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O ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, em entrevista a jornalistas |
Planalto e oposição avaliam que a série de citações ao ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, colocou o coração do governo mais uma vez como protagonista do escândalo de corrupção na Petrobras.
Os dois polos também concordam que as notícias envolvendo o petista
interrompem um período de "calmaria" no Executivo e contaminam a
tentativa da presidente Dilma Rousseff de engatar uma agenda positiva
antes da retomada do debate sobre o impeachment.
Outro temor é que o partido perca uma alternativa para a disputa
presidencial de 2018. Wagner é apontado como plano B se o ex-presidente
Lula não concorrer.
Dilma está preocupada com o que tem chamado de "tiroteio seletivo"
contra o ministro, mas tem dito que as notícias não abalam a relação
entre os dois nem criam risco à sua permanência no cargo. Segundo
aliados, Dilma ressalta que, até agora, não há indício de que Wagner
tenha obtido vantagem pessoal.
Delator da Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró disse que
o ministro recebeu recursos desviados da Petrobras para sua campanha ao
governo da Bahia, em 2006. A informação foi revelada pelo jornal "Valor
Econômico".
Cerveró disse que o aporte a Wagner foi dirigido pelo então presidente
da Petrobras, Sérgio Gabrielli, que havia decidido transferir para a
Bahia o setor financeiro da estatal. Para isso, OAS e Odebrecht foram
contratadas para construir um prédio em Salvador.
Wagner apareceu ainda em em diálogos com o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, um dos alvos da investigação.
Conversas obtidas no telefone do empreiteiro mostram que, às vésperas da
eleição de 2014, Wagner prometeu interceder pela liberação de recursos
federais para a empresa. Ele também é citado por executivos da OAS como
interlocutor com o governo.
BLINDAGEM
Nesta sexta-feira (8), dirigentes do PT e integrantes do governo se dedicaram à blindagem do ministro.
Secretário de Organização do PT, Florisvaldo Souza disse estar "vendo
novos vazamentos seletivos e novos espetáculos", mencionando políticos
de oposição. Também da Executiva petista, o deputado Paulo Teixeira (SP)
disse que as acusações são "infundadas" e "fofocas de ouvir falar".
Líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE) afirmou que o caso exige que
o Congresso "acompanhe com lupa as investigações e se pronuncie sobre o
assunto tão logo retome suas atividades".
Nos bastidores, a oposição avaliou ainda que a menção a Wagner joga
novamente os holofotes sobre a Casa Civil, pasta que já foi "palco de
muitas crises" nos governos do PT –referência a personagens como José
Dirceu, Erenice Guerra e Antonio Palocci, todos afastados do ministério
em meio à acusações.
A ala do PMDB mais próxima ao vice-presidente, Michel Temer, reagiu com
cautela às menções ao ministro. Pessoas ligadas ao peemedebista dizem
que o caso só explicita "o grau de imprevisibilidade" no ambiente
político.
OUTRO LADO
O ministro Casa Civil, Jaques Wagner (Casa Civil), reagiu nesta sexta
(8) ao trecho trazido a público da delação premiada de Nestor Cerveró
que menciona seu nome.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o petista chamou de "ilação" a acusação do ex-diretor da Petrobras.
O ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli se disse despreocupado. "Estou no Pelourinho, vivendo as energias dos orixás baianos".
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