sábado, 14 de novembro de 2015

O ESTADISTA DE BAIXO GUANDU




Esta matéria só vem a confirmar o que todos nós e o mundo já sabe: Dilma é um fantoche. Estamos órfãos de Pátria. Essa catástrofe nós mostra o quanto é assustador nossas vidas permanecerem entregues à mãos tão desumanas e irresponsáveis. A VALE para ela vale mais que as vidas levadas dentro do mar de lama. Enquanto a VERDADEIRA lama está à salvo, guardada dentro de palácios cercados de lagos límpidos, cercados de jardins, palco de passeios ciclísticos matinais e eventos regados à mordomias inimagináveis bancadas com o dinheiros do povo incrédulo e abandonado  após acreditar em discursos eleitoreiros MENTIROSOS.


Nov 13, 2015
Foi preciso o prefeito de uma cidade pequena do Espírito Santo, Baixo Guandu, para demonstrar ao Brasil a dimensão do vácuo de liderança política que sufoca o país. Ministérios, parlamentares, o governo de Minas, a oposição, as lideranças partidárias, publishers... ninguém chegou perto da clareza, da articulação simples e didática, da assertividade ao fazer as perguntas certas e definir as demandas urgentes de Neto Barros (PcdoB). O contraste de sua fala e cargo com a correspondência em Dilma é mais uma das não-metáforas que definem essa desgraça nacional. Assista ao vídeo. É um documento importante demais para ser ignorado.

Há dois dias fiz alguns posts apontando a neglicência, a falta de compromisso de Dilma com esse ecocídio. Um dia depois a presidente sobrevoou a região de Mariana. E disse que era de responsabilidade da Samarco “arcar com a limpeza”, com multas, com o prejuízo... muitos leitores meus aplaudiram-na. E já começam a pedir minha retratação, já que ela tinha uma resposta clara ao problema.

Vou fingir que a semana de omissão não representa nada. Mas aos que cobram de mim algum reconhecimento à Dilma, digo que se é isso que ela tem a dizer, seria melhor não ter dito nada. Seria mais adequado ter ficado no Planalto cortando zeros de mais pastas, em vez de vir a público nos apresentar esse cataclisma como uma planilha de custos que não cabe ao Estado. Certamente teria sido melhor ter nos poupado desse flyer de uma "visita" com projeto gráfico da campanha eleitoral.

250 milhões de multa? Arcar com a faxina? Responsabilidade de empresa? O governo está disponibilizando recursos? Lamento informar, mas o primeiro e respeitável discurso presidencial que escutei veio do prefeito de Baixo Guandu. Veio de Neto Barros, que, antes de pensar em valores, queria saber das pessoas, dos animais, do enevenenamento da terra e dos alimentos. Queria saber da saúde e da segurança de seus conterrâneos. Que falou na natureza, dos elementos químicos, da cadeia alimentar. Que deu a dimensão do evento antes de falar em cifras. Que perguntou onde estavam os nomes e a presença dos responsáveis por explicações à sociedade. Que questionou quem autorizou, quem fiscalizou, quem operou a barragem. Queria saber quem iria dar as caras em sua cidade para dar satisfações e conter a desgraça. E avisou, sem exaltação, que iria impedir que a Vale seguisse carregando seus minérios por sua cidade.

Quando o Brasil pensa em Dilma - independente das exaltadas paixões – pensa em versões Joãosantânicas dela: a mulher no Planalto ou na jovem guerrilheira. Ou nas projeções políticas: na presidente encurralada, na estadista sem talento. Oscilamos entre a coração valente e a eleita capitulada. Mas quase ninguém lembra de sua maior e mais significativa experiência na política: Dilma foi gestora de Minas e Energia. Foi forjada nessas mesas, nessas planilhas, nessa mentalidade. Ela chegou ao Planalto alçada por Lula, mas sustentada politicamente, filosoficamente, estruturalmente pelo poder do extrativismo.

É onde minha crítica, infelizmente, vira diagnóstico. Pois ao vê-la sobrevoando a morte do Rio Doce, penso que Dilma não consegue ver ali um país. Quanto mais um bioma. Acho que ela vê um rombo, um custo, um acidente. Acho que ela vê, como bem apontou minha amiga Rebeca Lerer, um “efeito colateral chato e inevitável em seu tabuleiro desenvolvimentista”. E o Brasil dopado pelo expansão de consumo e a retração de direitos, segue sendo educado pela Pátria Mineradora a compreender o que é desenvolvimento como sua presidente: em Reais.

Neto Barros é meu herói de hoje. Mas triste o país em que um herói se faz simplesmente por dizer o óbvio. E cuja voz de súbita e maior lucidez política tem o poder de ação correspondente ao do orçamento e às possibilidades de Baixo Guandu. E digo mais. Não duvido que o prefeito Neto Barros seja punido por impedir o trem da Vale muito antes de seus executivos. Afinal, o Rio Doce pode até morrer. Mas o progresso não pode parar.

Então, aos que me acusam de ter sido injusto com a presidente, talvez eu precise me retratar, enfim. Pois hoje, depois de escutá-la, errei em dizer que Dilma foi negligente. Acho que Dilma foi apenas Dilma.

FLUXO


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