Eduardo Knapp/Folhapress | |
Fachada do prédio Solaris no Guarujá, onde um triplex seria de propriedade de Lula |
31/01/2016 02h00
O engenheiro e funcionário da OAS Igor Pontes, que acompanhou as reformas no tríplex cuja opção de compra pertencia à família de Luiz Inácio Lula da Silva, disse ser possível inferir que a obra estava sendo feita seguindo o gosto do ex-presidente, segundo pessoas que tiveram acesso ao depoimento dele.
Pontes foi ouvido na semana passada por procuradores da força-tarefa da Lava Jato que vieram a São Paulo apurar informações sobre os apartamentos do Condomínio Solaris, no Guarujá (SP), alvo de uma nova fase da operação deflagrada na última quarta-feira (27).
O imóvel era originalmente da cooperativa Bancoop, que depois o repassou à OAS. O Ministério Público suspeita que a empreiteira tenha pago reforma do apartamento para o ex-presidente.
O engenheiro é apontado por testemunhas ouvidas pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, que também investiga o caso, como o principal elo entre a família do petista e a empreiteira OAS, que fez a reforma na unidade 164A, atribuída ao ex-presidente.
Por essa razão, ele é visto como testemunha central no curso da investigação.
O engenheiro Armando Magre, sócio da Talento Construtora, contratada pela OAS para a obra no tríplex, afirmou em dezembro a promotores que Pontes o chamou para fazer serviços de reforma que consistiam em "mudança de layout, troca de acabamento (pintura, piso, elétrica, hidráulica), execução de impermeabilização, refazimento da piscina, troca de escadas e colocação de elevador privativo".
Magre contou também que teve contato com a ex-primeira-dama Marisa Letícia quando estava em reunião com Pontes.
No relato, Magre diz que Marisa entrou no apartamento acompanhada do filho Fábio Luís e de Léo Pinheiro, sócio da OAS que foi condenado a 16 anos de prisão.
As obras foram realizadas entre abril e setembro de 2014, segundo o engenheiro.
VISTORIA
Outra testemunha que afirmou ter presenciado Pontes acompanhando o próprio ex-presidente Lula foi Wellington Aparecido Carneiro da Silva, que trabalhou na OAS entre os anos de 2011 e 2014 como assistente de engenharia.
O ex-funcionário da empresa disse que viu Pontes acompanhar Lula e Marisa Letícia em "uma vistoria padrão" de áreas comuns do condomínio.
Silva relatou que segurou a porta do elevador para ambos e "não acompanhou o casal presidencial; tarefa, pois, incumbida a Igor Pontes".
O engenheiro da OAS também será chamado para depor no Ministério Público do Estado de São Paulo.
Além deles, serão intimados Lula e Marisa Letícia na condição de investigados.
Lula e Marisa negam que tenham participado da reforma no apartamento e dizem que desistiram da opção de compra.
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