De Collor pra cá, o marketing político passou a exercer um papel cada
vez mais valorizado em uma eleição. Odiado ou admirado, poucos duvidam
de que o trabalho do marqueteiro funciona nas campanhas políticas. O
eleitor, porém, nem sempre sabe quem são esses profissionais que agem
nos bastidores da democracia.
João Santana elegeu sete presidentes. Ainda assim, ele não era uma celebridade.
Perfil biográfico do homem por trás das campanhas de Lula e Dilma |
Em 2013, quando os protestos de julho tomaram as ruas, o jornalista Luiz
Maklouf Carvalho escreveu um perfil de Santana para a revista "Época".
Maklouf o procurou para uma entrevista, mas acabou publicando um livro: "João Santana: Um Marqueteiro no Poder".
O volume reúne dezenas de entrevistas e produz um perfil biográfico do
profissional que foi capaz de influenciar os rumos da República. O autor
traz informações e levanta alguns episódios polêmicos, como a acusação
do "uso profissional da baixaria" na última campanha presidencial.
"O marketing de Aécio fez uma das campanhas presidenciais mais
medíocres, do ponto de vista criativo e estratégico, que o Brasil já
viu", disse Santana em uma das entrevistas a Maklouf.
"Eles fugiram do debate por covardia ou por soberba", diz. "Passaram
mais tempo se vitimizando do que contra-atacando ou propondo. Um vazio
absurdo de ideias e de argumentos".
Outras polêmicas
Em 2014, Fernando Meirelles, diretor de "Cidade de Deus", chamou o marqueteiro de "João Goebbels Santana", uma referência ao ministro da propaganda nazista. Santana move um processo contra o cineasta e quer reparação por danos morais.
O jornalista Augusto Nunes, da revista "Veja", também se referiu a ele
como "ministro da propaganda", mas omitiu o nome Goebbels.
O pai de Santana foi prefeito da cidade de Tucano, na Bahia, pela Arena,
partido aliado dos militares durante a ditadura. A cidade baiana foi
influenciada pela Ação Integralista Brasileira, de ultradireita, e
Plínio Salgado, líder do movimento, esteve lá. Uma das escolas do
município leva o nome do integralista.
Formado em direito, o paraense Luiz Maklouf Carvalho foi repórter dos
jornais "Jornal do Brasil", "Jornal da Tarde", "O Estado de S. Paulo" e Folha de S.Paulo e das revistas "Piauí" e "Época". Ele recebeu dois Prêmios Jabuti de livro-reportagem por "Mulheres Que Foram à Luta Armada" e "Já Vi Este Filme". O autor também assina "O Coronel Rompe o Silêncio" e "Cobras Criadas".
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