Opinião
09/05/2016 13h09
Se vende a imagem de que sairia "lutando" e "com dignidade", conforme
seus assessores espalharam à medida em que seu afastamento se tornou
inexorável, Dilma Rousseff apelou a uma farsa perigosa em sua última
tentativa de manter-se na cadeira.
Usar o inacreditável Waldir Maranhão como marionete de uma artimanha jurídica
que parece ter curtíssima validade e alto poder de disrupção demonstra
que o desespero da petista ultrapassou o limite do direito ao esperneio.
O dólar disparou e a Bolsa de Valores despencou, para ficar nos sinais
mais evidentes e superficiais da confusão armada. Mas o que fica é algo
pior para a imagem do país: o flerte com a baderna institucional.
Pelas informações iniciais da Mesa da Câmara, parece não haver como um recurso desses prosperar, por soberano o plenário.
Fora o óbvio: dizer que 367 deputados votaram contra Dilma com um
cabresto imposto pela orientação partidária é despropositado. Há muito a
criticar no comportamento dos parlamentares naquele dia 17 de abril,
mas certamente ninguém votou com uma arma na cabeça.
Como agravante, Dilma se fez de desentendida em discurso no começo da tarde.
Se há alguma tentativa de golpe no país, como choramingam os petistas,
ele passa por esse tipo de ação contra a normalidade institucional.
Por estarmos numa República que insiste em sua vocação bananeira, tudo
parece possível, e novamente o Supremo Tribunal Federal deverá ser
instado a imiscuir-se em questões de outro Poder - desta vez por culpa
de um terceiro, o Executivo.
Nessas horas ganha atualidade a famosa frase de um embaixador brasileiro
em Paris que é atribuída incorretamente ao presidente francês Charles
de Gaulle: o Brasil não é um país sério.
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