleração da atividade 
produtiva. 
Um assessor presidencial destaca que a prisão de executivos de 
fornecedores estratégicos da Petrobras pode gerar uma reação defensiva 
destas empresas, parando ou reduzindo o ritmo de obras e serviços da 
estatal. 
| Daniel Marenco - 6.dez.2013/Folhapress | ||
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| A presidente da Petrobras, Graça Foster, na sede da empresa, no centro do Rio | 
Segundo o assessor de Dilma, será preciso fazer algum tipo de negociação
 para que as atividades relacionadas a estas empresas não sejam afetadas
 seriamente a ponto de comprometer as atividades da estatal. 
O clima de preocupação dentro do Palácio do Planalto é assim definido 
por outro auxiliar da presidente: "Você acha que o Brasil está crescendo
 pouco? Imagine com a Petrobras no chão". 
O desabafo traduz o temor de que o escândalo acabe paralisando a estatal.
Dilma sempre considerou a Petrobras uma empresa estratégica para 
impulsionar o investimento. Ela conta com o aumento da produção do 
petróleo do pré-sal para fazer o país voltar a ter taxas de crescimento 
mais elevadas. Neste ano, o país deve crescer próximo de zero. 
Setores do governo avaliam que, para afastar o risco de paralisia, a 
presidente Dilma terá de fazer uma profunda reformulação na Petrobras, 
com reforço em seus mecanismos de transparência e de fiscalização dos 
contratos da empresa.
Segundo a Folha apurou, a reformulação defendida por alguns 
assessores passa, inclusive, pela saída da atual presidente da estadal, 
Maria das Graças Foster, e uma "profissionalização" da diretoria da 
estatal. 
Graça Foster, como é conhecida, foi colocada no comando da empresa pela 
própria Dilma. A avaliação é que ela acabou se transformando em vítima 
do processo de mudança que implementou na estatal sob orientação do 
Palácio do Planalto. 
Segundo técnicos, o estilo centralizador de Graça Foster, adotado para 
exercer maior controle nos procedimentos da empresa, prejudicou alguns 
setores da companhia. Fornecedores reclamam que estão recebendo 
pagamentos por serviços com meses de atraso. 
Assessores próximos da presidente concordam que a Petrobras terá de 
passar por uma reformulação "completa", mas alertam que trocar a 
diretoria agora pode ser ainda mais prejudicial. 
Primeiro, diz um deles, porque não há um nome inquestionável dentro da 
empresa para substituir Graça Foster. Segundo: um nome do mercado só 
aceitaria assumir o posto com "carta branca" para promover as mudanças 
que julgar necessárias, algo difícil de ser aceito pela presidente 
Dilma. 
Avalia-se que uma mudança na empresa teria de vir não só como resposta interna. 
Diante das investigações que estão sendo conduzidas por órgãos dos 
Estados Unidos, como o Departamento de Justiça, teria que mirar, 
principalmente, nos investidores estrangeiros. 


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POLÍTICA E ECONOMIA