A Procuradoria-Geral da República deve denunciar o ex-presidente da
República e senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) no início de
fevereiro, quando pedidos de investigações contra políticos envolvidos
na Operação Lava Jato serão enviados ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo a Folha apurou, autoridades responsáveis pelo caso
consideram já haver ''elementos suficientes'' para denunciar o senador,
sem a necessidade de se colher novas provas por meio de um inquérito, o
que está sendo chamado de ''denúncia direta''.
Em 2014, policiais federais encontraram no escritório do doleiro Alberto
Youssef, em São Paulo, oito comprovantes de depósitos para o senador,
que somam R$ 50 mil. Todos os depósitos foram feitos em dinheiro vivo
nos dias 2 e 3 de maio de 2013.
Alan Marques - 28.abr.2014/Folhapres | ||
Collor discursa na tribuna do Senado sobre a decisão do STF que o inocentou em processo de corrupção |
O doleiro triangulava as operações investigadas envolvendo funcionários
da Petrobras, empreiteiras contratadas pela estatal e políticos.
Procurado nesta terça (13), o gabinete de Collor disse que ele estava fora de Brasília e não deveria se pronunciar.
Logo que as acusações vieram a público, em maio de 2014, Collor subiu à
tribuna do Senado para se defender. Sem explicar a origem de
comprovantes dos depósitos de R$ 50 mil em sua conta, ele negou conhecer
ou manter "relacionamento pessoal ou político" com o doleiro.
Collor se disse vítima de uma campanha difamatória da mídia, que não se
"conforma" em vê-lo inocentado das acusações que levaram a seu
impeachment, em 1992.
Como o senador tem foro privilegiado, a Justiça Federal do Paraná, que conduz a Lava Jato, encaminhou as provas ao STF em julho.
À época, o juiz Sergio Moro, responsável pela operação, disse em
despacho ser ''prematura'' a conclusão de que os depósitos teriam
natureza criminosa, mas que mereciam investigação no foro adequado, ou
seja, no STF.
''A localização em escritório de suposto doleiro de comprovantes de
depósitos em espécie constitui indício de crime'', escreveu Moro.
Quando o material chegou ao STF, o ministro Teori Zavascki, relator dos
processos da Lava Jato, delegou a condução do caso a um juiz que atua em
seu gabinete. Logo depois os documentos foram enviados para a
Procuradoria-Geral da República, que poderia ter iniciado investigações.
Segundo a Folha apurou, isso não foi feito porque o Ministério
Público entendeu ter elementos suficientes para a apresentação de
denúncia, sem colher mais provas.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pode apresentar
denúncias contra autoridades que o Ministério Público considera ter
provas de participação no esquema ou pedir abertura de inquéritos contra
aqueles que têm contra si apenas indícios.
De uma forma ou de outra, inquéritos ou denúncias não significam culpa,
uma vez que somente após o processo e julgamento pelo STF uma autoridade
pode ser condenada.
Outros políticos, como o deputados Luiz Argôlo (SDD-BA) e o ex-deputado
André Vargas (sem partido-PR), também são acusados de envolvimento com
Youssef.
Um dos principais delatores da Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa disse que entre 35 e 40 políticos foram citados por
ele em seu depoimento.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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