Conselheiros da presidente, gente próxima de Dilma Rousseff, até
ministros, diziam ontem que Graça Foster não teria mais condições de
continuar na presidência da Petrobras. Graça estaria "por um fio, mas o
fio está na mão da presidente".
A nova barafunda em torno da troca do comando da Petrobras, óbvio, se
deve à incapacidade da empresa de apresentar balanço que não seja
fajuto, que não superavalie ativos.
Gente do governo dizia ontem que apenas no balanço do quarto trimestre, previsto para abril, apareceria uma conta razoável dos valores perdidos com corrupção direta, superfaturamentos, estouros de orçamentos etc. Até agora, a empresa não sabe bem como fazer tal conta. Os atuais integrantes do conselho divergem sobre métodos e, enfim, temem entrar numa fria ainda maior de reputação ou mesmo em rolos legais se assinaram papéis que acabem na Justiça.
Se Dilma banca a permanência de Graça, qual a novidade? Ou seja, ontem ou no mês passado, Graça estaria onde sempre esteve, sob a guarda de Dilma. As possíveis novidades seriam, segundo essas gentes do governo:
1) Mais ninguém de relevância no governo apoia a permanência de Graça, embora quase ninguém atribua a "culpa" da crise à executiva;
2) "Nomes top do mercado", cotados para assumir postos na direção ou no conselho da empresa, estão ainda mais relutantes de aceitar o convite. Não apenas porque não querem receber a batata quente e envenenada do balanço, mas porque veem dificuldades de modificar os rumos da administração da petroleira. "A gente precisa de uma espécie de Joaquim Levy na Petrobras. Mas o Levy da Petrobras ainda é a Dilma", diz um "nome top".
Sem renovar o conselho da empresa, fica ainda mais prejudicada a estratégia de Dilma de passar um verniz na empresa sem alterar as grandes linhas da política do governo para a empresa (gastos excessivos com conteúdo nacional, participação talvez inviável nos futuro e ora improváveis leilões de exploração do pré-sal etc.).
Estas e outras intervenções do governo, além de gastos excessivos e descumprimento de metas de faturamento, multiplicaram o endividamento relativo da empresa por quase cinco entre 2010 e 2014 (trata-se aqui da relação dívida líquida e Ebitda ajustado).
Sem balanço completo, entre outros muitos problemas, a empresa se arrasta administrativa e perde crédito. Apesar das promessas de cortes de investimentos, de despesas e de venda de ativos, ainda há enormes dúvidas a respeito de como a empresa vai se financiar neste ano (vai precisar do BNDES? De aumento de capital bancado pelo Tesouro).
O nome da crise não é Graça Foster. A simples remoção da executiva também não melhora em nada a reputação ou o estado da empresa. A nomeação de outra diretoria, no entanto, poderia significar uma rendição de Dilma à realidade de que a Petrobras precisa de uma reorientação tão grande quanto a que ocorre agora com a política econômica, sob Joaquim Levy. Essa discussão está aberta, ao menos fora do governo, desde novembro. A novidade agora, ressalte-se, é que muita gente relevante no governo acredita que, sem mudança da diretoria, não irá adiante nem mesmo o insuficiente plano Dilma de recuperar a empresa.
Gente do governo dizia ontem que apenas no balanço do quarto trimestre, previsto para abril, apareceria uma conta razoável dos valores perdidos com corrupção direta, superfaturamentos, estouros de orçamentos etc. Até agora, a empresa não sabe bem como fazer tal conta. Os atuais integrantes do conselho divergem sobre métodos e, enfim, temem entrar numa fria ainda maior de reputação ou mesmo em rolos legais se assinaram papéis que acabem na Justiça.
Se Dilma banca a permanência de Graça, qual a novidade? Ou seja, ontem ou no mês passado, Graça estaria onde sempre esteve, sob a guarda de Dilma. As possíveis novidades seriam, segundo essas gentes do governo:
1) Mais ninguém de relevância no governo apoia a permanência de Graça, embora quase ninguém atribua a "culpa" da crise à executiva;
2) "Nomes top do mercado", cotados para assumir postos na direção ou no conselho da empresa, estão ainda mais relutantes de aceitar o convite. Não apenas porque não querem receber a batata quente e envenenada do balanço, mas porque veem dificuldades de modificar os rumos da administração da petroleira. "A gente precisa de uma espécie de Joaquim Levy na Petrobras. Mas o Levy da Petrobras ainda é a Dilma", diz um "nome top".
Sem renovar o conselho da empresa, fica ainda mais prejudicada a estratégia de Dilma de passar um verniz na empresa sem alterar as grandes linhas da política do governo para a empresa (gastos excessivos com conteúdo nacional, participação talvez inviável nos futuro e ora improváveis leilões de exploração do pré-sal etc.).
Estas e outras intervenções do governo, além de gastos excessivos e descumprimento de metas de faturamento, multiplicaram o endividamento relativo da empresa por quase cinco entre 2010 e 2014 (trata-se aqui da relação dívida líquida e Ebitda ajustado).
Sem balanço completo, entre outros muitos problemas, a empresa se arrasta administrativa e perde crédito. Apesar das promessas de cortes de investimentos, de despesas e de venda de ativos, ainda há enormes dúvidas a respeito de como a empresa vai se financiar neste ano (vai precisar do BNDES? De aumento de capital bancado pelo Tesouro).
O nome da crise não é Graça Foster. A simples remoção da executiva também não melhora em nada a reputação ou o estado da empresa. A nomeação de outra diretoria, no entanto, poderia significar uma rendição de Dilma à realidade de que a Petrobras precisa de uma reorientação tão grande quanto a que ocorre agora com a política econômica, sob Joaquim Levy. Essa discussão está aberta, ao menos fora do governo, desde novembro. A novidade agora, ressalte-se, é que muita gente relevante no governo acredita que, sem mudança da diretoria, não irá adiante nem mesmo o insuficiente plano Dilma de recuperar a empresa.
Vinicius Torres Freire está na Folha desde 1991. Foi
secretário de Redação, editor de 'Dinheiro', 'Opinião', 'Ciência',
'Educação' e correspondente em Paris. Em sua coluna, aborda temas
políticos e econômicos. Escreve de terça a sexta e aos domingos
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POLÍTICA E ECONOMIA