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O advogado Nilo Batista, que foi cotado para vaga no Supremo, e Lula, citado em investigações da PF |
14/01/2016 02h00
Com o aperto do cerco de investigações em várias frentes sobre si e seus
familiares, em especial nas operações Lava Jato e Zelotes, o
ex-presidente Lula decidiu reforçar sua defesa: contratou o criminalista
Nilo Batista para seu time de advogados.
Nas palavras de aliados, Lula "tomou consciência de que algo mais grave
pode acontecer". Nesta semana, por exemplo, veio à tona que o delator Nestor Cerveró o citou diretamente em um negócio investigado na Lava Jato.
Até aqui, Lula vinha adotando a tática de mostrar-se como perseguido por
setores do Judiciário e pela imprensa, os quais, na sua retórica,
querem minar eventual nova candidatura dele à Presidência.
O petista não abandonará o discurso, mas chamou Batista para adensar tecnicamente sua defesa nos casos em que vem sendo citado.
Nilo Batista foi governador do Rio de Janeiro em 1994 –era vice de
Leonel Brizola (PDT) quando o pedetista se afastou do cargo para
concorrer à Presidência– e é considerado um dos principais criminalistas
do Estado.
Em 2003, Lula cogitou convidá-lo para assumir uma vaga no Supremo
Tribunal Federal, mas acabou optando por Cezar Peluso, por sugestão do
então ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos.
À Folha, Batista disse que está trabalhando de graça para Lula.
Especula-se que os honorários dos advogados da Lava Jato variem entre R$
3 milhões e R$ 5 milhões, mas alguns figurões chegam a cobrar R$ 15
milhões pelo trabalho.
Segundo Batista, sua estratégia será "mostrar movimentos processuais e
as hipóteses fantasiosas" utilizadas para "criminalizar" o petista.
"Há um esforço para a criminalização do ex-presidente", disse o
advogado, que preferiu não atribuir a prática a nenhuma pessoa ou órgão.
"Não quero fulanizar."
Integrantes da cúpula do PT, por sua vez, reconhecem que recorrer a um
criminalista experiente foi uma maneira de tentar evitar "o ambiente
criado para a prisão de Lula" que identificam.
Auxiliares da presidente Dilma Rousseff também comemoraram a decisão,
vista por eles como a profissionalização da defesa do petista, ainda
tido no Planalto como principal fiador do governo.
SUGESTÃO
A contratação de Batista, que se junta aos advogados Cristiano Zanin
Martins e Roberto Teixeira, foi sugestão do deputado federal Wadih
Damous (PT-RJ), amigo de Lula e que tem coordenado as iniciativas
jurídicas do PT, no Congresso, em defesa do governo.
A primeira atuação do criminalista no caso foi acompanhar o depoimento
que Lula deu à Polícia Federal na quarta-feira (6), em um inquérito da
Operação Zelotes.
O que mais preocupa o ex-presidente é a citação a seu filho caçula, Luis
Cláudio Lula da Silva, dono da LFT Marketing. Segundo a investigação, a
empresa recebeu R$ 2,4 milhões do escritório Marcondes & Mautoni,
que fazia lobby para empresas automotivas.
Lula não é acusado em nenhum dos processos em que seu nome aparece. Mas é
investigado pela Procuradoria da República no Distrito Federal sob suspeita de favorecer a Odebrecht, que pagou palestras e viagens do petista a países onde fez obras financiadas pelo BNDES.
Na Lava Jato, Cerveró disse que foi indicado por Lula para cargo na BR
Distribuidora em reconhecimento pela contratação da Schahin Engenharia. O
negócio, segundo Cerveró, serviu para quitar empréstimo de R$ 12
milhões, no Banco Schahin, que saldou dívidas do PT.
Lula nega a versão, afirma que nunca tratou "com qualquer pessoa sobre
supostos empréstimos ao PT" e que Cerveró foi indicado pelo PMDB.
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