quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

Horta na varanda? Veja os melhores suportes, formas de cultivo e espécies

  • Divulgação
    O projeto de Eduardo Luppi tem dois painéis verticais, sendo o da direita, de temperos O projeto de Eduardo Luppi tem dois painéis verticais, sendo o da direita, de temperos

Basicamente, ter uma horta na varanda exige o plantio em vasos ou floreiras e isso significa menor enraizamento da raiz e maior evaporação da água, pois o sol e o calor aquecem as paredes  dos  recipientes.  Assim, dois cuidados são essenciais: regar mais as plantas e alocá-las em recipientes com espaço suficiente para o correto desenvolvimento de cada espécie. Porém, se o  morador  optar  por  vasos  pequenos, ele  deverá estar ciente de que deverá substituir o tempero ou verdura  com  maior  frequência. 

Barbara Gancia: Agressão a Mantega em hospital mostra que estamos passando dos limites

Oba! Agora já sei o que fazer da próxima vez que der de cara com o Paulo Salim Maluf trafegando alegremente ao volante do seu automóvel Bentley pelas ruas do Jardim Europa, ritual que ele costuma empreender com regularidade. 

Ou quando cruzar novamente com José Roberto Arruda, o primeiro governador condenado do Brasil. (Lembra dele, do mensalão do DEM, do vídeo em que aparece manipulando grana de propina?) 

Tempos atrás, fui comer uma feijoca de sábado num restaurante do meu bairro e topei com o figura. Falei bem alto para todo mundo ouvir: "Ué, o senhor não deveria estar preso?" Silêncio no recinto.

Virei-me para os outros comensais e cobrei: "Vocês vão ficar aí fingindo que este cidadão não está aqui?". 

A mesma sensação de cumplicidade silenciosa eu já havia experimentado décadas antes, ao ver uma fila de beija-mão postada à frente da mesa de Luiz Antonio Fleury Filho, o governador paulista "criatura" de Orestes Quércia, logo após malfeitos relacionados à sua administração virem à tona. 

Maluf, ainda e sempre ele, almoça no restaurante que bem entender nos Jardins sem problemas. Ao contrário. Abraçam-no, pedem-lhe autógrafo. 

Pois, que eu saiba, nenhum inquérito foi aberto até agora contra o ex-ministro Guido Mantega. Se dependesse de mim, claro, por conta da permissiva e temerária condução da política fiscal no primeiro mandato do governo Dilma, ele já teria sido confinado a uma existência solitária de infâmia e borrachudos em alguma ilhota da Guiana Francesa, tal e qual um Papillon ítalo-tapuia. 

Mas, que eu saiba, contrariamente aos outros supramencionados, que andam a correr livres feito bororós de bunda de fora antes do desembarque dos portugueses, Mantega não deve à Justiça. 

Bem, no último dia 19, frequentadores da lanchonete do saguão do hospital Albert Einstein hostilizaram frontalmente o ex-ministro e sua mulher, que estava no hospital tratando de um câncer –mas nem que estivesse lá para comprar bombons na loja da Kopenhagen do mezanino. 

Por que? Ora, porque estamos passando dos limites. Aquela gente que ali estava (há um vídeo mostrando o incidente) e que se pôs a gritar até conseguir expulsá-lo do local deveria saber que liberdade de expressão e ofensa/agressão/falta de respeito são coisas totalmente distintas. 

Liberdade de expressão não significa ter o direito adquirido de abrir o orifício de entuchar bolo para dizer qualquer sandice que dê na telha. 

Falar sem censura é um direito adquirido. É como habilitação para dirigir ou o direito de beber. Só pode ser usado por quem tem maturidade. 

E para obter bom senso, há primeiro de se receber educação, limites e aprender a respeitar o próximo. 

O fato de o ex-ministro ter errado (na minha modestíssima opinião) flagrantemente na condução da economia não confere a ninguém o direito de agredi-lo dentro de um local que exige paz e harmonia para seu melhor andamento. 

Caso contrário, daqui a pouco vamos estar questionando se vale ou não o bloco de Carnaval e o rolezinho no saguão do hospital. 

E essa conversa mole de que, se o ministro fosse coerente com sua ideologia, sua mulher deveria estar se tratando no SUS, é moleza de contra-argumentar. 

Quer ver? Por que o Maluf pode ir ao restaurante dos Jardins sem ser xingado e o Mantega não pode? Qual dos dois é procurado pela Interpol? Percebe? 

E por que será que os empresários e o mercado podem transacionar sem culpas com os Bokassas e Idi Amins da vida, declarar amor eterno ao Palocci, seduzir Saddam Hussein e depois matá-lo e assim por diante, mas Lula não pode gostar de um bom Château Pétrus?


sábado, 21 de fevereiro de 2015

O que o dono da UTC sabe é dinamite pura

SISMO - Preso há três meses, o engenheiro Ricardo Pessoa tenta conseguir um acordo de delação premiada com a Justiça para revelar o que sabe sobre o escândalo da Petrobras
SISMO - Preso há três meses, o engenheiro Ricardo Pessoa tenta conseguir um acordo de delação premiada com a Justiça para revelar o que sabe sobre o escândalo da Petrobras (Marcos Bezerra/Estadão Conteúdo)

Muito se discute sobre as motivações que um empreiteiro há três meses preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba teria para contar o que sabe — não por ter ouvido falar, mas por ter participado dos eventos que está pronto a levar ao conhecimento da Justiça. O engenheiro baiano Ricardo Pessoa, dono da construtora UTC, tem várias. A primeira, evidente, é não ser sentenciado pela acusação de montar um cartel de empreiteiras destinado a fraudar licitações na Petrobras, quando a festa pagã de que ele tomou parte na estatal foi organizada pelo PT, o partido do governo. A segunda, também óbvia, é atrair para o seu martírio o maior grupo de notáveis da política que ele sabe ter se beneficiado das propinas na Petrobras e, assim, juntos, ficarem maiores do que o abismo — salvando-se todos. A terceira, mais subjetiva, é, atormentado pela ideia de que tudo o que ele sabe venha a ficar escondido, deixar registrado para a posteridade o funcionamento do esquema de corrupção na Petrobras feito com fins eleitorais. Antes dono de um porte imponente e até ameaçador, Pessoa está magro e abatido. As acusações de corrupção ativa, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa que pesam sobre ele poderiam ser atenuadas caso pudesse contar, em delação premiada, quem na hierarquia política do país foi ora sócio, ora mentor dos avanços sobre os cofres da Petrobras.

“Vou pegar de noventa a 180 anos de prisão”, vem dizendo Ricardo Pessoa a quem consegue visitá-lo na carceragem. Foi com esse espírito que fez chegar a VEJA um resumo do que está pronto a revelar à Justiça caso seu pedido de delação premiada seja aceito. A negociação com os procuradores federais sobre isso não caminha. Pessoa reclama que os procuradores querem que ele fale de corrupção em outras estatais cuja realidade ele diz desconhecer por não ter negócios com elas. Já os procuradores desconfiam que Pessoa está sonegando informações úteis para a investigação. O impasse só favorece o governo, pois o que Pessoa tem a dizer coloca o Palácio do Planalto de pé na areia do mar de escândalos.     

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Boletim de Notícias > Blog Olhar de Coruja 19-02-15

PRINCIPAIS ASSUNTOS:

Aqui entre Nós com Augusto Nunes

Transmitido ao vivo em 11 de fev de 2015
Joice Hasselmann e Augusto Nunes debatem os principais fatos da semana no Aqui entre Nós.


Obra de mega-aquário no Ceará é paralisada a pedido de construtora

Uma das vitrines da gestão do ex-governador Cid Gomes (Pros) no Ceará, a construção do mega-aquário na praia de Iracema, em Fortaleza, foi paralisada por até dois meses.

A pedido da principal responsável pela obra, a empresa americana ICM Reynolds, o secretário de Turismo do Estado, Arialdo de Mello Pinto, determinou a interrupção das atividades nos canteiros.

A suspensão foi iniciada no último dia 6 e deve durar até o atual governo analisar queixas protocoladas pela companhia em dezembro, segundo Pinho, ex-chefe da Casa Civil de Gomes, cujo aliado Camilo Santana (PT) foi eleito como sucessor ao governo. 

"A empresa vem alegando que houve erros em medições e que não houve alguns pagamentos", afirma o titular da pasta. 

Ele, porém, não especifica quais os débitos e erros no projeto apontados pela empresa. A reportagem não conseguiu entrar em contato com a ICM Reynolds. 


Reprodução
Maquete virtual do Acquario Ceará, projeto da gestão Cid Gomes, que deve ser inaugurado em 2014
Maquete virtual do Acquario Ceará, projeto da gestão Cid Gomes, que deve ser inaugurado em 2014
A construção do aquário foi iniciada em 2012 e tinha inauguração prevista para janeiro deste ano, mas o prazo atual para a abertura de portas ao público saltou para o segundo semestre de 2017. 

Atualmente, as obras estão orçadas em cerca de R$ 300 milhões –essa quantia não inclui um estacionamento, ainda sem preço estimado, e uma usina termelétrica exclusiva para alimentar o mega-aquário e que custará R$ 16,2 milhões no total. 

Segundo o portal de transparência do governo do Ceará, já foram pagos R$ 125 milhões às empresas contratadas, sendo R$ 89 milhões para a ICM Reynolds. 

Pinho diz que 65% da estrutura de concreto já está feita, obra que tem como principal responsável a CG Construções, empreiteira que afirma não ter paralisado as atividades. Segundo o secretário, os equipamentos do aquário estão 18% prontos. 

Cid Gomes defendia o projeto, chamado de Acquario Ceará, como meio de atrair turistas o ano inteiro no Estado e inserir Fortaleza "no mapa do mundo". 

"Estou lutando para fazer o aquário, não é pequena a resistência. Acho que é importante para colocar Fortaleza como cidade referencial para o mundo", disse o atual ministro da Educação em 2013, ao responder pergunta da Folha no programa "Roda Viva", da TV Cultura. 

O aquário de 21,5 mil m² e 38 tanques pretende ser o quarto maior do mundo, com 15 milhões de litros de água. 

O governo estima que a atração possa receber até 1,2 milhão de turistas por ano –número próximo ao 1,5 milhão de turistas que se registraram em hotéis em Fortaleza durante o ano de 2011. 

RESISTÊNCIA
 
O projeto é criticado desde o anúncio, em 2009. Em 2013, manifestantes acamparam no entorno dos canteiros para impedir o avanço da obra. 

No mesmo ano, a contratação da ICM Reynolds foi questionada pelo Ministério Público Federal e pelo Ministério Público Estadual, por ter sido feita sem licitação. O governo argumentou que a empresa tinha "notória capacitação" para esse tipo de obra.

FOLHA

Reportagem sobre presídio ganha Grande Prêmio Folha

A série "Barbárie em Pedrinhas", que revelou a selvageria que dominava um complexo prisional do Maranhão, ganhou o Grande Prêmio Folha de 2014, concedido desde 1993 aos melhores trabalhos de profissionais deste jornal. 

A primeira reportagem, de Eduardo Scolese –hoje editor do caderno "Cotidiano"–, trouxe a público o vídeo que mostrava presos da penitenciária de Pedrinhas, em São Luís, exibindo corpos de rivais decapitados num motim. 

Três dias após a primeira reportagem, a segurança no local não melhorou: a repórter Juliana Coissi e a repórter-fotográfica Marlene Bergamo entraram no complexo sem passar por nenhuma revista. Elas circularam livremente pelos pavilhões e registraram, com fotos tiradas de um celular, a precariedade da prisão. 

Um levantamento feito pelo jornal mostrou que o complexo de Pedrinhas respondeu, sozinho, por 28% dos homicídios de detentos nos presídios do Brasil em 2013. 

O júri que escolheu os vencedores desta edição foi integrado pela ombudsman da Folha, Vera Guimarães Martins, pelo diretor-executivo de Circulação e Marketing do jornal, Murilo Bussab, e pelos colunistas Juca Kfouri, Gregorio Duvivier e Leão Serva. 

EBOLA
 
O prêmio de melhor Reportagem foi concedido à série de reportagens "Epidemia de Ebola na África Ocidental": a repórter Patrícia Campos Mello e o repórter-fotográfico Avener Prado foram os únicos profissionais de mídia brasileiros a chegar a Serra Leoa, foco da epidemia. De lá, eles mostraram os fatores culturais que facilitavam o avanço do vírus, as deficiências na estrutura sanitária dos países e os estigmas que afetavam os sobreviventes da doença. 

O relato sobre as condições de vida na antiga Alemanha Oriental e na Polônia no aniversário dos 25 anos da Queda do Muro de Berlim, feito por Leandro Colon, foi premiado na categoria Especial. 

Daniel Marenco ganhou na categoria Foto com a imagem de policiais do Bope hasteando a bandeira brasileira na favela Vila Kennedy, no Rio de Janeiro, após um conflito com traficantes da comunidade vizinha, a Vila Aliança. 

Na categoria Arte, o trabalho vencedor foi "O que a Folha pensa", uma página dupla criada por Uirá Machado –editor de "Opinião"–, Fabio Marra, Catarina Bessel e Márcio Sampaio, que expôs os pontos de vista defendidos pelo jornal. No ano passado, o jornal lançou uma campanha para divulgar suas opiniões sobre temas polêmicos, mas ressaltou seu respeito pelos pontos de vista diferentes. 

A cobertura da derrota da seleção brasileira para a alemã por 7 a 1 na Copa foi considerada o melhor trabalho de Edição. A equipe foi liderada por Naief Haddad –editor do caderno "Esporte"–, Fabio Marra –editor de Arte–, Mateus Benato, José Benedito da Silva e Alan Gripp. 

A reportagem "Os melhores teatros", de Fabiana Seragusa e Rafael Balago, da revista "sãopaulo", ganhou na categoria Serviço com um levantamento sobre os 60 maiores teatros de São Paulo.

Editoria de Arte/Folhapress


FOLHA

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Jornalista revela o homem por trás das campanhas de Lula e Dilma

De Collor pra cá, o marketing político passou a exercer um papel cada vez mais valorizado em uma eleição. Odiado ou admirado, poucos duvidam de que o trabalho do marqueteiro funciona nas campanhas políticas. O eleitor, porém, nem sempre sabe quem são esses profissionais que agem nos bastidores da democracia. 

João Santana elegeu sete presidentes. Ainda assim, ele não era uma celebridade.

Perfil biográfico do homem por trás das campanhas de Lula e Dilma
Perfil biográfico do homem por trás das campanhas de Lula e Dilma

Em 2013, quando os protestos de julho tomaram as ruas, o jornalista Luiz Maklouf Carvalho escreveu um perfil de Santana para a revista "Época". Maklouf o procurou para uma entrevista, mas acabou publicando um livro: "João Santana: Um Marqueteiro no Poder"

O volume reúne dezenas de entrevistas e produz um perfil biográfico do profissional que foi capaz de influenciar os rumos da República. O autor traz informações e levanta alguns episódios polêmicos, como a acusação do "uso profissional da baixaria" na última campanha presidencial. 

"O marketing de Aécio fez uma das campanhas presidenciais mais medíocres, do ponto de vista criativo e estratégico, que o Brasil já viu", disse Santana em uma das entrevistas a Maklouf. 

"Eles fugiram do debate por covardia ou por soberba", diz. "Passaram mais tempo se vitimizando do que contra-atacando ou propondo. Um vazio absurdo de ideias e de argumentos". 

Outras polêmicas
 
Em 2014, Fernando Meirelles, diretor de "Cidade de Deus", chamou o marqueteiro de "João Goebbels Santana", uma referência ao ministro da propaganda nazista. Santana move um processo contra o cineasta e quer reparação por danos morais. 

O jornalista Augusto Nunes, da revista "Veja", também se referiu a ele como "ministro da propaganda", mas omitiu o nome Goebbels. 

O pai de Santana foi prefeito da cidade de Tucano, na Bahia, pela Arena, partido aliado dos militares durante a ditadura. A cidade baiana foi influenciada pela Ação Integralista Brasileira, de ultradireita, e Plínio Salgado, líder do movimento, esteve lá. Uma das escolas do município leva o nome do integralista. 



Formado em direito, o paraense Luiz Maklouf Carvalho foi repórter dos jornais "Jornal do Brasil", "Jornal da Tarde", "O Estado de S. Paulo" e Folha de S.Paulo e das revistas "Piauí" e "Época". Ele recebeu dois Prêmios Jabuti de livro-reportagem por "Mulheres Que Foram à Luta Armada" e "Já Vi Este Filme". O autor também assina "O Coronel Rompe o Silêncio" e "Cobras Criadas"

UOL
 

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Uma nuvem no meio do caminho

Astrônomos amadores descobriram estranhas nuvens em Marte, muito mais altas que as que costumam aparecer no planeta vermelho. Sua natureza até agora é desconhecida e intriga os cientistas.

Imagens revelam estranhas plumas a 250 km de altitude no planeta vermelho. Mistéééério.
Imagens revelam estranhas plumas a 250 km de altitude no planeta vermelho. Mistéééério.

O achado, publicado online ontem pela revista científica britânica “Nature”, mostra duas coisas importantes: uma é que os mistérios marcianos parecem não se esgotar nunca. Outra é que a astronomia amadora continua a ter um papel na linha de frente da ciência.

Marte é monitorado com atenção ao telescópio por centenas de anos. Contudo, ninguém havia visto nada parecido com o que diversos astrônomos amadores observaram em março de 2012. Eles notaram uma protuberância no limbo do planeta (a borda visível dele), algo como uma nuvem bem distante da superfície marciana.

O fenômeno só era perceptível desse ângulo. Não conseguiram notá-lo nem do outro lado do limbo, depois que o planeta dava meia volta em torno de si, nem quando a região sobre a qual a nuvem se projetava estava de frente para o telescópio — no caso, a área conhecida como Terra Cimmeria. Contudo, após uma volta completa do planeta, lá estava a nuvem novamente. Ela durou por vários dias, sumiu, e algo parecido voltou a ser observado em abril, durante outros dez dias.

EM BUSCA DE RESPOSTAS

Baseando-se nas observações feitas pelos amadores, a equipe de Agustin Sánchez-Lavega, da Universidade do País Basco, em Bilbao, na Espanha, passou a investigar o caso. 

Escarafuncharam antigas imagens feitas em observatórios profissionais, assim como em sondas enviadas a Marte, mas não tiveram sucesso em ver outras instâncias do fenômeno — salvo numa sequência de imagens do Telescópio Espacial Hubble obtida em 17 de maio de 1997.

Pela análise das imagens das ocorrências de 2012, Sánchez-Lavega e seus colegas concluíram que as estranhas nuvens aparecem a uma altitude de 200 a 250 quilômetros e passam por mudanças que as fazem desaparecer conforme transitam pelo lado não-iluminado do planeta, para depois voltar a se formar sob a luz do Sol.

A altitude é completamente inesperada. Para que se tenha uma ideia, 250 km não é muito diferente da órbita adotada pela Estação Espacial Internacional (que em sua aproximação máxima da Terra fica a 330 km do chão). Os pesquisadores testaram diversos modelos baseados em partículas de gelo de dióxido de carbono ou de água, e eles poderiam explicar o fenômeno (poeira não faria o mesmo serviço). Alternativamente, poderíamos estar vendo algum fenômeno ligado a auroras — há uma anomalia magnética forte naquela região do planeta.

Contudo, ambas as explicações não casam com o que sabemos da atmosfera superior marciana. Algo está fora da ordem. Agora é hora de os cientistas quebrarem a cabeça para compreender o que estão vendo.

Talvez para alguns isso soe frustrante — depois de décadas de exploração na superfície e na órbita de Marte, ainda somos surpreendidos por fenômenos desconhecidos que podem ser vistos do quintal de casa com um telescópio. Onde fica a tão badalada competência científica nessa hora?

Para o Mensageiro Sideral, é justamente o contrário. A ciência não é só a busca por respostas. É também a busca por novas perguntas. No que diz respeito a Marte, estamos com sorte: acabamos de encontrar mais uma.


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Mudanças climáticas ameaçam segurança alimentar, alertam cientistas


São José, Estados Unidos, 16 Fev 2015 (AFP) - A aceleração das mudanças climáticas e seu impacto sobre a produção agrícola mundial exige que profundas mudanças sociais sejam implementadas nas próximas décadas para alimentar uma população mundial crescente, alertaram cientistas em uma conferência científica anual.

Segundo os cientistas, a produção alimentar terá que dobrar nos próximos 35 anos para alimentar uma população global de 9 bilhões de habitantes em 2050 contra os 7 bilhões atuais.

Alimentar o mundo "implicará algumas mudanças em termos de minimizar o fator climático", disse Jerry Hatfield, diretor do Laboratório Nacional para a Agricultura e o Meio Ambiente.

A volatilidade das chuvas, as secas frequentes e o aumento das temperaturas afetam as lavouras de grãos, razão pela qual será preciso adotar medidas, afirmou Hatfield neste domingo, durante a reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência.

"Se avaliarmos a produção de 2000 a 2050, basicamente teríamos que produzir a mesma quantidade de alimentos que produzimos nos últimos 500 anos", previu.

Mas, globalmente, os níveis de uso da terra e a produtividade continuarão degradando o solo, advertiu.

"No que diz respeito à projeção para o Meio Oeste (dos EUA), estamos convencidos de que as temperaturas aumentarão bastante", afirmou Kenneth Kunkel, climatologista da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica americana, referindo-se à região de maior produção de grãos, situada no centro do país.

Kunkel estudou o impacto do aquecimento global no Meio Oeste americano, onde a maior ameaça para a segurança alimentar é a seca.

A possibilidade é alta que esta região sofra com a pior seca no século XXI entre as registradas no último milênio, representando uma ameaça direta para os moradores da região, alertaram cientistas nesta quinta-feira, na abertura da conferência, celebrada em San José, na Califórnia (oeste).

As mudanças climáticas estão ocorrendo tão rapidamente que os seres humanos enfrentarão em breve uma situação sem precedentes, afirmou Kunkel.

Mas James Gerber, especialista em agricultura da Universidade de Minnesota, disse que reduzir o desperdício de alimentos e o consumo de carne vermelha ajudaria.

A redução do número de cabeças de gado diminui o impacto ambiental, inclusive as emissões de metano, um poderoso gás de efeito estufa.

Gerber disse que os cientistas identificaram "tendências bastante preocupantes", como a diminuição global das reservas de grãos, que dão à sociedade uma importante rede de segurança.

O cientista também expressou sua preocupação sobre o fato de que a maioria da produção de grãos está concentrada em áreas vulneráveis ao aquecimento global. Gerber não descartou um uso maior de organismos geneticamente modificados como forma de aumentar a disponibilidade de alimentos.

Paul Ehrlich, presidente do Centro para a Conservação Biológica, da Universidade de Stanford, disse que o problema requer "uma real mudança social e cultural em todo o planeta".

"Se tivéssemos mil anos mais para resolvê-lo, estaria muito tranquilo, mas podemos ter 10 ou 20 anos" apenas, advertiu. 
UOL

Mais de 600 objetos espaciais reentraram na atmosfera em 2014

  • Nasa
    Em 5 de dezembro de 2014, a cápsula Orion fez seu primeiro voo de rápida duração e pousou no Oceano Pacífico Em 5 de dezembro de 2014, a cápsula Orion fez seu primeiro voo de rápida duração e pousou no Oceano Pacífico
Mais de 600 objetos como satélites fora de serviço, estágios de foguete e outras peças espaciais reentraram na atmosfera em 2014. O montante significa 100 mil quilos de lixo espacial que, felizmente, não causaram vítimas ou danos materiais. A informação foi divulgada pela agência espacial dos Estados Unidos, a Nasa, na 52ª reunião do Subcomité Científico e Técnico do Comité de Espaço das Nações Unidas (Copuos), que se encerrou na sexta-feira (13) em Viena, na Austria.
A queda de lixo espacial foi maior em 2014 do que em anos anteriores em função do pico de atividades solares, o que significa que a atmosfera terrestre se expandiu, causando a "captura" de instrumentos inativos, que de outra forma continuariam em órbita.
O efeito solar provocou uma leve redução no número de fragmentos que medem 10 centímetros de diâmetro ou mais, que giram em órbita baixa, segundo informou a Nasa. Embora tenha reduzido o número de objetos no espaço, a quantidade de lixo espacial, que resulta das atividades desenvolvidas por vários países continua aumentando, chegando a mais de seis mil toneladas no final do ano passado. O volume era de cinco mil toneladas em 2005.
O encontro em Viena é uma oportunidade para que as agências espaciais avaliem as ações e tecnologias que estão adotando com vistas a diminuir o acumulo de lixo ao redor do planeta. Holger Krag, chefe do escritório de Resíduos Espaciais da Agência Espacial Europeia (ESA), disse existir um grande número de satélites em órbita, que não são dotados de propulsores para voltarem à Terra e que estão abandonados há 25 anos.
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Explosão do Challenger completa 29 anos. O que você sabe sobre o ônibus espacial?9 fotos

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O ACIDENTE - O Challenger explodiu 73 segundos após seu lançamento, em 28 de janeiro de 1986. Sete astronautas morreram diante de milhares de pessoas que acompanharam sua decolagem pelo Centro Espacial Kennedy, na Flórida, e pela televisão Bruce Weaver/AP

UOL

BOLETIM DE NOTÍCIAS> Blog Olhar de Coruja 16.02.15

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Promotor que assumiu lugar de Nisman denuncia Cristina Kirchner

O promotor que assumiu o lugar de Alberto Nisman, encontrado morto há quase um mês em seu apartamento, denunciou formalmente à Justiça a presidente Cristina Kirchner, o chanceler Héctor Timerman e seus aliados. 

Gerardo Pollicita encaminhou o pedido nesta sexta (13), afirmando que apresenta as mesmas provas levantadas pelo antecessor Alberto Nisman. 

Antes mesmo de a denúncia chegar à Justiça, o governo reagiu. No início da manhã, o chefe de gabinete da Casa Rosada, Jorge Capitanich, acusou o judiciário de "golpismo" contra a presidente. 

O ministro voltou a desqualificar a denúncia de Nisman, afirmando que a Argentina não teria se beneficiado com um suposto acordo com o Irã. 

Nisman acusava a presidente e aliados de conspirarem para tentar proteger supostos terroristas iranianos, responsáveis pelo atentado à entidade judaica Amia, em 1994. Em troca, a Argentina poderia exportar grãos e importar petróleo do país. 

Além dos integrantes do governo, Pollicita também denunciou o ex-sindicalista Luis D'Elia e o deputado kirchnerista Andrés Larroque, que seriam interlocutores informais do governo argentino com os iranianos.


Alguém tinha alguma dúvida? As duas presidentes do Brasil e da Argentina têm muito do que se orgulhar em matéria de crimes.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Para PMDB, governo Dilma sofre apagão político



O relacionamento de Dilma Rousseff com o partido do vice-presidente Michel Temer atingiu um grau inédito de deterioração. O principal problema é que o PMDB é incapaz de reconhecer a lealdade da presidente da República. E ela é incapaz de demonstrá-la. Na avaliação da cúpula do principal sócio do petismo, a articulação política do governo sofre uma pane. Na noite passada, um cacique peemedebista chamou o fenômeno de “apagão político”.

Segundo esse diagnóstico, Dilma vem perdendo todas as oportunidades que a conjuntura lhe oferece para se achegar ao PMDB. Em consequência, a presidente começa a se tornar uma oportunidade que o PMDB aproveita. A animosidade do Planalto ajudou a resolver a divisão interna da legenda. Antes, havia pelo menos dois PMDBs: o da Câmara e o do Senado. Hoje, esses grupos operam juntos —em sintonia com Temer, um vice que Dilma insiste em tratar como versa.

Desde o reinício das atividades legislativas, em 1º de fevereiro, Dilma sofre uma derrota atrás da outra. Todas têm algo em comum: as digitais do PMDB. Só nesta terça-feira, foram duas, ambas na Câmara. Numa, Eduardo Cunha levou a voto, em turno final, a emenda constitucional que obriga o governo a desembolsar as verbas destinadas pelos congressistas aos seus redutos eleitorais.

Noutra, Eduardo Cunha entregou a um oposicionista, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a presidência da comissão especial que colocará em pé uma proposta de reforma política. O ponto de partida é um anteprojeto cujo conteúdo é o avesso de tudo o que o PT e Dilma gostariam de ver aprovados numa reforma do gênero. O relator da comissão será o peemedebista Marcelo de Castro (PI). Reservou-se para o PT uma insignificante vice-presidência.

Cunha faz tabelinha com Renan Calheiros, que também retira das gavetas do Senado propostas de alterações na legislação político-eleitoral. Planeja-se uma conciliação das propostas. A ideia é preparar um texto comum, para ser votado nas duas Casas legislativas ainda no primeiro semestre. Está combinado que ficarão de fora dois dogmas do PT: o fim do financiamento privado e o voto em lista. A Constituinte exclusiva do PT e o plebiscito de Dilma também irão para o beleléu. Com sorte, o Planalto obterá um referendo. Se bobear, nem isso.

Aos poucos, o espírito irritadiço do PMDB se espraia por todo o condomínio governista. A insatisfação é maior na Câmara. Mas começa a contaminar os aliados do Senado. As duas Casas tramam juntas o próximo bote. Planeja-se derrubar o veto de Dilma à correção de 6,5% na tabela do Imposto de Renda. A votação deve ocorrer em 24 de fevereiro, numa sessão do Congresso, com deputados e senadores.

O Planalto alegou que Dilma passou o percentual de 6,5% na faca porque o Tesouro só conseguiria suportar uma correção de 4,5%. Eduardo Cunha avisou: se quer corrigir a tabela do IR em percentual menor, o governo precisa enviar uma nova proposta ao Congresso, negociando sua aprovação. Do contrário, não restará aos aliados senão ressuscitar os 6,5% que a presidente vetou.

Na prática, Dilma e o PT estão sendo desligados da tomada pelos partidos que deveriam prover a propalada governabilidade. Deu-se algo inusitado: em troca da perspectiva de obter apoio congressual, Dilma formou um ministério loteado e convencional. Arrostou o desgaste. E não vem obtendo a contrapartida. No geral, as bancadas dão de ombros para os pedidos dos “seus” ministros.

Num instante em que o PT é segregado pelos demais partidos, Dilma constituiu um conselho político 100% feito de petistas. Integram o grupo cinco ministros: Aloisio Mercadante (Casa Civil), Pepe Vargas (Relações Institucionais), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência), Jaques Wagner (Defesa) e Ricardo Berzoini (Comunicações). Por que Temer foi excluído desse colegiado?, perguntam-se os peemedebistas, sem obter resposta.

Pepe e Mercadante, os dois principais operadores políticos da presidente, não são levados a sério pelos peemedebistas. “Volta e meia, alguém vai conversar com o Mercadante e não volta nunca mais”, diz um dos generais do PMDB, antes de criticar a “arrogância'' do chefe da Casa Civil. “Quanto ao Pepe, virou piada”, acrescenta. “Ele é do tipo que, para pregar um prego sem martelar o dedo, precisa segurar o martelo com as duas mãos.”

A atmosfera belicosa restituiu ao Palácio do Jaburu a aparência de Quartel General. A exemplo do que já ocorrera no primeiro mandato de Dilma, a residência oficial de Temer tornou-se ponto de encontro dos irascíveis dirigentes do PMDB. Formou-se ali um consenso. Avalia-se que Dilma precisa retomar a iniciativa política antes do final do mês. Por quê?

A deterioração do cenário tende a se aprofundar depois que a Procuradoria da República der à luz os pedidos de investigação contra políticos enroladas na Operação Lava Jato. Diante do pé d’água, Dilma pode não encontrar nenhum guarda-chuva quando olhar para os lados. Quem tiver um, vai abri-lo sobre a própria cabeça, tentando se molhar o mínimo possível.

“Quando a popularidade sorria para a presidente, até os piores defeitos dela se pareciam muito com virtudes'', ironizou um dirigente do PMDB em conversa com o repórter. “Depois que o Datafolha revelou os humores da rua, tem gente achando que Dilma não merece nem 'bom-dia'.''

Não é crime falar de impeachment, diz Aécio

O impeachment da presidente Dilma Rousseff "não está na pauta do PSDB", diz o senador Aécio Neves (MG), mas ele defende os tucanos que têm abordado o assunto. "Não é crime falar", afirmou à Folha. "Desconhecer que há um sentimento de tamanha indignação na sociedade é desconhecer a realidade." 

A análise foi feita pelo tucano um dia depois de o líder de seu partido no Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), bater boca com o petista Lindbergh Farias (RJ) no plenário. A confusão começou após Cunha Lima sustentar que a discussão sobre o impedimento de Dilma é legítima, o que provocou a irritação de Lindbergh. 

"Não está na pauta do nosso partido, mas não é crime falar sobre o assunto, como fez o senador Cássio Cunha Lima", defendeu Aécio. 

Adversário de Dilma nas eleições de 2014, Aécio avalia que a queda abrupta e profunda da popularidade de Dilma, registrada pelo último Datafolha, é fruto de uma série de equívocos cometidos pelo próprio governo e que a oposição tem sido "cautelosa" nos posicionamentos.

Ele diz, por exemplo, que Dilma "foi covarde" ao terceirizar explicações sobre as medidas que adotou na economia. "Escolheu uma pessoa de fora do seu círculo, que provavelmente nem votou nela, para assumir as decisões. Ela se escondeu. Essa covardia abriu espaço para crescer o sentimento de que a presidente mentiu na eleição", diz. 

Para ele, Dilma desagradou não só os que já não apostavam nela, como também sua própria base social. "São dois sentimentos: indignação, de quem não a escolheu e hoje vê ela fazer o que disse que os adversários fariam; e frustração, porque quem votou nela apostou em outro projeto, não nesse." 

Presidente nacional do PSDB, Aécio diz que não vê "hoje elementos jurídicos ou políticos para um pedido de impeachment". Mas avalia que a situação tende a piorar, pela instabilidade das relações no Congresso e o escândalo da Petrobras. 

Por fim, diz que, nessa toada, a equipe de articulação política do Planalto vai levar Dilma para o livro dos recordes. "Vão parar no Guinness. Nunca vi em tão pouco tempo um governo errar tanto."


Em documento, PT cobra coerência de Dilma

Em resolução política aprovada sexta-feira, 06, em Belo Horizonte, o Diretório Nacional do PT cobra coerência entre o discurso adotado durante a campanha eleitoral e a prática adotada nos primeiros dias do governo Dilma Rousseff. No texto de três páginas divulgado nesta terça-feira, 10, o PT diz apoiar o diálogo entre governo e movimentos sociais no sentido de "impedir" que o ajuste fiscal anunciado pelo governo recaia sobre direitos trabalhistas.

"(O partido decide) Propor ao governo que dê continuidade ao debate com o movimento sindical e popular, no sentido de impedir que medidas necessárias de ajuste incidam sobre direitos conquistados - tal como a presidenta Dilma assegurou na campanha e em seu mais recente pronunciamento. Nesse sentido, é necessário formalizar o processo de diálogo tripartite entre governo, partido e movimento sindical e popular, principalmente no que se refere às medidas 664 e 665", diz o documento.

As medidas provisórias 664 e 665, que fazem parte do ajuste fiscal, determinam novas regras que restringem o acesso dos trabalhadores a direitos como seguro-desemprego, abono salarial e auxílio-doença. 

O documento aprovado pela direção petista deixa explícito o mal-estar causado pelas medidas em diversos setores do partido, principalmente as alas sindical e parlamentar. A Central Única dos Trabalhadores, cujos principais dirigentes são ligados ao PT, e representantes das bancadas do partido no Senado e na Câmara trabalham no Congresso para alterar as medidas propostas pelo governo. 

A resolução propõe que o partido recoloque na pauta do dia a criação de um imposto sobre grandes fortunas e uma ampla reforma fiscal como alternativas para reequilibrar as finanças públicas sem restringir direitos trabalhistas. A manutenção destes direitos foi uma das principais promessas de campanha de Dilma, durante um ato em Campinas, que não prejudicaria os trabalhadores "nem que a vaca tussa".

Impeachment

O PT também defende a criação de uma ampla frente popular incluindo partidos de esquerda, movimentos e entidades com objetivo de "ampliar a governabilidade para além do Parlamento". A criação de uma frente de esquerda foi tema do discurso do presidente do PT, Rui Falcão, durante a festa de aniversário de 35 anos da sigla, sexta-feira, na capital mineira.
Na resolução, o partido aponta a necessidade de unificar "propostas democráticas" de reforma política para combater "o permanente flerte com o golpismo daquelas elites que não conseguem vencer nem convencer pelas ideias". O trecho faz parte da estratégia petista de usar as ameaças de impeachment defendidas por setores da oposição como catalisador para reunificar a tropa governista, hoje desagregada devido a divergências quanto aos ajustes fiscais, a disputa pela presidência da Câmara e as denúncias de corrupção investigadas pela Operação Lava Jato. 

Embora volte a defender a apuração dos desvios na Petrobras, o PT cobra que as investigações sejam "conduzidas rigorosamente dentro dos marcos legais e não se prestem a ser instrumentalizadas, de forma fraudulenta, por objetivos partidários" sem, no entanto, esclarecer quais seriam estes interesses. 

O texto foi aprovado um dia depois de o tesoureiro do PT João Vaccari Neto ter sido conduzido à força pela Polícia Federal para depor sobre supostos desvios de dinheiro da estatal para doações ao partido. Vaccari nega as acusações e reclamou, durante a reunião em Belo Horizonte, da forma como foi conduzido pela PF.

O chefe do galinheiro

Uma espécie de jacobinismo sem utopia –formado de preconceitos contra o capital e sem nenhuma imaginação– estava tomando conta do noticiário sobre a Operação Lava Jato. 

Alguém ainda acabaria sugerindo que se enforcasse o último defensor do Estado burguês com a tripa do último empreiteiro. A distorção era fruto da hegemonia cultural das esquerdas no geral e do petismo em particular, financiada, em parte, pelos... empreiteiros! A história não é plana. 

Era assim até ontem –refiro-me ao tempo físico propriamente, não ao histórico. Nesta quinta, veio à luz parte do conteúdo do depoimento de Pedro Barusco à Justiça. Ele estima que, entre 2003 e 2013, João Vaccari Neto, o tesoureiro do PT, recebeu entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões de propina decorrente de contratos das empreiteiras com a Petrobras. 

As empreiteiras são, até aqui, as vilãs do petrolão –e não sugiro que sejam transformadas nem em vítimas nem em heroínas. A questão é saber quem dispõe do aparato legal para regular, punir e reprimir. É o Estado. E esse Estado, fica cada vez mais evidente, foi tomado de assalto. 

Permito-me uma citação em texto próprio. Na sexta passada, escrevi aqui: "É preciso distinguir a ilegalidade como desvio da norma –por obra de salafrários agindo sozinhos ou em bando– daquela outra, sistêmica, que se revela como forma de conquista do Estado, com a constituição de um governo paralelo, gerenciado por um ente de razão degenerado." 

No meu blog, enrosquei com a página do Ministério Público que está na internet. Segundo o que vai lá, as empreiteiras teriam se organizado num cartel para corromper servidores públicos. Depreende-se que a safadeza envolveu, sim, partidos, mas que as ações penais que correm na 13ª Vara da Justiça Federal apuram crimes que poderiam ter existido sem os políticos. É uma fantasia. Querem saber? Chamar a roubalheira institucionalizada, liderada por um partido, de "cartel" ou é erro de tipo criminal ou é licença poética.

Ao arrolar como testemunhas de defesa os petistaços Jaques Wagner, José de Filippi Júnior e Paulo Bernardo, o empresário Ricardo Pessoa, da UTC, deve estar querendo algo mais do que anunciar que esses três indivíduos podem abonar a sua conduta. 

Barusco –que aceitou devolver US$ 97 milhões aos cofres públicos– afirma que Vaccari foi uma espécie de celebrante de um acordo entre a quadrilha que tomava conta da Petrobras e agentes de estaleiros nacionais e estrangeiros. Em pauta, 21 contratos, orçados em US$ 22 bilhões, para a construção de navios-sonda. Um por cento teria de ser convertido em propina: dois terços para o tesoureiro e um terço dividido entre Paulo Roberto Costa e agentes da Sete Brasil. 

Dilma quer socorrer a Sete Brasil com quase R$ 9 bilhões de dinheiro público. Barusco foi diretor de operações da empresa entre 2011 e 2013. Nesta quarta, Rui Falcão, presidente do PT, veio a público para defender a política de "conteúdo nacional" da Petrobras, que deu origem à Sete Brasil.

Não se trata de saber se empreiteiros corrompem porque o PT se deixa corromper ou se o PT se deixa corromper porque empreiteiros corrompem. É besteira indagar quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha. A resposta não está entre a ontologia e a zoologia. A questão que importa é saber quem mandava no galinheiro. 


reinaldo azevedo Reinaldo Azevedo, jornalista, é colunista da Folha e autor de um blog na revista 'Veja'. Escreveu, entre outros livros, 'Contra o Consenso' (ed. Barracuda), 'O País dos Petralhas' (ed. Record) e 'Máximas de um País Mínimo' (ed. Record). Escreve às sextas-feiras.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Ex-ministra Miriam Belchior irá assumir a presidência da Caixa

A ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior será confirmada como presidente da Caixa no lugar de Jorge Hereda. O anúncio pode ocorrer ainda nesta terça-feira (10). 

Uma das missões da nova presidente da Caixa será preparar o banco para uma abertura de capital, ideia levantada por Dilma no fim do ano passado, mas que ela própria disse que será um "processo demorado". 

PLANOS
 
Em dezembro de 2014, a presidente Dilma Rousseff confirmou que iria trabalhar para abrir o capital da Caixa Econômica Federal. 

Em café da manhã com jornalistas, a presidente não deu detalhes de como pretende formalizar a operação, mas, conforme antecipou a coluna Mercado Aberto, da Folha, integrantes do governo acreditam que a medida demorará até dois anos para ser realizada porque a presidente precisa organizar o banco antes de iniciar o processo. 

Segundo ainda a coluna adiantou, o projeto da equipe atual seria fazer uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) daqui a um ano e meio aproximadamente, pois antes da operação, o banco teria de passar por um processo de saneamento. 

A nova equipe econômica, segundo interlocutores, reconhece a pertinência e o fundamento econômico da ideia, mas considera que não está entre as prioridades a serem implementadas de início. 

A abertura de capital geraria recursos importantes para o Tesouro Nacional. Caso a ideia se viabilize em 2016, chegará em boa hora

FOLHA

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Análise: Confiança baixa vai derrubar PIB ainda mais

Faz 20 anos que o sentimento de insegurança econômica não era tão grande, pelo menos nos registros do Datafolha. 


Mais de 80% dos brasileiros acreditam que a inflação vai aumentar, inédito desde 1995. Mas inflações e riscos de descontrole de preços já houve muito maiores até neste século. 


Para 62%, mais gente ficará sem trabalho, ansiedade que não era tão disseminada desde 2001, quando o desemprego era duas vezes e meia maior que o de agora. 


De menos incerto, o que se passa é um choque de confiança forte e súbito, o que já transparecia em pesquisas de ânimo do consumidor, que anda na maior baixa em pelo menos uma década.

Esse desânimo misturado a medo diz mais sobre os dias que virão do que sobre o estado atual da economia. A confiança em baixa vai ajudar a afundar o PIB ainda mais. 


No entanto, de onde veio tamanho mau humor, ainda maior que o dos dias de exasperação entre junho de 2013 e a Copa de 2014? A análise de 20 anos do Datafolha mostra que nem sempre picos de insegurança econômica estão relacionados à inflação do momento ou à piora aguda da economia cotidiana. 


Em 2013, a insegurança explodiu devido ao protesto político. No 2003 de crescimento nulo, desemprego alto e inflação da comida na casa dos 20%, havia grande confiança de que preços e desemprego baixariam. 


O dilúvio de más notícias de janeiro deve ter parte no medo de agora, ainda mais porque se seguiu a uma campanha eleitoral mentirosa, mais que a de 1998 (pré-desvalorização do real), talvez comparável à de 1986. 


Nesse ano, um plano anti-inflacionário popular, o Cruzado e seus preços tabelados, foi mantido artificial e irresponsavelmente até a eleição. Contados os votos, o plano, já falido, foi para o lixo; em 1987, o Brasil quebraria. Foi nessa época que se difundiu a expressão "estelionato eleitoral". 


Para 60% dos brasileiros, diz o Datafolha, Dilma Rousseff disse mais mentiras do que verdades na eleição. Entende-se. Negados na campanha, vieram corte de gastos, alta de impostos, tarifaço etc. 


ÁGUA E LUZ
 

O choque brutal de realidade de resto calhou de ocorrer no momento em que caía a ficha da iminência dos racionamentos. O apagão de janeiro e a notícia de que choveu ainda menos do que o esperado no mês passado causou um sururu: despertou quem ainda dormia para o colapso da oferta de água e luz. 


Enfim, o nervosismo pode advir ainda do fato de que uma geração estreia em uma crise duradoura. Uns 30 milhões de brasileiros viveram suas vidas adultas quase inteiras em ambiente de economia mais estável e de expectativas aumentadas de crescimento. 


Nem de longe o ambiente de agora parece com o das crises recorrentes até o início do século. Mas, para os novatos, o choque pode parecer pior.