quinta-feira, 3 de setembro de 2015

PF diverge de Janot e pede que investigação sobre tucano continue


Pedro Ladeira - 10.mar.2015/Folhapress
BRASILIA, DF, BRASIL, 10-03-2015, 15h00: O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) discursa na tribuna do plenário do Senado. Ele se defendeu das acusações que foram feitas pelo procurador geral da república, Rodrigo Janot, ao pedir abertura de inquérito no STF sobre a operação lava jato. (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress, PODER)
O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) discursa na tribuna do plenário do Senado



A Polícia Federal pediu ao STF (Supremo Tribunal Federal) o prosseguimento da investigação sobre o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), ao contrário do que havia decidido o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Em ofício na terça (1º) ao relator do caso no STF, Teori Zavascki, a PF apontou ter recebido novas informações que não eram de conhecimento de Janot quando o chefe do Ministério Público fez seu pedido de arquivamento.

A Polícia Federal ressaltou que os dados não são conclusivos, mas que as dúvidas precisam ser esgotadas.

Segundo a PF, a principal novidade do caso é um e-mail, acompanhado de anexos, enviado em janeiro por uma moradora de Minas Gerais ao Gabinete Pessoal da presidente Dilma Rousseff.

A Presidência, no mesmo mês, reenviou a informação, classificada como "correspondência de cidadã", ao Ministério da Justiça, que a encaminhou à PF para averiguação.

O e-mail aponta qual seria a casa de Belo Horizonte em que o policial federal Jayme Oliveira Filho, o Careca, homem ligado ao doleiro Alberto Youssef, teria entregue R$ 1 milhão, em 2010.

Inicialmente, Careca não soube dizer para qual político entregou o dinheiro. Depois, quando a polícia exibiu uma foto de Anastasia, ele disse que a pessoa era "muito parecida" com o senador.

Youssef não confirmou a informação e, em depoimentos posteriores, Careca permaneceu em silêncio.

A mensagem eletrônica foi objeto de um relatório da PF de Minas, também agora anexado aos autos. Os policiais concluíram pela "compatibilidade entre a narrativa de Jayme e o endereço indicado" na comunicação à Presidência.

O e-mail e o resultado do trabalho de checagem da PF só chegaram no último dia 25 ao grupo de trabalho montado pela PF em Brasília para tocar os inquéritos que apuram envolvimento de autoridades com foro privilegiado no caso Lava Jato, dois dias antes do parecer de Janot.

Em 27 de agosto, Janot solicitou a Teori o arquivamento do inquérito, sob o argumento de que não havia elementos mínimos que justificassem a continuidade da apuração. O pedido ainda está sendo analisado por Teori -os ministros do STF têm adotado como norma confirmar o arquivamento do inquérito quando o pedido é feito pelo procurador-geral.

Após o novo pedido da PF, Teori enviou os autos à PGR, para manifestação.

OUTRO LADO

A assessoria de Anastasia informou que o pedido da PF de prosseguimento da investigação é "baseado em informações anônimas que indicam uma casa que não tem nada a ver com a casa que consta do depoimento de Careca.

"O senador confia no pedido de arquivamento já determinado pelo procurador-geral da República", informou a assessoria do parlamentar.

Anastasia sempre rechaçou a acusação de que tenha recebido recursos do esquema desmontado na Lava Jato e disse desconhecer o policial e Youssef. 



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