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A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (12) a 28ª fase da
Operação Lava Jato, que tem como alvos o ex-senador do Distrito Federal
Gim Argello (PTB) e a construtora OAS.
O ex-parlamentar foi preso preventivamente. A PF cumpre ainda dois
mandados de prisão temporária, que têm como alvo dois assessores de
Argello, e quatro mandados de condução coercitiva (condução compulsória
por agentes policiais).
Os policiais federais cumprem ainda 14 mandados de busca e apreensão
–entre eles, em um escritório da OAS, em São Paulo. Além de São Paulo,
as medidas estão sendo cumpridas no Rio de Janeiro, em Taguatinga e em
Brasília.
Vanessa Alves/Folhapress | ||
Polícia Federal em escritório da OAS na avenida Angélica, em São Paulo |
A investigação, segundo a PF, mira em indícios de que um integrante da
CPI da Petrobras no Senado e da CPI mista da estatal teria "atuado de
forma incisiva no sentido de evitar a convocação de empreiteiros para
prestarem depoimento, mediante a cobrança de pagamentos indevidos
travestidos de doações eleitorais oficiais em favor dos partidos de sua
base de sustentação".
Gim Argello era o vice-presidente da Comissão, que funcionou em 2014.
Em dezembro, o ex-senador prestou depoimento à PF em Brasília após ser acusado pelo dono da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, de ter atuado para blindar construtoras na CPI. Delator na Lava Jato, Pessoa disse ter pago R$ 5 milhões a aliados do ex-parlamentar.
Conforme a Folha revelou em agosto, o ex-governador José Roberto
Arruda (PR, ex-DEM), o ex-senador Luiz Estevão (PRTB-DF) e o deputado
Alberto Fraga (DEM-SE) confirmaram que Gim Argello viabilizou doações feitas pela UTC nas eleições do ano passado.
Na ocasião, Argello confirmou que seus aliados receberam recursos da
UTC, mas que as contribuições nada têm a ver com os trabalhos da
comissão.
"Como é possível blindar quem quer que seja numa CPI formada por 33
deputados e senadores de diferentes partidos? Isso não existe, não houve
qualquer ilegalidade. E eu não recebi nada da UTC, nem um centavo",
argumentou na CPI.
VITÓRIA DE PIRRO
A nova fase da Lava Jato, Vitória de Pirro, alude à noção clássica de
triunfos militares que acabam por exaurir os recursos e derrotar os
vencedores.
O título surge na semana em que o governo joga tudo para evitar a
abertura do processo de impeachment contra Dilma Rousseff pela Câmara,
oferecendo cargos e verbas a aliados.
O nome vem de Pirro de Épiro (319/318 a.C.-272 a.C), rei grego que
dedicou sua carreira a embates sangrentos com Roma –com o desfecho
conhecido.
Segundo a crônica clássica de Plutarco, durante uma de suas campanhas no
sul da Itália, Pirro comentou com quem lhe congratulou pelo sucesso em
Ásculo (279 a.C): "Outra vitória como esta vai me destruir para sempre".
(GABRIEL MASCARENHAS, FLÁVIO FERREIRA, BELA MEGALE, RAFAEL ANDERY e WESLEY KLIMPEL)
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