segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Prisão de José Dirceu recoloca PT na mira da Operação Lava Jato

Igo Estrela/ObritoNews/Fato Online
O ex-ministro José Dirceu é preso pela PF em Brasília, durante nova fase da Operação Lava Jato
O ex-ministro José Dirceu é preso pela PF em Brasília, durante nova fase da Operação Lava Jato
IGOR GIELOW
DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
03/08/2015 10h09

A prisão do ex-ministro José Dirceu nesta segunda-feira (3) recoloca o PT, partido à frente do Palácio do Planalto durante todo o período em que a Operação Lava Jato identificou corrupção na Petrobras, em posição de destaque nas investigações.

Não que tivesse perdido o protagonismo, claro. É que, em seu ritmo algo alucinante, a Lava Jato havia recentemente deslocado os holofotes para outros parceiros da coalizão governistas –o PMDB à frente, particularmente com o depoimento acusando o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), de ter recebido US$ 5 milhões.

Dirceu é um símbolo do PT. É chamado até hoje, depois de ter sido condenado e preso no mensalão, de "guerreiro do povo brasileiro" por militantes em encontros. Simpatizantes de classe média intelectualizada do partido até hoje relativizam o tema corrupção quando o personagem é o ex-ministro da Casa Civil.

Ainda assim, ou talvez por ter esse capital, Dirceu se viu preso no âmbito dos dois maiores escândalos de corrupção da história. Enquanto fazia uma "vaquinha" vista com estranheza por membros de tribunais superiores para pagar suas dívidas com a Justiça no mensalão, amealhava milhões de reais com um trabalho de consultoria igualmente nebuloso.

Para a Lava Jato, os R$ 39 milhões que Dirceu ganhou tem em parte origem nas propinas do esquema de drenagem de recursos públicos tripartite investigado: envolvia políticos, empresários e funcionários da Petrobras.

Um desses últimos, o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque, ganha especial importância neste momento. Ele está preso e é apontado como indicado de Dirceu e seu operador no cargo, algo que a defesa do ex-ministro nega. Só que começou a negociar um acordo de delação premiada, algo que arrepia o PT e o Palácio do Planalto, por ser, segundo os investigadores, um homem do partido.

Até aqui, os delatores de dentro da Petrobras, notadamente Paulo Roberto Costa e Pedro Barusco, tinham mais informações sobre outras siglas aliadas do Planalto -não por acaso, uma fatia expressiva da bancada do PP acabou com denúncia aceita no Supremo Tribunal Federal.

Se Duque falar o que esperam Ministério Público e Polícia Federal, o foco será deslocado para a nata do PT.

Mesmo que diga que tudo isso é problema do partido, o Planalto tem vários motivos para se preocupar com o movimento. As operações de Dirceu se deram quando ele não estava mais no governo, mas sua influência e trânsito nas gestões Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff poderá ser demonstrada. Para complicar, a apuração é sobre a Petrobras cujo Conselho de Administração era presidido por sua sucessora na Casa Civil, a mesma Dilma.

Até aqui, ressalte-se, a campanha de Dilma foi citada no escopo das investigações, mas não a figura da presidente. São muitos elementos combustíveis em um ambiente para lá de volátil nesta volta de recesso legislativo. 



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