Recuo estratégico Michel Temer decidiu tirar o pé
do acelerador do impeachment. Com isso, o vice busca a neutralidade do
Planalto na disputa pela presidência do PMDB, em março, para ser
reconduzido com tranquilidade ao posto. Se conseguir a unidade da sigla
em torno de seu nome, Temer pavimenta o caminho dos dois desfechos
possíveis para o processo contra Dilma: se a deposição tiver êxito, terá
o leme na mão. Se a proposta não vingar, as pontes com o governo
poderão ser refeitas.
Esperando Godot A ideia é se reeleger ao comando da legenda primeiro e, depois, ver como o impeachment caminha.
Candidato à Geni Aliados de Temer já sentiam,
também, que a posição mais distante do Planalto o transformava em alvo
de vazamentos na Operação Lava Jato. Auxiliares apostam que a bandeira
branca estendida pelo ministro Jaques Wagner (Casa Civil) deve tirar o
vice da linha de tiro momentaneamente.
Ecos de 2013 A oposição aposta na alta das tarifas
do transporte público nas capitais para a retomada do clima de
insatisfação da população — o que pode desaguar no aumento do apoio ao
impeachment da presidente.
Tô dentro, tô fora O relatório da PF sobre as
mensagens de celular trocadas por Leo Pinheiro, ex-presidente da OAS,
tem um índex com o nome de cerca de trinta políticos mencionados nas
conversas, de ministros a parlamentares — não necessariamente
interlocutores do empreiteiro.
Chega mais No capítulo dedicado a Renan Calheiros
(PMDB-AL), a PF identificou seis mensagens em que “constam
manifestações” para encontros entre Pinheiro e o peemedebista –parte
deles na residência oficial do presidente do Senado.
Avec Élégance As trocas mostram também um assessor
de Pinheiro comunicando ao chefe que seria enviada uma gravata ao
senador como presente de aniversário, em setembro de 2013.
Não é meu No texto que encaminhou a seus advogados
para contestar o pedido de seu afastamento do cargo, Eduardo Cunha
escreveu que, em um dos onze pontos elencados pelo Ministério Público, a
peça toma como sua uma mensagem de texto que não veio de seu telefone.
Caso pensado Não foi só para bancar o responsável
que o governo pagou a conta integral das “pedaladas fiscais” em 2015. Ao
quitar a dívida com o BNDES, por exemplo, a Fazenda deu fôlego ao banco
para expandir o crédito e auxiliar Dilma na tentativa de ressuscitar o
PIB.
Dinheiro na roda Devem restar ao BNDES cerca de R$ 15 bilhões para novos empréstimos. A prioridade será o capital de giro de empresas.
Vice de novo A indústria decidiu contestar a
presença do Brasil na lista negra do Departamento do Trabalho dos EUA.
Há anos, o país aparece em segundo lugar, com 16 setores onde há uso de
trabalho forçado ou infantil. A Índia lidera. O temor é que haja dano às
exportações.
A regra não é clara A CNI enviou documento ao
governo dos EUA nesta segunda-feira (4) questionando a metodologia da
pesquisa. Afirma ainda que o Brasil é prejudicado por dar visibilidade
aos casos ao tentar combatê-los enquanto outras nações omitem as
irregularidades.
Reembolso Feliz A prestação de contas do deputado
Celso Russomanno (PRB-SP) revela um hábito curioso do pré-candidato à
Prefeitura de SP: não há mês sem que apareça uma nota do McDonald’s
entre os gastos com alimentação.
Naftalina Reduzir o número de membros do Conselhão
pode ser fácil. No site do colegiado, ainda constam os ex-ministros
Guido Mantega, Miriam Belchior, Ideli Salvatti e Pepe Vargas. O último,
aliás, aparece duas vezes.
TIROTEIO
Haddad diz que a eleição de
subprefeitos irá melhorar a qualidade da gestão. Não precisa disso. Para
melhorar, basta trocar o prefeito.
DE ANDREA MATARAZZO (PSDB-SP), vereador e pré-candidato à Prefeitura
de SP, sobre projeto de Fernando Haddad que prevê eleição para
subprefeitos.
CONTRAPONTO
CHÁVEZ, SEU LINDO
Durante o segundo mandato do ex-presidente Lula, um de seus ministros
buscava um jeito de reclamar dos constantes elogios do petista a Hugo
Chávez, então presidente da Venezuela.
O apoio quase irrestrito do chefe ao polêmico e falastrão mandatário incomodava há tempos o auxiliar, que então se encheu de coragem e afirmou:
— Presidente, desse jeito vai ficar muito difícil defender o senhor — disse o ministro, sorrindo.
Lula retribuiu o sorriso e respondeu sem piscar:
— Meu caro, no dia que outro parceiro render US$ 5 bilhões em divisas, aí eu paro de elogiar o Chávez.
O apoio quase irrestrito do chefe ao polêmico e falastrão mandatário incomodava há tempos o auxiliar, que então se encheu de coragem e afirmou:
— Presidente, desse jeito vai ficar muito difícil defender o senhor — disse o ministro, sorrindo.
Lula retribuiu o sorriso e respondeu sem piscar:
— Meu caro, no dia que outro parceiro render US$ 5 bilhões em divisas, aí eu paro de elogiar o Chávez.
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