Pedro Ladeira/Folhapress | |
O juiz federal Sergio Moro, responsável pela condução dos processos na Operação Lava Jato |
"Há um risco, sim, de que esses processos caiam no esquecimento", afirmou o juiz num almoço e debate organizado pelo Lide - Grupo de Líderes Empresariais, organização liderada por João Doria, pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo.
Moro defende mudanças na Justiça junto com os procuradores da Lava Jato, como a prisão preventiva de quem desvia recursos públicos e a redução das chances de um crime de colarinho branco prescrever.
O magistrado citou a Operação Mãos Limpas, que ocorreu na Itália entre 1992 e 1994, como um exemplo de que casos rumorosos podem resultar em impunidade. Segundo Moro, 40% dos 4.520 investigados na Mãos Limpas foram anistiados ou seus crimes prescreveram.
O juiz afirmou que os empresários têm um papel essencial no combate à corrupção. "A iniciativa privada tem um papel importante em dizer não ao pagamento de propina".
Citando processos da Lava Jato que já julgou, Moro disse que os empresários já condenados endossavam a prática de pagamento de suborno. "Não houve nenhuma extorsão, o que é assustador", disse, mencionando a Camargo Corrêa e a OAS como exemplo.
Moro citou o caso de um empresário de Palermo, na Sicília, que ele considera um verdadeiro herói: Libero Grassi se recusou a pagar propina para a Máfia e conclamou os empresários a segui-lo. "A corrupção não é um problema só do poder público", afirmou o juiz.
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