Pedro Ladeira - 4.ago.15/Folhapress
O
ex-ministro José Dirceu deixa a superintendência da Polícia Federal em
Brasília e segue para o aeroporto, de onde será transferido para
Curitiba após ser preso na Operação Lava Jato. Leia mais
O controverso livro de memórias lançado pelo ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso no fim do ano passado ganhou um leitor inusitado. Entre
o Natal e o Ano Novo, a obra "Diários da Presidência"
se tornou a principal distração do ex-ministro José Dirceu, que ocupa
desde setembro uma das celas do CMP (Complexo Médico Penal), em Pinhais
(PR).
A leitura dos relatos de FHC foi intercalada com o estudo de uma coletânea de artigos centrada em outro nome estrelado do tucanato: o ex-ministro Pedro Malan (Fazenda).
A escolha surpreendeu amigos e familiares que visitaram Dirceu entre as festas, e o petista chegou a ser questionado sobre o motivo de estar lendo apenas livros de tucanos. "Eles podem voltar a governar o país. Precisamos saber como pensam", respondeu segundo um interlocutor relatou à Folha.
Quando se cansa de estudar os adversários, o ex-ministro prefere se distrair com "A história da alimentação no Brasil", de Luis da Câmara Cascudo, ou às anotações para a publicação de um livro sobre os seus tempos de cárcere na Papuda, presídio em Brasília onde cumpriu pena pelo mensalão, e agora no Paraná, ao ser preso no esteio da 17ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada em agosto.
No fim do ano, Dirceu teve uma agenda intensa de visitas. Políticos, advogados e amigos o viram nas vésperas do Réveillon e familiares puderam levar a ceia para desfrutar com ele na sexta-feira de Natal.
Um "presente" foi ainda pedido pelo ex-ministro para colocar na cela: um colchão especial para seu problema de coluna. A previsão era de que a peça fosse entregue na última semana de dezembro.
Os demais presos da operação que estão no CMP, como o empresário Marcelo Odebrecht, também puderam receber familiares que levaram uma refeição especial para as celebrações natalinas.
NA CARCERAGEM
Já para os que estão na carceragem da Polícia Federal do Paraná, em Curitiba, o sistema foi mais rígido.
A comida era a de sempre, tanto no Natal como no Ano Novo. As visitas ocorreram na quarta-feira, obedecendo ao calendário do resto do ano. Em vez dos 20 minutos usuais, porém, duraram uma hora.
O ex-deputado Pedro Corrêa, por exemplo, recebeu a mulher na semana do Natal. O filho Fábio e o primo Clovis Corrêa foram as visitas do Réveillon. Já o doleiro Alberto Youssef recebeu uma das três filhas no Natal e não escondeu o descontentamento com as regras impostas para sua saída.
O pecuarista José Carlos Bumlai, o mais religioso do grupo, intensificou a leitura da Bíblia e as orações. Como ficou dez dias sem o companheiro de cela, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, que foi beneficiado com uma saída temporária, teve mais espaço para suas práticas.
Bumlai aposentou a camisa social que usava nas primeiras semanas e aderiu a vestimentas mais confortáveis. Passa o dia de tênis sem cadarços, calça e camiseta polo. Aos visitantes que o viram, disse que está se mantendo firme e que não cogita fazer delação premiada.
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