Uma das vitrines da gestão do ex-governador Cid Gomes (Pros) no Ceará, a
construção do mega-aquário na praia de Iracema, em Fortaleza, foi
paralisada por até dois meses.
A pedido da principal responsável pela obra, a empresa americana ICM
Reynolds, o secretário de Turismo do Estado, Arialdo de Mello Pinto,
determinou a interrupção das atividades nos canteiros.
A suspensão foi iniciada no último dia 6 e deve durar até o atual
governo analisar queixas protocoladas pela companhia em dezembro,
segundo Pinho, ex-chefe da Casa Civil de Gomes, cujo aliado Camilo
Santana (PT) foi eleito como sucessor ao governo.
"A empresa vem alegando que houve erros em medições e que não houve alguns pagamentos", afirma o titular da pasta.
Ele, porém, não especifica quais os débitos e erros no projeto apontados
pela empresa. A reportagem não conseguiu entrar em contato com a ICM
Reynolds.
Reprodução | ||
Maquete virtual do Acquario Ceará, projeto da gestão Cid Gomes, que deve ser inaugurado em 2014 |
A construção do aquário foi iniciada em 2012 e tinha inauguração
prevista para janeiro deste ano, mas o prazo atual para a abertura de
portas ao público saltou para o segundo semestre de 2017.
Atualmente, as obras estão orçadas em cerca de R$ 300 milhões –essa
quantia não inclui um estacionamento, ainda sem preço estimado, e uma
usina termelétrica exclusiva para alimentar o mega-aquário e que custará
R$ 16,2 milhões no total.
Segundo o portal de transparência do governo do Ceará, já foram pagos R$
125 milhões às empresas contratadas, sendo R$ 89 milhões para a ICM
Reynolds.
Pinho diz que 65% da estrutura de concreto já está feita, obra que tem
como principal responsável a CG Construções, empreiteira que afirma não
ter paralisado as atividades. Segundo o secretário, os equipamentos do
aquário estão 18% prontos.
Cid Gomes defendia o projeto, chamado de Acquario Ceará, como meio de
atrair turistas o ano inteiro no Estado e inserir Fortaleza "no mapa do
mundo".
"Estou lutando para fazer o aquário, não é pequena a resistência. Acho
que é importante para colocar Fortaleza como cidade referencial para o
mundo", disse o atual ministro da Educação em 2013, ao responder
pergunta da Folha no programa "Roda Viva", da TV Cultura.
O aquário de 21,5 mil m² e 38 tanques pretende ser o quarto maior do mundo, com 15 milhões de litros de água.
O governo estima que a atração possa receber até 1,2 milhão de turistas
por ano –número próximo ao 1,5 milhão de turistas que se registraram em
hotéis em Fortaleza durante o ano de 2011.
RESISTÊNCIA
O projeto é criticado desde o anúncio, em 2009. Em 2013, manifestantes
acamparam no entorno dos canteiros para impedir o avanço da obra.
No mesmo ano, a contratação da ICM Reynolds foi questionada pelo
Ministério Público Federal e pelo Ministério Público Estadual, por ter
sido feita sem licitação. O governo argumentou que a empresa tinha
"notória capacitação" para esse tipo de obra.
FOLHA
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