O senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse nesta
quarta-feira que o governo da presidente Dilma Rousseff quer evitar ao
máximo que seja aberta uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
exclusiva sobre a Petrobras, que deve investigar a compra da Refinaria
de Pasadena (Texas) pela estatal.
“O governo não quer que se investigue absolutamente nada, não quer
investigar cartel, nem portos. O governo apenas quer evitar que se
investigue a Petrobras, porque isso vai trazer desgaste para quem teve
responsabilidades em negócios tão danosos para os brasileiros”, afirmou,
em entrevista ao programa Jornal Boca do Povo, da Rádio Difusora Pantanal, de Mato Grosso do Sul.
O ex-governador mineiro defendeu que a proposta da CPI da Petrobras
não tem como objetivo desgastar o governo, reforçou que o PSDB apenas
cumpriu “seu dever” de fiscalizador das ações do governo e demonstrou
preocupação com a situação da estatal. “A nossa maior empresa vale menos
de metade do que valia há quatro anos atrás. Ela se transformou em uma
das companhias mais endividadas do mundo. Ela deixou as páginas da
economia para habitar as páginas policiais. O Brasil inteiro acompanhou
esse desatino da compra de uma refinaria que valia US$ 45 milhões, que
depois de equívocos sucessivos, foi comprada por US$ 1,2 bilhão”,
afirmou Aécio. “Não é apenas a questão de Pasadena. Em Pernambuco, está
sendo construída uma refinaria chamada Abreu e Lima, que foi orçada
inicialmente em US$ 2,5 bilhões, já gastou US$ 18 bi e não ficará pronta
por menos de US$ 20 bi. Isso é dinheiro da sociedade”, acrescentou.
Quando questionado sobre as indicações políticas a cargos na
Petrobras, Aécio disse que o aparelhamento do Estado brasileiro e das
empresas brasileiras talvez seja a “pior das heranças” que esse ciclo de
governo do PT vai deixar. “Fazer um governo com composições políticas é
do jogo democrático, mas o PT levou isso às ultimas consequências. O
aparelhamento do PT chega ao ascensorista da agência do ministério
tal…”, disparou o tucano.
Sobre a recente queda da presidentes nas pesquisas, o senador
atribuiu o revés às promessas não cumpridas feitas pela petista. Além
disso, o tucano destacou que no Brasil há um crescente sentimento de
mudança. “Hoje, 70% da população quer mudanças totais ou profundas. Não
há ainda uma identificação por parte da sociedade de quem será o
instrumento da mudança. A razão para isso é o desconhecimento dos
candidatos, tanto sobre mim, quanto em relação ao Eduardo (Campos) e
também ao Randolfe (Rodrigues, do Psol)”, explicou Aécio, que demonstrou
estar ansioso para enfrentar Dilma nos debates. “Hoje, há um monólogo
do governo. Quero debater sobre o descalabro da condução econômica,
sobre a demonização que o PT fez durante dez anos em relação às
parcerias do setor privado”, emendou.
‘Aliança branca’
Aécio não descartou a possibilidade de o PSDB lançar candidatura
própria em Mato Grosso do Sul e sinalizou que dificilmente a legenda
tucana se uniria ao PT na disputa estadual. De acordo com o senador,
essa não seria uma aliança natural. “Não haverá alianças estaduais que
contrariem os interesses da direção nacional do PSDB. O que o PT vem
fazendo ao Brasil, o prejuízo que o partido vem causando na gestão
temerária da economia, que nos legará uma inflação alta, com um
crescimento extremamente baixo e uma perda crescente da credibilidade do
País. Nós condenamos tudo isso”, concluiu o senador. AE
Nenhum comentário:
Postar um comentário
POLÍTICA E ECONOMIA