domingo, 2 de outubro de 2016

PF investiga Lula por antena próxima a sítio em Atibaia

A antena da Oi próxima ao sítio usado por Lula em Atibaia

 
01/10/2016 23h50
A Polícia Federal do Paraná abriu mais um inquérito para investigar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O foco é a antena da empresa de telefonia Oi instalada nas proximidades do sítio em Atibaia (SP) usado pela família do petista. 


O objetivo da investigação, segundo policiais envolvidos no caso, é apurar as relações entre Lula, a Oi e a Andrade Gutierrez, que era uma das controladoras da empresa de telefonia na época em que foi feita a negociação para instalar a antena, em 2010. 


A PF vai apurar também se o equipamento foi uma contrapartida de algum favorecimento que o ex-presidente possa ter proporcionado a essas companhias. 


Em fevereiro deste ano, a Folha informou que um amigo de Lula, o ex-sindicalista e hoje funcionário da Oi José Zunga Alves de Lima, foi o responsável por conseguir a instalação da antena no terreno próximo ao sítio. O equipamento passou a funcionar em setembro de 2011. 


Segundo a reportagem, Zunga fez as gestões internas na Oi para que a antena fosse colocada como um "presente" para o petista. 


Engenheiros estimam o gasto de R$ 1 milhão para instalá-la e fazê-la funcionar. O equipamento fica a 150 metros da propriedade rural. 


Em 2008, Zunga foi indicado por Lula para integrar o conselho consultivo da Anatel. Dois anos depois foi afastado por conflito de interesses, porque trabalhava na Oi. 


A Andrade Gutierrez, que firmou acordo de delação premiada com os procuradores da Lava Jato, não fez revelações sobre o episódio. 


Segundo a Folha apurou, perguntado sobre a antena pelos investigadores, o ex-presidente do grupo Otávio Azevedo Marques disse que a autorização para sua instalação não passou por ele. 


INQUÉRITOS
 

Além da investigação sobre a antena, existem mais quatro inquéritos sobre Lula na PF do Paraná. O petista já é réu em duas ações penais. A ideia da polícia é finalizar pelo menos três investigações até novembro. 


Um dos inquéritos é sobre as benfeitorias feitas pelas empreiteiras OAS e Odebrecht no sítio em Atibaia, que será finalizado na próxima semana, segundo a PF. 


Há também uma investigação sobre supostas palestras pagas e não realizadas pelo ex-presidente, que envolvem a LILS –empresa aberta pelo petista após deixar a presidência. Outro inquérito apura se o Instituto Lula cometeu "desvio de finalidade", ou seja, não se comportou como uma empresa sem fins lucrativos, o que lhe confere o direito de não pagar impostos. 


A última investigação é sobre a ocultação de uma cobertura em São Bernardo do Campo (SP) que está no nome de um primo do empresário José Carlos Bumlai, mas que é usada por Lula. 


OUTRO LADO
 

A assessoria de imprensa de Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a abertura de um inquérito sobre a instalação de uma antena da Oi próxima ao sítio frequentado pela família do ex-presidente em Atibaia (SP) "não tem nada a ver com a Petrobras" e está "completamente fora da área de atuação da Lava Jato". 


Disse ainda que tal fato mostra "que a operação infelizmente tem se desviado do seu objetivo de investigar corrupção na estatal para se tornar um processo de perseguição política feito para alimentar manchetes de jornais." 


A Oi afirmou que não tem conhecimento sobre o inquérito e, por isso, não irá se manifestar, mas que presta todos os esclarecimentos pedidos pelas autoridades. 

Já a Andrade Gutierrez disse que não é mais acionista da Oi e que na época da instalação da antena o assunto só foi tratado pela empresa de telefonia.



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