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Rodolfo Buhrer - 26.set.2016/Reuters
O ex-ministro Antonio Palocci, preso na segunda-feira (26) em nova fase da Lava Jato |
24/10/2016 15h30
Preso na Operação Lava Jato,
o ex-ministro Antonio Palocci Filho foi indiciado pela Polícia Federal,
nesta segunda-feira (24), sob suspeita de receber propina do grupo
Odebrecht a fim de defender os interesses da empresa.
"Antonio Palocci Filho, a partir do que foi possível apurar em esfera
policial, foi o verdadeiro gestor de pagamentos de propina realizados
pela Odebrecht", diz o despacho de indiciamento, assinado pelo delegado
Filipe Hille Pace.
O ex-ministro teria solicitado e coordenado o pagamento de R$ 128
milhões em propina pela Odebrecht, segundo apontam planilhas apreendidas
pela PF e intituladas "Posição Programa Especial Italiano".
O "Italiano", segundo concluiu a investigação, fazia referência a
Palocci, conforme indicam dezenas de e-mails e mensagens eletrônicas de
Marcelo Odebrecht e outros executivos da empresa.
Pace refuta a argumentação
da defesa do ex-ministro, que afirmou que "Itália", de acordo com uma
mensagem de Marcelo Odebrecht, seria uma mulher. A mensagem a que os
advogados faziam referência trata de uma reunião com a ex-presidente
Dilma Rousseff, identificada por um pronome feminino –daí a confusão.
Segundo a PF, Palocci recebeu propina "em razão de sua interferência
direta em diversos projetos e áreas controladas pelo governo federal e
que visavam beneficiar indevidamente a Odebrecht" –como na aprovação de
crédito e parcelamento de tributos para empreiteiras e na interferência
numa licitação da Petrobras em prol da Odebrecht.
Além de Palocci, também foram indiciados, sob suspeita de corrupção,
seus ex-assessores Branislav Kontic e Juscelino Dourado, o empresário
Marcelo Odebrecht e, sob suspeita de lavagem de dinheiro, o casal de
publicitários João Santana e Mônica Moura (que teriam recebido parte dos
pagamentos solicitados por Palocci).
O indiciamento é um dos passos da investigação penal, e mostra que há
indícios de que determinada pessoa cometeu um crime, segundo a
investigação policial. O relatório será encaminhado ao Ministério
Público Federal, que decide, então, se há elementos suficientes para
denunciar os indiciados.
Palocci nega as acusações e afirmou que jamais agiu em favor dos
interesses da Odebrecht na Petrobras, Congresso ou no governo federal.
Em entrevista à imprensa quando da prisão do ex-ministro, o advogado
José Roberto Batochio não negou que Palocci tivesse um bom
relacionamento com Marcelo Odebrecht -mas afirmou que isso fazia parte
de seu trabalho na Fazenda.
"[Tinha bom relacionamento] com ele e com a torcida do Corinthians. Ele falava com todo o empresariado", declarou o advogado.
Para o defensor de Palocci, é dever do titular do ministério manter uma
boa interlocução com o setor empresarial. "Daqui a pouco, vai ser
proibido a um ministro atender pessoas. Precisamos parar com esse clima
de caça às bruxas."
Para a defesa de Palocci, a investigação contra o ex-ministro se baseia
em "suposições" e "ilações sem qualquer contato com a realidade".
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