Pedro Ladeira/Folhapress | ||
A primeira-dama Marcela Temer participa do lançamento do programa Criança Feliz |
Nunca o atual governo sorriu tanto. Fotos e vídeos do discurso de estreia de Marcela Temer pululavam nas redes sociais.
Ao contrário das menções em geral mais negativas à gestão de Michel
Temer na internet, as que predominaram nesta quarta-feira (5) foram
referências positivas, até elogiosas. Tudo por causa da primeira-dama.
Durante o evento de lançamento do Criança Feliz programa voltado para a primeira infância, mas sem formato até agora muito claro– um assessor ficou surpreso.
"Quando ela apareceu, a plateia se entortou para vê-la. Quando acabou,
todos queriam chegar perto dela, não do presidente", disse, sob condição
de anonimato.
A descrição do auxiliar e o impacto que a estreia de Marcela provocou ao
longo do dia dão pistas do que veremos nos próximos dois anos.
Para quem tem calafrios com o primeiro-damismo –acha antiquado e até
machista–, um recado: a exploração da imagem da primeira-dama veio para
ficar.
Ministros estão convencidos de que a jovem Marcela, 33, traz frescor a
um governo sisudo, masculino e repleto de cabeças brancas.
Nas palavras de um estrategista, o Planalto não está interessado em dar à
mulher de Temer a aura de formuladora nem de gestora de programa
social, como tinha a intelectual Ruth Cardoso, mulher de FHC.
Assessores dizem que partiu de Marcela o desejo de ser embaixadora de um
programa como o Criança Feliz por ter identidade com os temas da
infância e da maternidade, mesmo não sendo uma especialista no assunto.
Quem é contra a função de primeira-dama, sobretudo quando é atrelada a
campanhas sociais menos estruturais, como a do agasalho, por exemplo,
diz que o posto reforça o estereótipo da mulher que cuida de casa, dos
filhos e da família.
Já para os defensores da ideia, a instituição joga luz e audiência sobre causas públicas importantes.
Na história, Marcela Temer parece ficar entre Dona Ruth e Dona Marisa
Letícia, mulher do ex-presidente Lula, que optou por não se envolver com
ações assistenciais.
Com ou sem polêmica, o fato é que a madrinha do Criança Feliz deu ao governo a ideia de que pode melhorar a sua própria imagem.
Dá para entender: com a impopularidade do governo Temer em alta, a presença da primeira-dama pode vir muito bem a calhar.
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