O ex-presidente em palestra a uma plateia de trabalhadores e sindicalistas
ANDRÉIA SADI
DÉBORA ÁLVARES
DE BRASÍLIA
ESTELITA HASS CARA
DE CURITIBA
05/08/2015 02h00
Enquanto a Executiva Nacional do PT se reunia em Brasília, nesta terça (4), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a amigos que a prisão do ex-ministro José Dirceu só reforça a ''necessidade'' de uma reflexão profunda pelo PT.
A Folha obteve o relato de pessoas que conversaram com o ex-presidente após a prisão. Segundo elas, Lula disse não ter se surpreendido com a medida e que o próprio ex-ministro e homem forte de seu primeiro governo já esperava a nova detenção, tanto que foi à Justiça em busca de habeas corpus preventivos.
Dirceu cumpria prisão domiciliar desde novembro em Brasília pela condenação no escândalo do mensalão e foi transferido nesta terça para Curitiba. Ele é apontado pelo Ministério Público Federal como um dos responsáveis pela criação do esquema de corrupção na Petrobras.
Para Lula, segundo a Folha apurou, mais urgente é evitar uma ''guerra'' com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que pode complicar a vida do governo e do PT no Congresso.
Procurado, o Instituto Lula negou as informações. ''A Folha, ou suas fontes anônimas, tem essa mania de inventar e atribuir declarações e avaliações ao ex-presidente Lula. Isso não é jornalismo político, ou a serviço do leitor. São apenas fofocas.''
No processo do mensalão, Dirceu contou com o apoio público do PT, que avaliou sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal como um ''julgamento político''.
Agora, dirigentes do partido afirmam, nos bastidores, que Dirceu não contará com a mesma solidariedade. Motivo: a Lava Jato indica que ele tirou ''proveito pessoal'' do esquema da Petrobras.
A primeira tentativa do PT de se descolar de Dirceu foi nesta terça-feira, após reunião da Executiva da legenda em Brasília. Em nota, a sigla disse "reafirmar a orientação de combate implacável à corrupção", mas não fez nenhuma referência direta ao petista.
O presidente da legenda, Rui Falcão, acabou se referindo ao companheiro de partido quando questionado se acreditava em sua inocência. "Para mim, qualquer pessoa, não só o José Dirceu, é inocente até que provem o contrário", encerrou.
Perguntado se a ausência de uma manifestação formal do PT sobre a prisão não significava que o partido está abandonando o ex-ministro, Falcão negou.
"Não estamos abandonando nenhum companheiro nosso. Independente de abandonar ou não, não se deve presumir a culpa antes que a culpa seja provada", destacou o líder petista.
Dirceu foi transferido nesta terça para a sede da Polícia Federal em Curitiba. Na rua, cerca de 50 pessoas o aguardavam aos gritos de "ladrão" e "vagabundo". Uma delas soltou fogos quando Dirceu chegou ao local. Entre os manifestantes, havia integrantes de movimentos organizados, como o Acorda Brasil e o Movimento Brasil Livre.
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