segunda-feira, 20 de julho de 2015

Aliados aumentam pressão por mudanças na articulação do governo

 O rompimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com o governo aumentou a pressão de aliados para que a presidente Dilma Rousseff faça mudanças no núcleo de sua articulação política.

O principal alvo é o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil), que teve a saída defendida por parte do PMDB e pelo ex-presidente Lula em conversas reservadas.

Uma das opções defendidas pelos governistas seria entregar o cargo para o ministro Jaques Wagner, que comanda a Defesa, pasta que Mercadante assumiria.

  

Pedro Ladeira/Folhapress
Cunha cumprimenta Dilma Rousseff em cerimônia comemorativa ao Dia do Exército, em Brasília
Cunha cumprimenta Dilma Rousseff em cerimônia comemorativa ao Dia do Exército, em Brasília


Nas palavras de aliados, a troca "oxigenaria" a cúpula do governo e abriria um novo canal de interlocução com deputados e senadores. Dilma, no entanto, tem demonstrado resistência.

A presidente comanda na manhã desta segunda (20) uma reunião ampliada de sua coordenação política, com ministros da chamada "cozinha" do Planalto e líderes de partidos da base aliada. Um dos temas será o agravamento da crise institucional.

Na visão de integrantes da coordenação, a dança das cadeiras no núcleo do governo seria fundamental para tentar amainar o clima de turbulência agravado pelo fato de o presidente da Câmara ter deixado de ser um aliado incômodo para se tornar um adversário declarado.

A mudança de postura do peemedebista foi provocada pela acusação do lobista Julio Camargo, um dos delatores da Lava Jato, de que ele foi destinatário de US$ 5 milhões de propina oriundos da corrupção na Petrobras. Cunha atribui ao Planalto pressão sobre o Ministério Público para implicá-lo no caso.

Embora não seja responsável diretamente pela articulação política do governo –a função é do vice-presidente Michel Temer (PMDB)–, Mercadante é apontado, nos bastidores, como responsável por atrapalhar as relações do governo com o Congresso.

Entre as reclamações estão o bloqueio do pagamento de verbas destinadas pelos congressistas no Orçamento para seus redutos eleitorais e nomeações para postos em ministérios e estatais.

Mercadante trabalhou contra a eleição de Cunha para a presidência da Câmara (o governo apoiou o petista de São Paulo Arlindo Chinaglia), o que aumentou seu desgaste dentro do PMDB.

Outra demanda de governistas é para que o ministro peemedebista Eliseu Padilha (Aviação Civil) seja oficializado na função de braço direito de Temer na articulação política. Padilha nega a intenção de assumir o posto.

O governo também espera que as duas semanas do recesso parlamentar, que terminará no início de agosto, deem um fôlego para que o Planalto consiga apaziguar os ânimos no Congresso.

Outra expectativa é a de que, cumprindo a promessa de pagar as emendas a parlamentares e de nomear os cargos do segundo escalão, o governo enfraquecerá Cunha, deixando ele mais isolado.

A previsão é que, até agosto, o governo cumpra as promessas, o que traria uma "normalidade para a articulação política", como descreveu um ministro.

AFASTAMENTO

Neste domingo (19), o deputado Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) uniu-se ao vice-líder do governo, Sílvio Costa (PSC-PE), e à bancada do PSOL na defesa do afastamento imediato do peemedebista.

"Como ele vai ficar na Presidência da Câmara dos Deputados acusado como foi, com todas as letras e toda clareza possível? Fica difícil, imensamente complicado. Não custa deixar o cargo temporariamente", disse Jarbas.

O afastamento de políticos envolvidos na Lava Jato também foi defendido pela ex-senadora Marina Silva, candidata à sucessão presidencial em 2014, em artigo publicado no portal G1. 


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