brasil em crise
Dirigentes e integrantes de partidos da oposição avaliaram que o "cerco
está se fechando" contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após
uma fornecedora afirmar que a Odebrecht pagou pela reforma de um sítio usado por ele e sua família.
Para a oposição, a relação de Lula com as empreiteiras coloca o petista
cada vez mais no centro das investigações da Operação Lava Jato e a
revelação desta sexta (29) "acaba com a blindagem política" do petista.
"As evidências se avolumam e é um assunto que não se esgota. Primeiro o
triplex, agora o sítio. São elementos demolidores", afirmou o presidente
do DEM, senador Agripino Maia. "Em algum momento, esse laço vai se
fechar", concluiu.
O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), diz que as revelações
sobre as relações entre o ex-presidente e empreiteiras envolvidas no
escândalo da Operação Lava Jato colocam o petista "sob grave suspeita".
"São fatos contundentes que minam a blindagem política de Lula e colocam
em xeque a figura quase mítica do ex-presidente", afirmou.
O deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) disse que, agora, o próximo passo é
apurar quem "demandou os serviços das empreiteiras no sítio" de Atibaia,
usado pelo ex-presidente. "Uma obra dessa tem que ser demandada. Nitidamente Lula ficou libertino com essas relações", afirmou.
Para o líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (SP), não foi apenas Lula
que se beneficiou da relação com empreiteiras. "Seu instituto recebeu milhões de empreiteiras por palestras, ele viajou o mundo de carona em jatinhos
dessas empresas, seus filhos também foram beneficiados e ainda temos
'presentes', as reformas que, ao final das investigações, poderão ser
caracterizadas como propina", afirmou o deputado.
Já o líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO) ressaltou que o avanço
das investigações sobre o ex-presidente indicam o favorecimento de lula
junto a empresas investigadas.
"O petrolão não nasceu sem pai. Um esquema criminoso desse, altamente
organizado, tinha um comando que vinha das maiores instâncias do Palácio
do Planalto para manter um grupo no poder e o enriquecimento ilícito de
agentes públicos", disse.
Parlamentares da oposição já falam em criar uma CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) para investigar o suposto uso da Bancoop
(Cooperativa Habitacional dos Bancários) no esquema de lavagem de
dinheiro desviado da Petrobras.
Segundo o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), o partido irá
iniciar o recolhimento das 171 assinaturas necessárias para se criar a
comissão assim que os trabalhos forem retomados no Congresso, na próxima
semana.
"Há indícios muito fortes de que a Bancoop foi utilizada como uma das
lavanderias de recursos drenados da Petrobras. E a Câmara, que já
investigou o mensalão e o petrolão, tem o dever de contribuir com as
apurações deste caso", afirmou o tucano.
A esposa de Lula, Marisa Letícia, adquiriu a opção de compra do imóvel
em 2005 por meio da cooperativa habitacional Bancoop, a antiga titular
do prédio. Em 2014, o tríplex foi totalmente reformado pela OAS. Porém, em novembro de 2015, a assessoria de Lula informou à Folha que a família havia desistido de ficar com o imóvel.
O recuo ocorreu após as informações sobre o apartamento ganharem
visibilidade na imprensa e a Lava Jato levar à prisão o ex-presidente da
Bancoop e ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, além de executivos da
OAS.
Para Sampaio, o fato de Vaccari e Lula terem apartamentos no prédio leva
à conclusão de que ambos podem ter se beneficiado em detrimento de
milhares de outros cooperados da Bancoop. "Logo, uma investigação para
se saber se esses apartamentos foram pagamento de propina também deve
ser feita pela Câmara", disse.
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