Um dia depois de terem a aposentadoria reajustada em 11,28%, os idosos que ganham mais de um salário mínimo descobriram que podem perder boa parte desse aumento para a inflação. Tudo porque o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) já chega a 11,13% na cesta básica de quem tem mais de 60 anos de idade. O número é 0,6 ponto percentual maior que a média nacional, que fechou 2015 em 10,53%.
O Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i) foi divulgado ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mas não foi recebido com muita surpresa no Centro do Recife. Aposentados explicam que tudo está mais caro, da comida ao remédio. Por isso, já não é mais possível fechar as contas do mês apenas com o benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). “Eu me aposentei por invalidez, mas preciso fazer bicos para pagar as contas, porque o benefício não dá”, disse Ivanildo dos Prazeres, de 59 anos.
Bruno Campos/Folha de Pernambuco
O Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3i) foi divulgado ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), mas não foi recebido com muita surpresa no Centro do Recife. Aposentados explicam que tudo está mais caro, da comida ao remédio. Por isso, já não é mais possível fechar as contas do mês apenas com o benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). “Eu me aposentei por invalidez, mas preciso fazer bicos para pagar as contas, porque o benefício não dá”, disse Ivanildo dos Prazeres, de 59 anos.
Bruno Campos/Folha de Pernambuco
“É pouco o dinheiro que vai vir a mais. E, como tudo está mais caro, vamos gastá-lo só para pagar contas”, reclama Marinete Nascimento, 71 anos
“Tudo aumentou muito: comida, remédio, plano de saúde, gás”, explicou Marinete Nascimento, 71, que diminuiu a feira do mês e passou a comprar medicamentos genéricos para fazer o dinheiro render o mês todo. E a economia não deve parar nem após o aumento da aposentadoria, previsto para este mês. “É pouco o dinheiro que vai vir a mais. E, como tudo está mais caro, vamos gastá-lo só para pagar contas”, esclarece. “As outras coisas aumentaram muito mais que a aposentadoria, plano de saúde, gás, comida. Então vou ter que continuar trabalhando em casa para poder cuidar de mim”, reforçou Neusa Monteiro, 69.
O advogado previdenciário Rômulo Saraiva compreende a preocupação dos idosos e explica: a aposentadoria perdeu poder de compra nas últimas décadas. “O benefício era totalmente satisfatório para as despesas domésticas há 20 anos. Mas, hoje em dia, não dá conta de todos os gastos nem com um reajuste de 11%, já que a inflação é alta e muitos dos itens da cesta básica tiveram um reajuste maior do que esse”, disse.
Bruno Campos/Folha de Pernambuco
“As outras coisas aumentaram muito mais que a aposentadoria, plano de saúde, gás, comida. Então vou ter que continuar trabalhando em casa para poder cuidar de mim”, diz Neusa Monteiro, 69 anos
“E o idoso tem mais gastos que as outras pessoas, por isso sente mais a inflação. Essa população consome muito dos produtos mais taxados pelo governo, como remédio, transporte, alimentação e energia”, completa o professor de economia da Faculdade dos Guararapes Roberto Ferreira, que ainda aponta para um novo aumento de preços. “O salário mínimo aumentou e os preços sempre acompanham esse movimento”, afirmou.
De acordo com a FGV, o que mais pesou em 2015 no orçamento dos idosos foram os alimentos, cujo IPC passou de 0,54% para 5,37% entre o terceiro e o quarto trimestre de 2015, sobretudo por causa da alta das hortaliças e dos legumes. Outras seis classes de despesas registraram aumento, como transporte, lazer e saúde também pesaram bastante, que foram puxados pelo aumento da gasolina, da energia elétrica e dos planos de saúde, respectivamente. Por isso, só neste período o IPC-31 registrou acréscimo de 1,64 ponto percentual.
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