quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Ex-presidente do STF assume interlocução com empreiteiras

O ex-ministro da Justiça e do Supremo Tribunal Federal Nelson Jobim herdou'' o papel de principal interlocutor das empreiteiras da Operação Lava Jato com o Judiciário, atribuição que era de Márcio Thomaz Bastos até o mês passado, quando o advogado e ex-ministro morreu.

Segundo a Folha apurou, Jobim tem atuado nos bastidores como uma espécie de consultor sênior'' de algumas das empreiteiras por meio de sua ligação com a construtora OAS, um dos alvos da investigação do esquema de corrupção na Petrobras. Ele auxilia o advogado Eduardo Ferrão no processo, desde antes da morte de Bastos. Ferrão é um dos responsáveis pela defesa da OAS.
Mas criminalistas ouvidos pela reportagem afirmam que Jobim acaba por ajudar outras empreiteiras por ter acesso a advogados do caso e pontes com o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. 

Um advogado relatou um encontro, com a presença de Márcio Thomaz Bastos, em que Jobim fez sugestões com outros criminalistas sobre um acordo com o Ministério Público e as empreiteiras acusadas no esquema da Petrobras. A articulação não prosperou. 

Por ter no currículo passagens pelo governo federal e ter presidido o Supremo Tribunal Federal, Jobim é considerado pelos criminalistas o nome mais credenciado para dialogar com o Judiciário no momento em que os executivos das empresas são alvo de acusações. 

"Dos que estão aí, ele é o maior, sem dúvida'', disse um dos defensores do caso sob condição do anonimato. 

Outro motivo que coloca Jobim como porta-voz'' do grupo é sua proximidade com Teori Zavascki. O ministro do Supremo Tribunal Federal é o responsável pelo processo da Lava Jato na corte.

Jobim e Teori são amigos de longa data. O ex-presidente do STF defendeu o nome de Teori para o STF ainda na gestão Lula, mas não foi atendido. Foi só na gestão de Dilma Rousseff que o ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça foi escolhido para integrar a corte mais importante do Judiciário.

Campanhia de Ferrão. Ele também almoçou com Teori em São Paulo antes da eleição presidencial, segundo a Folha apurou.

Amigos de Jobim apontam, no entanto, diferenças de estilo entre ele e Bastos. 

Apesar de interlocução com Judiciário, o ex-ministro não tem boas relações com o governo Dilma, que deixou em 2011 após uma polêmica com as ex-ministra Gleisi Hoffmann (PT-PR) e com Ideli Salvatti (PT-SC).

Outra característica é que Jobim tem menos disponibilidade para as empresas. O ex-ministro foi ao exterior para atender clientes que não estão envolvidos na Lava Jato nas últimas semanas e viajará novamente em meio à denúncia contra as cúpulas das empreiteiras.

Procurado, Jobim não quis responder aos questionamentos da reportagem. A Folha também tentou, sem sucesso, falar com o ministro Teori. A OAS não respondeu. Ferrão não retornou a ligação da reportagem.

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