Pedro Ladeira - 17.set.15/Folhapress | |
O ministro Gilmar Mendes, durante sessão em que abandonou a plenária do Supremo Tribunal Federal |
O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes afirmou nesta
sexta-feira (18) que o PT, da presidente Dilma Rousseff, tinha um
"plano perfeito" para se perpetuar no poder, mas foi atrapalhado pela
Operação Lava Jato.
Gilmar disse que o dinheiro desviado da Petrobras tinha como destino
campanhas eleitorais e, combinado com o final do financiamento privado
de campanha —bandeira antiga do partido—, faria com que o PT fosse a
sigla com mais recursos em caixa.
"O plano era perfeito, mas faltou combinar com os russos", afirmou. " Eles têm dinheiro para disputar eleições até 2038."
O magistrado participou de seminário na sede da Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo), em São Paulo, onde discutiu o
impacto de mudanças na legislação tributária para o setor, ao lado do
presidente da entidade, Paulo Skaf (PMDB) —próximo ao vice-presidente
Michel Temer.
O ministro usou o mesmo argumento
em seu voto, na quarta (16), contra o fim do financiamento privado de
campanha. "O partido consegue captar recursos na faixa dos bilhões de
reais por contratos com a Petrobras e passa a ser o defensor do fim do
financiamento privado de campanha. Eu fico emocionado, me toca o
coração", ironizou, na ocasião.
Gilmar acabou derrotado, já que o STF aprovou o fim do instrumento por 8 votos a 3, na votação que terminou quinta (17).
Para Gilmar, o esquema revelado pela Lava Jato mostrou que a Petrobras
seguia "um modelo de governança corrupta", uma "cleptocracia". Ele
voltou a criticar a ação que definiu o final do financiamento privado,
iniciada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
O processo, segundo o ministro, "não foi feliz do ponto de vista
republicano", porque servia a interesses diretos do PT. Ele também
voltou a criticar a OAB, que chamou de "órgão sindical de advogados".
Para Gilmar, a entidade perdeu relevância nas últimas décadas.
Na sessão de quarta (16) do STF, o ministro afirmou que o PT conseguiu
manobrar a OAB. Ao final do julgamento, ele chegou a se desentender com o
presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski, que concedeu a palavra a um
representante da OAB para rebater o voto do ministro, e acabou
abandonando o plenário, antes de o advogado se manifestar.
Nesta quinta, (17), a OAB fez duras críticas ao ministro
do STF, "repudiando ataques grosseiros e gratuitos, desprovidos de
qualquer prova, evidencia ou base factual" contra a entidade.
"O ato de abandono do plenário, por grotesco e deselegante, esse se
revelou mais um espasmo autoritário de juízes que simbolizam um Poder
Judiciário desconectado da democracia, perfil que nossa população,
definitivamente, não tolera mais", diz trecho da nota da OAB.
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