quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Petrobras tem seis diretores; só ex-presidente do PT não assinou renúncia

 Escândalo na Petrobras
Além da presidência da companhia, a Petrobras tem outros seis diretores. Cinco desses diretores, segundo comunicado da estatal emitido nesta quarta-feira (4), renunciaram ao cargo com a presidente Graça Foster
 
A Petrobras não informou quais dos seis diretores pediram a renúncia. Porém, só um deles não assinou a renúncia coletiva enviada à presidente Dilma Rousseff: José Eduardo Dutra, afastado por motivos de saúde. 

Um conselheiro afirmou à Folha que cinco dos seis diretores da Petrobras ficaram ao lado de Graça na última reunião do Conselho, dia 27 de janeiro, em que a presidente manteve firme a intenção de divulgar no balanço do terceiro trimestre a conta da corrupção. A estatal informou na ocasião que a conta poderia chegar a R$ 88,6 bilhões, embora o valor não tenha sido incorporado às demonstrações financeiras não auditadas. 

Graça bateu de frente com os ex-ministros Guido Mantega (Fazenda) e Miriam Belchior (Planejamento), representantes do governo federal, acionista controlador da companhia. Os ex-ministros pressionavam para que a estatal dissesse apenas que chegou a um número, mas que ainda não seria o momento de divulgá-lo porque ele não estaria fechado. 

Graça teria argumentado que não queria ser responsabilizada administrativamente no futuro pela não divulgação do valor, caso ele se confirmasse. Em bloco, os cinco diretores apoiaram a chefe na decisão, no episódio derradeiro para a fritura da presidente da empresa.
Um único diretor não teria ficado ao lado de Graça, pendendo para ao lado do controlador: Dutra, que comanda a área de Serviços da estatal e é ex-presidente do PT. Na avaliação do conselheiro, Ele deve ser o único nome a permanecer na estatal com a renúncia da diretoria. 

CONHEÇA A DIRETORIA ATUAL DA EMPRESA
  • ALMIR GUILHERME BARBASSA, diretor da da Área Financeira e de Relações com Investidores desde 2005. Assinou a renúncia
  • JOSÉ ALCIDES SANTORO MARTINS, diretor de Gás e Energia da Petrobras desde 2012. Assinou a renúncia
  • JOSÉ MIRANDA FORMIGLI FILHO, diretor da Área de Negócio de Exploração e Produção desde 2012. Assinou a renúncia
  • JOSÉ CARLOS COSENZA, diretor de de Abastecimento. Assinou a renúncia
  • JOSÉ ANTONIO DE FIGUEIREDO, diretor de Engenharia desde 2012. Assinou a renúncia
  • JOSÉ EDUARDO DE BARROS DUTRA, comanda a Diretoria Corporativa e de Serviços desde 2012. Não assinou a renúncia
Há ainda a diretoria de Governança, Risco e Conformidade, criada neste ano e cujo diretor será João Adalberto Elek Júnior. 

DE FORA
 
A cifra bilionária acabou fora do balanço não auditado referente ao terceiro trimestre de 2014, mas enfureceu a presidente Dilma Rousseff, que considerou a conta descabida e superestimada. Para ela, conforme definiram assessores, a sua mera divulgação foi um "tiro no pé." 

Na opinião de ministros, a chefe da empresa jamais poderia ter deixado que os consultores contratados para fazer o cálculo chegassem a um número tão alto sem contestação da metodologia. 

O episódio acabou deteriorando ainda mais a situação financeira da Petrobras, que perdeu quase 3/4 de seu valor de mercado nos últimos anos devido à política de investimentos considerada inflada e à corrupção. 

O Conselho de Administração da empresa irá escolher uma nova diretoria nesta sexta-feira. A próxima chefia da petroleira terá a missão de apresentar o balanço do quarto trimestre auditado até o fim de abril, já com baixas contábeis necessárias devido ao escândalo de corrupção. 

Caso não cumpra o prazo, a diretoria terá que conversar com credores para a postergação dos resultados. 

No entanto, há credores que acreditam que a empresa já pode ser declarada inadimplente em bilhões de dólares em dívida, mesmo tendo divulgado os resultados atrasados do terceiro trimestre dentro de um prazo autoimposto.


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