sábado, 12 de dezembro de 2015

Pegos de surpresa, grupos anti-Dilma voltam às ruas


brasil em crise

A retomada das ruas pelos movimentos sociais de oposição ao governo Dilma Rousseff, sob a bandeira do impeachment, foi articulada às pressas para acontecer neste domingo (13).

As lideranças foram pegas de surpresa pela decisão do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no último dia 2, de aceitar o pedido de impedimento contra a petista.

"A gente não estava esperando por esta notícia e tivemos de nos reprogramar totalmente. Estamos fazendo o possível", diz Rogério Chequer, do Vem Pra Rua, que trata o ato deste domingo como "esquenta" para eventos maiores a serem agendados.

Além de São Paulo, onde a manifestação está marcada para as 13h na avenida Paulista, estão previstos atos em 24 capitais e outras 46 cidades cidades do país.

Do poder de mobilização das ruas o Planalto pretende tirar a temperatura para definir se trabalha para acelerar ou retardar o rito do pedido de impeachment.

O núcleo mais próximo da presidente avalia contar com votos suficientes para arquivar o pedido de afastamento e quer um desfecho do processo antes de março, na expectativa de que as festas de fim de ano e as férias de verão esvaziem os movimentos de rua.

Caso os grupos anti-Dilma consigam levar para as ruas um número de manifestantes semelhante ao dos protestos do início do ano, quando milhares de pessoas participaram, a estratégia do governo muda, e o Planalto trabalhará para agilizar a tramitação do impeachment sob pena de as mobilizações crescerem ainda mais.

A oposição e o presidente da Câmara, porém, trabalham com o diagnóstico de que em março haverá uma deterioração do quadro econômico, o que impulsionaria nova onda de protestos.

Para Kim Kataguiri, liderança do Movimento Brasil Livre (MBL), o engajamento para este domingo já é maior que o esperado. "Depois da manifestação do dia 15 [de março], participação contabilizada no evento do Facebook deixou de ser termômetro, mas sim o engajamento na página do MBL", explica. "E batemos um recorde com 10 milhões de interações em duas semanas", anima-se.

BONECOLÂNDIA

Mesmo em cima da hora, os movimentos conseguiram articular "efeitos especiais" para levar à Paulista. Pixuleco, o famigerado boneco do ex-presidente Lula vestido de presidiário, vai para a avenida, assim como a boneca batizada de "BanDilma", que representa a presidente com uma máscara preta.

O movimento Nas Ruas também criou um pequeno boneco inflável do juiz Sergio Moro vestido de super-herói, que será comercializado por R$ 10. Os deputados federais Celso Russomano (PRB-SP) e Rogério Rosso (PSD-DF) ganharão bonecos, numa nova modalidade de pressão para que se posicionem favoravelmente ao impeachment.

Integrantes do MBL se organizaram para mandar e-mails e ligar nos gabinetes dos congressistas que ainda não se posicionaram sobre o processo.

Chequer diz que a movimentação tem incomodado. "Não ter posição é embromação. E aqueles que reclamam da cobrança são os que não estão acostumados a sofrer pressão da sociedade que os elegeu, como se não fossem representantes do povo."

O deputado Geraldo Resende (PMDB-MS) publicou em suas páginas nas redes sociais que "uma onda de patrulhamento tomou as redes sociais" e que querem "reduzir o Brasil a um Fla X Flu". "Ninguém vai me obrigar a embarcar nesse jogo em que todos perdem", escreveu.

A data da manifestação deste domingo coincide com o 47º aniversário da edição do AI-5, que cassou direitos civis durante a ditadura. Uma "coincidência absolutamente infeliz", diz Kataguiri.

Grupos a favor do governo convocaram manifestações em defesa de Dilma para a próxima quarta-feira (16).



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